segunda-feira, 24 de maio de 2010

Angola: Associação quer estudo do ambiente nas escolas


A criação e implementação de programas sobre educação ambiental nos currículos escolares, para cultivar nos alunos noções sobre a importância da preservação e conservação do meio em que vivemos, foi defendida esta semana, em Ondjiva, pelo coordenador da Juventude Ecológica Angolana, JEA, na província do Cunene, Amilton Ilídio. Só sabendo da importância da preservação e conservação do meio ambiente, a população vai abster-se de práticas como o abate indiscriminado de árvores, queimadas, deitar lixo em lugares impróprios, entre outros males nocivos à vida dos seres vivos, justificou o ecologista.
É com o conhecimento da importância do meio que as pessoas ganham o hábito de plantar árvores, porque elas purificam o ar, dão sombra e travam os ventos.
O coordenador da JEA no Cunene salientou que a sua organização tem realizado vários projectos, a nível da província, ligados à preservação do meio ambiente, na sua maioria virados para a plantação de árvores em diversas localidades. O objectivo é colmatar a falta de árvores que contribuam para a boa imagem das cidades, assim como combater a desflorestação que se regista na província.
Mais de cinco mil árvores, de diversas espécies, foram plantadas nos últimos quatro anos pela JEA em toda a extensão do Cunene. Para sustentar o projecto, foi criado um viveiro em Mupunda, nos arredores de Ondjiva, que abastece todas as áreas identificadas. As plantas têm sido distribuídas às administrações municipais e comunais, a escolas, empresas e a pessoas singulares que pretendam plantar árvores nos seus quintais.
Amilton Ilídio afirmou que tem havido uma campanha de luta contra aquelas pessoas que persistem na desflorestação de áreas verdes, cortando árvores para o fabrico de lenha e de carvão. “Muitas dessas pessoas não têm a mínima ideia da importância do meio ambiente, por isso nós surgimos para as sensibilizar”.
Na sua opinião, todos os indivíduos têm a responsabilidade de preservar o meio ambiente e devem impulsionar a sensibilização de todas as comunidades a tomarem consciência sobre os males causados pela actividade humana à natureza.
A JEA no Cunene desenvolve outras actividades relacionadas com a educação sobre o meio ambiente, como a realização de palestras a nível das escolas em todos os municípios da província. Além disso, prossegue o coordenador da organização, têm sido promovidas acções de educação da juventude sobre o meio, com a distribuição de cartazes informativos acerca de como conservar o meio e utilizar os recursos disponíveis.
Os projectos da organização têm por único objectivo aumentar a consciência ecológica da população sobre a importância do envolvimento de todas as comunidades na protecção e preservação do meio ambiente.

Cidadãos clamam por espaços verdes

O estudante Bernardo Manuel Francisco, do Instituto Médio Politécnico de Ondjiva, considerou necessária a plantação de mais árvores a nível das cidades da província para o bem do meio ambiente. “A plantação de árvores e a criação de zonas verdes nas vias públicas das nossas cidades é muito importante para o nosso bem-estar e o das futuras gerações, visto que é preciso deixar para aqueles que ainda não nasceram um mundo onde se possa viver em paz e com saúde”, disse.
Defendeu também acções de sensibilização ambiental junto das comunidades para que estas ganhem consciência ambiental. “As pessoas, tanto crianças como adultos, devem saber o quão importante é a plantação de árvores e os seus benefícios para a vida humana”, disse o estudante.
O jovem sublinhou ainda que tem notado, a nível da província, pouco interesse no desenvolvimento de projectos ligados à preservação ambiental por parte das pessoas e até das autoridades da região, por falta de conhecimento sobre a importância do mesmo. “Só assim se compreende a não interdição de circulação, pelos responsáveis, de carros poluentes e oficinas a céu aberto”, indicou.
O estudante universitário Jeremias Van-Dúnem Ndilange considerou, por seu turno, que a falta de associações ligadas a projectos ambientais está na base da não preservação do ambiente no Cunene. Este jovem acredita que quantas mais pessoas defenderem a protecção do ambiente, também as actuais práticas contra a natureza, como a desflorestação através de queimadas, terão os dias contados.
“A falta de conhecimentos sobre a preservação do meio e a sua importância para a nossa existência é um dos factores que contribui para a degradação do meio ambiente”, disse, apelando ao representante do Ministério do Ambiente no Cunene a que incentive acções de sensibilização para que as pessoas cuidem do meio e se crie nelas o hábito das boas práticas ambientais.
Outro aspecto apontado pelo estudante como uma solução, para travar actos como o abate de árvores para lenha ou fabrico do carvão, consiste em as instituições de direito estimularem a proliferação do uso do gás butano entre as populações. “Se isso não acontecer, as pessoas, como precisam de cozinhar todos os dias, vão continuar a cortar árvores e a fazer carvão”, rematou.

É preciso mais fiscalização

O presidente da Associação dos Estudantes do Instituto Médio Politécnico de Ondjiva (IMPO), Hélder Domingos Muatanguepunye, disse que a sua organização tem realizado várias campanhas de limpeza a nível da cidade e também de sensibilização dos estudantes para preservação do ambiente e plantado árvores na instituição.
Disse ainda que tem de haver mais fiscalização do meio por parte dos responsáveis provinciais, visto haver muita gente a devastar as matas sem necessidade e sob o olhar impávido e sereno das autoridades.

Repovoamento florestal

O Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF) na província do Cunene está apostado na implementação de um projecto para a criação de polígonos florestais em todos os municípios, com vista a combater a desertificação que ganha espaço na região.
Segundo7 o director do IDF na província, Alcino Abel Zamba, a sua instituição está a concluir a construção de um viveiro de grande dimensão em Xangongo, no município de Ombadja, próximo das margens do rio Cunene, composto por quatro naves. Cada uma delas vai produzir cerca de 20 mil plantas de variedades diferentes. O objectivo, adiantou o responsável do IDF, é distribui-las às administrações municipais e estas, com base nos seus programas ambientais e com a ajuda dos técnicos da instituição, determinarem as zonas para a criação de polígonos florestais.
Afirmou que as administrações municipais, na qualidade de unidades orçamentais, possuem nos seus orçamentos uma rubrica ambiental, por isso, terão de fazer a aquisição dessas plantas no viveiro e solicitarem aos técnicos do IDF que lhes sejam indicadas as áreas para a implementação de projectos de repovoamento florestal.
“É obrigatório todos os municípios terem o seu polígono florestal, e isso também é uma forma de se criarem zonas verdes e de lazer. O IDF vai apoiar tecnicamente e as administrações terão de assumir financeiramente essa componente”, disse Alcino Zamba, lembrando que a província do Cunene é uma área semi-árida, onde os municípios de Namacunde e de Ombandja são apontados como os que têm maior tendência para se transformarem em zonas desérticas, se nada for feito para travar o fenómeno.
Admitiu que os polígonos florestais têm grande utilidade, na medida em que servem de cortina para travar os fortes ventos que se fazem sentir na região, oferecendo ainda sombra e espaços de lazer.
Alcino Zamba assegurou que a formação dos viveiros está na sua fase final e nesta altura está a ser concluída a colocação de micro-espersores para o sistema de rega, ao mesmo tempo que se aguarda por uma motobomba de alta potência proveniente de Luanda.
O projecto está a ser desenvolvido num terreno que corresponde a 10 hectares, e no próximo semestre estará em condições de produzir os efeitos desejados.

Fonte: Jornal de Angola

0 comentários:

Enviar um comentário