sábado, 15 de maio de 2010

LAGOS: Parque Eólico de Barão de São João monitoriza águias por satélite

São 25 aerogeradores, ao longo das cumeadas de Barão de São João, Lagos, que vão produzir o equivalente ao consumo energético de 200 mil casas. Parque eólico causou polémica, e agora aplica medidas ambientais únicas em Portugal.

Quando o ministro da Economia Vieira da Silva inaugurar oficialmente, amanhã, dia 16, às 11h00, o Parque Eólico de Barão de São João (Lagos), o maior do Algarve, mas que não ultrapassa o que está implantado em Almodovar (Alentejo), conclui-se um processo que em 2003 levou o então Secretário de Estado Ambiente a emitir parecer desfavorável para a sua construção, e o Tribunal da Relação, em 2005, a dar razão aos promotores, baseado no interesse público do projecto mas, sobretudo, em erros processuais do parecer negativo do Instituto da Conservação da Natureza (ICN).

Em causa, estava a grande sensibilidade ambiental da área, englobada na Rede Natura 2000, designadamente a rota outonal das aves planadoras, e duas espécies de aves prioritárias a águia de Bonelli, e o Falcão- da-rainha.

Um dos impactos negativos referenciados relativamente às aves migradoras é o “efeito barreira”, provocado pela grande quantidade de pás dos rotores das aerogeradores, que giram nas alturas utilizadas nos voos migratórios e que poderão causar o seu afastamento, para outras rotas menos favoráveis.

Quanto às espécies residentes, o maior risco é a mortalidade por colisão que poderá ser significativa. A salvo estarão anfíbios e mamíferos, espécies para os quais a implantação da eólica não apresenta riscos significativos.

Recorde-se a propósito que o PROTAL Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve classifica o local como Zona de Atractivo Paisagístico. A zona é ainda abrangida pelo Domínio Público Hídrico, Reserva Ecológica Nacional e o Perímetro Florestal da Mata Nacional de Barão de São João.

Neste aspecto, os promotores equacionaram a minimização dos impactos negativos relativamente à paisagem, com a reflorestação utilizando a espécie Quercus (pinheiros).

Depois de diversas alterações, foi elaborado e aprovado o RECAPE- Relatório de Conformidade Ambiental do Projecto de Execução do complexo eólico, que implica os 25 aerogeradores e cerca de 27 km de linha eléctrica de ligação à rede, e se estende pelos concelhos de Lagos (ao longo das cumeadas de Barão de São João e da Charrascosa) e Portimão com uma potência instalada de 50 MW, prevendo-se uma produção anual estimada de aproximadamente 153 GWh/ano, aproximadamente o consumo energético de 200 mil habitações.

A empresa Parque Eólico do Barlavento, Lda, promotora oficial do projecto, e que integra a E.ON Climate & Renewables Iberia, braço da multinacional alemã E.ON, vai agora realizar durante a inauguração, "uma demonstração do sistema inovador de detecção e monitorização de aves que salvaguardam a biodiversidade da envolvente do Parque Eólico”.

“Medidas de minimização únicas em Portugal”

Desenvolvido pela empresa STRIX, o projecto de monitorização do Parque Eólico de Barão de São João, já a funcionar desde 2008,no ambito do projecto de construção, aplica “medidas de minimização únicas em Portugal”.

No que concerne às aves planadoras migradoras, inclui a utilização do seguimento com radares e a paragem pontual de aerogeradores sempre que exista risco de colisão, durante a migração outonal, nas suas deslocações para África.

Já o Plano Especial de Monitorização da Águia de Bonelli envolve a captura e seguimento de indivíduos da espécie, por via de emissores-satélite GPS. A ideia é compreender melhor o comportamento e hábitos desta espécie.


Para tal, foram acoplados emissores-satélite em oito indivíduos no sudoeste de Portugal, admitindo-se que os dados recolhidos permitam caracterizar a utilização do espaço por parte destas rapinas possibilitando a definição de planos de compatibilização da conservação da espécie com a presença de parques eólicos e linhas eléctricas, refere a empresa responsável no seu site.

A STRIX utiliza programação desenvolvida pela empresa, recorrendo a redes neuro-difusas Boleanas e outras ferramentas inovadoras e a Sistemas de Informação Geográfica (SIG), para gerar “rotinas que permitem identificar áreas vitais, preferências paisagistícas, comportamento em voo, padrões tempo-espaciais de actividade” da avifauna em estudo.

Finalmente, o Plano de Monitorização de Morcegos garante o acompanhamento da utilização da área por quirópteros, bem como os impactos sobre este grupo em termos de mortalidade.

A execução dos Planos Gerais de Monitorização do parque eólico e da linha eléctrica garantem ainda o estudo dos efeitos dessas estruturas sobre outras espécies da fauna,assegura a empresa.

Fonte: http://www.observatoriodoalgarve.com/

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