O acolhimento difícil de uma lontra é o caso "mais frustrante" entre os 2660 animais recolhidos, em 2009, no centro de recuperação do Parque Biológico de Gaia, pois o animal vive há meses numa casa de banho.
A lontra macho chegou em agosto de 2009 ao Parque Biológico de Gaia pelas mãos de um vigilante da Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto, em Aveiro, ainda bebé.
A responsável pelo centro de recuperação de animais selvagens, Vanessa Soeiro, contou à Lusa que a lontra está "em perfeitas condições para ser libertada", mas que o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) ainda não arranjou um espaço.
Quando ali chegou, o centro de recuperação estabeleceu a idade do animal em dois meses e meio e alimentou-a a biberão até voluntariamente começar a comer sólidos.
Vanessa Soeiro adiantou que, cerca de um mês depois de feito o desmame, o centro pediu ao ICNB que desse instrução quanto ao destino a dar ao animal, mas até hoje ele continua a viver numa casa de banho.
Depois de meses em cativeiro, agora é impossível devolver a lontra à sua vida selvagem e o seu destino permanece indefinido.
"A última resposta que recebemos do ICNB referia que realmente era já irrecuperável a sua restituição à natureza e que estavam a ser desenvolvidos esforços para lhe encontrar um local", disse a veterinária.
Para a responsável, este é, sem dúvida, o caso "mais frustrante" entre todos os que chegaram ao centro em 2009.
"Inesperados são todos (os casos de animais ali acolhidos), mas este foi e é o mais frustrante, porque a lontra macho está em perfeitas condições e encontra-se aqui a viver, numa casa de banho", sustentou.
O Parque Biológico de Gaia conta com quatro lontras em cativeiro, mas juntar esta às outras é, para a veterinária, "inviável, porque perturbaria os casais já feitos e estariam todos sujeitos a agressões".
Relativamente aos outros animais acolhidos, a responsável lamenta que muitos deles, em especial as tartarugas, cheguem muito doentes, com carências alimentares graves.
"Vende-se o kit completo, o aquário com a palmeirinha e a tartaruga, com a caixinha com os camarões, mas a maior parte não sobrevive seis meses", alertou a veterinária.
Dos animais ali entrados ao longo de quase três décadas, o caso que mais surpreendeu a veterinária foi o de um macaco, que assim que entrou numa esquadra de polícia de Gaia afastou os agentes do local, que se puseram em fuga.
Uma cobra pitão, encontrada num incêndio, em Gaia, está também na memória da veterinária.
Fonte: LUSA
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