Funcionário detectou problemas no equipamento de segurança da Deepwater Horizon semanas antes da explosão mas acreditou que segunda peça substituiria material defeituoso.
A BP foi alertada para a existência de problemas técnicos no equipamento da plataforma Deepwater Horizon, semanas antes da explosão de 20 de Abril, responsável pelo maior derrame de crude da história dos EUA.
Numa entrevista à BBC, Tyrone Benton, o funcionário que identificou a falha no equipamento de segurança cuja função é precisamente evitar explosões, disse que a BP ignorou os avisos e não reparou o material defeituoso, confiando que outra peça que serve o mesmo fim pudesse substituí-lo.
Benton garantiu que tanto a BP como a Transocean, responsável pela operação e manutenção da plataforma, foram avisadas. "É totalmente inaceitável. Qualquer prova de que esse tipo de equipamento não está a funcionar devidamente devia levar à suspensão imediata da operação", comentou o professor Tad Patzek, especialista em exploração petrolífera da Universidade do Texas.
Benton não sabia dizer se o material defeituoso teria voltado a ser accionado depois do alerta. A reparação daquela peça obrigaria a uma paragem na actividade e a exploração do poço servido pela Deepwater Horizon, custava à BP 500 mil dólares por dia.
No depoimento perante o Congresso, o director executivo da BP, Tony Hayward, disse não existir nenhuma prova de que os custos da operação se tenham sobreposto às preocupações com a segurança. Mas os legisladores tinham extensa documentação que apontava para outros problemas técnicos no equipamento, nomeadamente em termos da sua concepção.
Entretanto, a petrolífera revelou que as operações de limpeza do derrame no golfo do México estão a decorrer com dois sistemas distintos: através de uma "cúpula de confinamento" no tubo do poço, que permite recolher uma parte do crude para cargueiros, e usando um novo esquema de contenção e queima do derrame. No domingo, a BP terá conseguido recolher e queimar 23.290 barris de petróleo. Ao mesmo tempo, a petrolífera admitiu que só tem capacidade para recolher um máximo de 28 mil barris por dia - a estimativa é que o poço liberte 60 mil barris a cada 24 horas.
Pagamento de indemnizações vai ser acelerado
Kenneth Feinberg, o ex-procurador federal que foi encarregado de gerir a conta de 20 mil milhões de dólares para apoiar as vítimas da maré negra, garantiu que o pagamento de indemnizações vai ser acelerado. "As pessoas estão numa situação desesperada e nós não devemos subestimar a emoção, frustração e raiva que os residentes do golfo sentem neste momento", disse, no final de uma visita à região.
A BP já gastou perto de dois mil milhões de dólares (cerca de 1,6 mil milhões de euros) nas operações de limpeza, um total que inclui 105 mil milhões de dólares em indemnizações a cerca de 32 mil queixosos.
Uma estimativa preliminar sugere que os pedidos de compensação possam ascender a mais de 600 milhões de dólares. E Feinberg esclareceu que as vítimas serão compensadas, desde que provem que as perdas se devem ao acidente.
Fonte: Publico.pt
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