Nas palavras de Humberto Rosa, a perda de biodiversidade – “a matéria mais complexa do universo”, depois de milhões de anos de evolução – é irreversível e as taxas de extinção de espécies estão acima do ritmo que seria natural. “Devíamos perguntar por que não é este um assunto liderante na política internacional”, desafiou esta manhã em Lisboa.
O responsável acredita que ainda há “pouca consciência do valor instrumental da biodiversidade”, apesar de já existirem projectos de conservação que também se traduzem em benefícios económicos.
Como o projecto Life Priôlo, para proteger esta espécie de ave endémica da ilha de São Miguel, Açores, e seu habitat. Segundo Luís Costa, director-executivo da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea), organização responsável pelo projecto, com um investimento de 2,6 milhões de euros em cinco anos (2003 a 2008), os serviços proporcionados pelo ecossistema na zona intervencionada podem render sete milhões de euros por ano. “Do dinheiro investido, cerca de dois milhões de euros foram despendidos na região”, salientou durante o seminário “Biodiversidade, um investimento com futuro”. No âmbito do projecto foram limpos 230 hectares de espécies exóticas invasoras, foram plantadas 60 mil plantas autóctones e criaram-se uma média de 20 postos de trabalho anuais.
Alfredo Sendim, gestor da Herdade do Freixo do Meio, em Montemor-o-Novo, acredita que é possível ter sustentabilidade económica e, ao mesmo tempo, optar por actividades que utilizam os recursos naturais de forma eficiente. “É possível termos sustentabilidade económica e criar riqueza” com modelos de gestão que integrem as questões da biodiversidade, disse este responsável.
Domingos Leitão, da Spea, lembrou que “a qualidade de uma região também se mede pela sua qualidade ambiental”.
No entanto, o número de projectos de conservação portugueses aprovados para financiamento do programa europeu Life+ “ficam aquém da dotação indicativa”, alertou João Salgado, da equipa de acompanhamento deste instrumento em Portugal e Espanha. “A principal causa para este facto é o reduzido número de propostas apresentadas e em muitos casos a menor qualidade das mesmas”. No ano passado só foi aprovado um projecto. A dotação para Portugal este ano é de 6,8 milhões de euros e a data limite para o envio de propostas às autoridades dos Estados membros é 1 de Setembro.
Ainda assim, desde 1992 já foram aprovados 57 projectos Life Natureza em Portugal, com um total de 38,9 milhões de euros. A maioria foi aplicada no Alentejo e Madeira e em projectos de conservação de habitats e aves.
Fonte: Publico.pt
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