quarta-feira, 5 de maio de 2010

Depois de 15 dias de esforços, maré negra continua a aproximar-se da costa


O alarme soou a 20 de Abril, com uma explosão na plataforma petrolífera Deepwater Horizon, no Golfo do México. Quinze dias depois, a maré negra continua a aproximar-se da costa de quatro estados norte-americanos: Luisiana, Mississípi, Alabama e Florida.

Há quatro dias que os pescadores de espadarte e atum não saem para o mar, devido a uma proibição que se deverá manter, pelo menos, por dez dias. Kimberly Chauvin e o marido pescam ao longo da costa do Luisiana há 20 anos mas dizem que nunca viram nada assim. “É assustador saber que não temos controlo e que a nossa sobrevivência está nas mãos de outras pessoas”, desabafou Chauvin à ABC News. “Tudo o que podemos fazer é rezar e tentar ir para o mar e limpar aquilo”.

A BP tem estabelecido protocolos com os pescadores para que, mediante um pagamento, ajudem com os seus barcos na luta contra a maré negra. São muitos os que já aceitaram fazê-lo, desesperados por meios alternativos de subsistência. “Vamos descarregar o nosso barco do peixe que capturámos e carregá-lo com equipamento da BP e fazer o nosso trabalho”, contou Chavin. A maioria do petróleo ainda não chegou à costa. Mas será uma questão de tempo.

Sonny Middleton, morador de Dog River, no Alabama, não confia na BP nem no Governo federal para o proteger. “São 38 famílias que aqui vivem. Temos casas, restaurantes, marinas e portos. Ontem de manhã reunimo-nos todos e decidimos deitar mãos à obra”, contou à CNN. “Já tivemos incêndios, furacões e tornados e nunca fizemos isto. E porquê agora? Porque esta é a nossa sobrevivência”. Aquela pequena comunidade está já a instalar dezenas de metros de barreiras flutuantes. “Se o petróleo chegar à costa... já não vou conseguir vê-la de novo limpa no tempo que me resta de vida”, disse Middleton à televisão.

BP começou a perfurar outros poços para tentar conter fuga de petróleo no Golfo do México

A companhia petrolífera britânica BP, que explorava a plataforma Deepwater Horizon, anunciou hoje que já começou a perfurar outros poços para tentar recuperar o petróleo que está a ser libertado para o Golfo do México.

A perfuração de outros poços, a meia milha do poço responsável pela maré negra, começou a 2 de Maio, precisou a BP. “Esta é uma outra fase no nosso trabalho para conter, de forma permanente, a fuga de petróleo”, explicou o director-geral Tony Hayward, em comunicado. Esta operação deverá demorar três meses.

Além disso, a companhia revelou que foram conseguidos “progressos rápidos” na construção da cúpula de confinamento, estrutura com 70 toneladas que será colocada em cima da fuga, no fundo do mar. Esta será a primeira de três cúpulas que serão instaladas sobre as fugas, para permitir recuperar o petróleo e bombeá-lo para o navio “Enterprise”, à superfície.

Se as condições meteorológicas o permitirem, a primeira cúpula deverá começar a ser instalada “em pouco mais de uma semana”, estima a BP.

No combate à maré negra, a companhia realizou uma segunda injecção de produtos dispersantes a fim de reduzir o impacto ambiental do petróleo que está a ser libertado. Esta nova técnica consiste em injectar dispersante no petróleo assim que entra em contacto com a água, mesmo antes de chegar à superfície.

A BP estima que o custo dos trabalhos para conter esta mancha negra chegue a mais de seis milhões de dólares por dia. “O custo aumenta à medida que os esforços se intensificam. Ainda é muito cedo para definir o custo total do acidente”, salientou o grupo em comunicado.

Ontem, a companhia anunciou que vai desbloquear 25 milhões de dólares para os estados norte-americanos afectados pela poluição.

A maré negra, que se estende por mais de 200 quilómetros de comprimento e 110 quilómetros de largura, ameaça os estados do Alabama, Luisiana, Mississípi e Florida. Durante três dias, ventos fortes e um mar alteroso dificultaram o trabalho das equipas que tentaram conter o avanço da maré negra. Actualmente, 200 navios estão no mar, dezenas de quilómetros de barreiras flutuantes foram colocados à superfície das águas e quatro milhões de litros de água e petróleo já foram recuperados, precisa a BP.

As autoridades esperam abrir uma segunda base aérea para fazer descolar aviões encarregados de distribuir produtos químicos dispersantes sobre a mancha negra.

Califórnia retira apoio a nova plataforma petrolífera depois de maré negra

Depois da maré negra, o governador da Califórnia anunciou ontem que vai retirar o seu apoio à construção de uma nova plataforma petrolífera. As dúvidas sobre a segurança destas estruturas levaram os EUA a criar uma comissão específica.

Ao que parece, Arnold Schwarzenegger já não está tão certo quanto às condições de segurança das plataformas de extracção de petróleo ao largo da costa. Segundo a BBC, no ano passado, o governador republicano defendeu a expansão da exploração petrolífera ao largo da costa da Califórnia a fim de ganhar receitas e ajudar a tapar o défice orçamental do estado.

Mas, depois de ver as imagens da catástrofe que começou a 20 de Abril na plataforma explorada pela BP, o governador perguntou a si próprio: “por que razão queremos nós correr esse tipo de risco?”.

“Vejo na televisão aves cobertas de petróleo, os pescadores parados, a mancha negra a destruir o nosso precioso ecossistema. Isso não vai acontecer aqui na Califórnia e é por isso que retiro o meu apoio ao projecto T-Ridge”, disse o governador em conferência de imprensa, citado pelo jornal “San Francisco Chronicle”.

A 20 de Abril, a plataforma Deepwater Horizon explodiu no Golfo do México. Dois dias depois afundou-se, originando uma maré negra que se dirige para a costa do Luisiana.

EUA criam comissão sobre segurança nas plataformas petrolíferas

O acidente ocorrido na plataforma da BP já levou as autoridades norte-americanas a criar uma comissão responsável por avaliar a segurança das operações a bordo das plataformas petrolíferas e para reforçar o controlo que é feito aos equipamentos.

"Devemos tomar medidas energéticas para avaliar a segurança dos outros locais de extracção de petróleo e de gás, reforçar a nossa monitorização das práticas do sector e examinar atentamente todas as questões que se levantaram por causa deste desastre", disse o secretário do Interior, Ken Salazar, ao anunciar ontem a criação da comissão, designada "Outer Continental Shelf Safety Board".

A primeira missão desta nova comissão será acompanhar as investigações sobre o acidente na plataforma que estão a ser realizadas pelas Guardas Costeiras e outras agências governamentais.

BP garante que vai pagar todos os custos da maré negra

A BP, empresa que explorava a plataforma Deepwater Horizon – que se afundou no Golfo do México a 22 de Abril -, garantiu hoje que vai pagar todos os custos da maré negra, incluindo a limpeza e as indemnizações aos lesados.

“A BP assume a responsabilidade em responder ao derrame de petróleo da Deepwater Horizon. Vamos limpá-lo”, garantiu a companhia britânica em comunicado, depois de o Presidente Barack Obama ter apontado o dedo ao grupo.

A empresa vai pagar “todos os custos de limpeza necessários e apropriados”, assim como todos os pedidos “legítimos e objectivos” de indemnização por perdas ou danos causados pela maré negra.

Enquanto isso, a BP diz estar a fazer “absolutamente tudo” o que pode para “eliminar a fuga na fonte e conter o impacto ambiental da maré negra”.

Hoje, a companhia espera conseguir instalar uma válvula que permita fechar uma das três fugas, a fim de conseguir estancar algum combustível. Mas a maior das fugas não poderá ser estancada desta forma, afirma a BP ao "New York Times". Para resolver essa fuga, a companhia pretende colocar, dentro de seis ou oito dias, uma cúpula a fim de confinar o petróleo que é libertado e para depois o bombear para os navios à superfície. A terceira fuga deverá também receber uma outra cúpula, dois ou quatro dias depois da colocação da primeira.

Actualmente, mais de 2500 pessoas estão envolvidas nos esforços de limpeza, incluindo elementos da BP, agências federais, estatais e locais, organizações e empresas.

A agência de meteorologia norte-americana NOAA informou que a mancha negra se está a dirigir para as costas do Alabama e Florida, incluindo as ilhas Chandeleur, ao largo da ponta mais a Sul do Luisiana.

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