A cada dia que passa aumenta a ansiedade na costa do Golfo, perante a chegada da maré negra. Há pessoas que dizem ver e cheirar o petróleo onde ele ainda não existe. Até agora, à excepção de pequenas ilhas barreira, a poluição ainda não chegou a terra.
No espaço de duas semanas, a região tornou-se num local fortificado. Ergueram-se barreiras flutuantes, escavadoras criaram muros de areia e membros do Exército entraram no mar e, com água pela cintura, instalaram vedações na esperança de evitar a chegada da poluição.
Dennis Clark, morador da ilha Dauphin, Alabama, acompanha os trabalhos. “Estou impressionado porque não há muita conversa sobre o que vamos fazer, o que esperamos fazer ou o que poderemos vir a fazer. A verdade é que nós já estamos a fazer”, disse ao Washington Post.
“A situação está a agravar-se”, contou à televisão WWLTV, filial da CBS para Nova Orleães, Frank Besson, dono de uma empresa de transporte marítimo. “Há pessoas a cancelar as viagens, pensando que temos petróleo nas praias, quando ainda não chegou à foz do Mississípi”.
Também há pescadores revoltados por não puderem sair para o mar, pelo menos durante dez dias. Alguns dizem que vão continuar a pescar até que alguém os prenda.
Stephanie Owensby trabalha num bar na praia de Perdido Key, ilha barreira entre Pensacola e Alabama. “É muito triste porque cresci aqui, vendo as areias brancas. Agora, quando venho à praia vejo muitas pessoas a olhar para o mar e a chorar”, contou à televisão.
Cúpula de 98 toneladas é a maior esperança
Pela primeira vez em 16 dias, a BP conseguiu estancar uma das três fugas na origem da maré negra. A 1500 metros de profundidade, robôs operados remotamente cortaram a parte final do tubo que ligava o poço à plataforma e taparam-no com uma válvula.
A má notícia é que esta era a mais pequena das fugas e não influencia a quantidade de petróleo libertado, à razão de 800 mil litros diários. “O derrame vai continuar ao mesmo nível", disse Brandon Blackwell, da Guarda Costeira. Mas "trabalhar com duas fugas será ligeiramente mais fácil".
A atenção da BP concentra-se agora na colocação de uma cúpula com 98 toneladas em cima da fuga maior. A estrutura vai permitir recuperar o petróleo e orientá-lo para o navio “Entreprise”. A BP contava instalar ontem a cúpula numa embarcação para a levar até ao local onde estava a plataforma petrolífera. Mas também aqui há más notícias. Esta técnica – considerada a maior esperança no combate à maré negra - nunca foi tentada a tão grande profundidade, devido à elevada pressão da água. “Não sabemos ao certo se vai funcionar”, confessou o porta-voz da BP, Bill Salvin, ao New York Times. “O que sabemos é que esta é a nossa melhor hipótese de conter o petróleo e isso é muito importante para nós”.
Anteontem numa reunião à porta-fechada, a BP admitiu a membros do Congresso americano que o poço petrolífero poderá libertar até 60 mil barris por dia, dez vezes mais do que hoje.
Fonte: Publico.pt
quarta-feira, 5 de maio de 2010
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