Depois do fracasso da manobra “top kill”, a administração Obama admite que o poço deverá continuar a libertar petróleo até Agosto, quando os dois poços de apoio já em construção estiverem concluídos.
Várias técnicas e 766 milhões de euros depois, a BP vai agora tentar serrar e extrair o tubo do poço petrolífero com a fuga e substituí-lo por uma tampa. A nova táctica, que dá pelo nome de “pacote de tamponamento submarino” (LMRP), deverá começar a ser posta em prática hoje ou amanhã. No entanto, este novo método não oferece uma solução imediata para estancar a fuga e pode mesmo aumentar até 20 por cento a quantidade de combustível libertado para o Golfo do México, reconheceram ontem responsáveis da BP e da administração Obama. Tudo porque a operação inclui remover uma secção do tubo onde está montado um dispositivo mecânico que limita o fluxo.
“Vamos passar agora para uma situação em que eles [BP] vão tentar controlar o petróleo que está a ser libertado, transportá-lo para um navio e levá-lo para terra”, informou Carol Browner, conselheira da Energia para a Casa Branca, no programa televisivo da NBC “Meet the Press”. “Obviamente que este não é o cenário que preferíamos”, desabafou, 42 dias depois do acidente na plataforma Deepwater Horizon.
Browner, na CBS, disse ainda que “o povo americano precisa de saber que é possível que tenhamos petróleo a ser libertado deste poço até Agosto, quando os poços de apoio estiverem concluídos”. Estes começaram a ser construídos no início deste mês mas os trabalhos podem ser atrasados com o início da época das tempestades que começa amanhã.
A responsável explicou ainda que o secretário da Energia, Steven Chu, e uma equipa de cientistas aconselhou o fim da operação “top kill” por recear um aumento da pressão causado pela injecção de lamas pesadas e detritos. Esta manobra, que durou três dias, poderia causar o colapso dos tubos de extracção petrolífera e deixar uma cratera aberta.
Luta contra a maré negra na Luisiana pode demorar meses
O director-executivo da BP informou que a companhia petrolífera está a concentrar a sua resposta à maré negra na costa da Luisiana, num trabalho que deverá durar meses.
Ontem, cerca de 200 pessoas manifestaram-se em Nova Orleães para mostrar o seu descontentamento em relação aos esforços de limpeza da BP. Segundo o “Los Angeles Times”, os manifestantes pediram a saída da BP e de outras companhias petrolíferas da região e mais esforços para resgatar tartarugas, golfinhos, aves e outras espécies de vida selvagem.
Patrick Brower, 32 anos, receia o início da nova época de tempestades tropicais, que começa a 1 de Junho. “Poderemos vir a ter petróleo na cidade”, alertou. “É como um pesadelo do qual não conseguimos acordar”, comentou Danielle Brutsche, 37 anos
BP reconhece falhanço da manobra “top kill” para estancar derrame no golfo do México
A nova tentativa da BP de parar o maciço derrame petrolífero de uma das suas plataformas no golfo do México falhou, desfazendo as esperanças numa solução expedita para o maior desastre do género nos Estados Unidos.
Já com crude espalhado ao longo de mais de 110 quilómetros na direcção da costa do Louisiana, e 40 dias passados desde a explosão e afundamento da plataforma (em que morreram 11 pessoas), a BP põe agora expectativas em novas estratégias para parar o derrame, tendo gasto nas tácticas anteriores já cerca de 940 milhões de dólares.
O falhanço da manobra “top kill” – em marcha desde quarta-feira e que consistiu em injectar lama e desperdícios na ruptura aberta no poço – foi assumido ao fim de 72 horas de observação dos resultados. “Não fomos capazes de parar o derrame”, concedeu o chefe de operações da empresa, Doug Suttles, em conferência de imprensa ontem à noite.
“Isto assusta toda a gente, o facto de não conseguirmos estancar o fluxo de crude que sai do poço, o facto de ainda não termos tido êxito”, afirmou. Por três vezes a BP tentou tamponar a ruptura, tendo injectado mais de 30 mil barris de lama no poço, a uma média de 80 barris por minuto, mas sem qualquer sucesso.
O Presidente norte-americano, Barack Obama, que enfrenta cada vez mais fortes críticas pelo que é visto como “uma resposta lenta” da Administração ao desastre, avaliou ontem à noite que o continuado fluxo de crude “enfurece tanto quanto parte o coração”.
“Continuaremos a lançar mão de todos e quaisquer meios responsáveis para parar este derrame até que estejam prontos os dois poços de apoio que estão agora a ser construídos”, afirmou em comunicado divulgado após ter sido anunciado o falhanço da manobra “top kill”. Obama fez questão de sublinhar que demorarão meses até àqueles poços estarem operacionais – e para os quais serão “desviadas” as golfadas de crude do poço que explodiu.
Sem garantias
O próximo passo de solução mais rápida, agora que o “top kill” foi oficialmente abandonado, consiste num sistema que dá pelo nome de “pacote de tamponamento submarino” (LMRP) e envolve o uso de um robot subaquático para serrar e extrair o tubo com fuga e substitui-lo por uma tampa. Todo o material necessário para esta operação já se encontra no local e deverá entrar em marcha muito em breve, prevendo-se que a manobra demore quatro dias a ser executada.
A BP foi desde já avisando que não há garantias de que este novo método seja bem-sucedido, uma vez que tal operação jamais foi tentada à profundidade de cinco mil pés, que é onde se encontra a fuga do poço – o qual continua a “vomitar” crude a cerca de 12 mil barris por dia para as águas do golfo do México.
Antes, a empresa tentara colocar uma “cobertura” de umas 125 toneladas de peso sobre o derrame, a qual acabou bloqueada por cristais de gelo. A estratégia seguinte, de instalar um longo tubo para “aspirar” parte do crude derramado também não produziu resultados de monta. Só mesmo as explosões e queimas controladas de crude, assim como o uso de dispersantes – feitas logo nos primeiros dias, mas com consequências profundamente negativas sobre o ambiente e a vida marinha local –, permitiram durante algum tempo dar uma resposta muito parcial ao volume de crude derramado.
Fonte: Publico.pt
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