segunda-feira, 21 de junho de 2010

Brasil ganha quatro novas unidades de conservação


Os três parques nacionais e o refúgio de vida silvestre ficam na Mata Atlântica na Bahia. Foi ampliado ainda o Parque Nacional do Pau Brasil

Fruto de uma parceria entre o Governo Federal e o governo do estado da Bahia para a realização de estudos técnicos e consultas à sociedade, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, assinou nesta quinta (10/06) decretos de criação de quatro novas unidades de conservação e ampliação de uma já existente no estado, todas no Bioma Mata Atlântica, em ambientes de alta diversidade biológica.

Com a criação dos Parques Nacionais Alto Cariri, Boa Nova e Serra das Lontras, do Refúgio de Vida Silvestre de Boa Nova e a ampliação do Parque Nacional do Pau Brasil, o total de áreas a serem criadas foi de 65.070 hectares.

Para a Mata Atlântica da Bahia, isso representa um aumento de cerca de 60% de área em unidades de conservação integral, e um aumento de 5% no total de unidades de conservação, considerando tanto as de proteção integral quanto de uso sustentável. São valores significativos, considerando que o bioma Mata Atlântica é o que possui a menor área de remanescentes originais.

A região do Parque Nacional do Alto Cariri, com área de 19.264 hectares, localizada no município de Guaratinga, possui grande importância biológica para a conservação, com recomendação para a criação de unidade de conservação de proteção integral.

A UC contém o primeiro registro do Muriqui-do-Norte (Brachyteles hypoxanthus) na Bahia, espécie de primata considerada até recentemente extinta no estado. Abriga o último conjunto de fragmentos de Mata Atlântica (Floresta Ombrófila Densa Montana, Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Estacional Decidual) de grande porte da região leste do sul da Bahia e nordeste do estado de Minas Gerais. Abrange nascentes das bacias dos rios Buranhém e Jequitinhonha.

A região do Parque Nacional de Boa Nova e do Refúgio de Vida Silvestre de Boa Nova, com área total de 27.089 hectares, sendo 12.065 pertencentes ao Parque e 15.024 ao Refúgio, localiza-se nos limites dos municípios de Boa Nova, Manoel Vitorino e Dario Meira.

Abrange uma transição entre florestas úmidas, ao leste, e a vegetação seca da Caatinga, ao oeste, onde ocorre a Mata de Cipó uma das fitofisionomias mais ameaçadas da Mata Atlântica, com apenas 2,6% de remanescentes preservados. Por se tratar de uma área de transição de estreita faixa vegetacional, possui alta diversidade biológica, abrigando espécies do bioma Mata Atlântica e Caatinga e ao mesmo tempo muitas espécies raras e endêmicas.

Localiza-se em um dos poucos locais de ocorrência da ave gravatazeiro (Rhoponis ardesiaca), conhecido mundialmente por ser um dos mais raros das Américas. Essa ave é endêmica da Mata de Cipó e consta nas listas brasileiras e mundiais de espécies ameaçadas de extinção.

As regiões de localização das unidades de conservação possuem alto potencial para ecoturismo e birdwatching (observação de pássaros), por conter espécies endêmicas e de distribuição restrita. A região já é internacionalmente considerada em rotas de observadores de pássaros.

A região do Parque Nacional de Serra das Lontras localiza-se nos municípios de Una e Arataca e abrange uma área de 11.336 hectares. Tem elevada riqueza de espécies, alta diversidade e significativa importância biogeográfica. Trata-se de um centro de endemismos de diversas espécies de aves e plantas.

A UC visa proteger fitofisionomias florestais do Bioma Mata Atlântica, em especial a Floresta Montana que ocorre acima de 400 metros de altitude e cabrucas (sistema de plantio do cacau sombreado) abandonadas a seu redor.

As Serras das Lontras, Javi e Quati chegam a 1 mil metros de altitude e abrigam raras formações de florestas de altitude. Nos últimos anos, foram descobertas novas espécies de aves e plantas no local.

Área sob intensa pressão antrópica, principalmente por desmatamentos, é uma das mais chuvosas e úmidas da região cacaueira, onde os plantios de cacau em seu sopé foram muito afetados pela vassoura-de-bruxa, a maioria encontrando-se em estado de abandono há mais de 20 anos.

É um dos maiores mananciais de água da região cacaueira, abastecendo Una e São José da Vitória. Apresenta grande potencial para ecoturismo pela beleza cênica e proximidade com a BR-101.

Além das novas unidades de conservação, a Bahia contará com uma ampliação do Parque Nacional do Pau Brasil, localizado no município de Porto Seguro, que ganhará mais 7.381 hectares, totalizando uma área de 18.934 hectares.

A área de ampliação possui regiões ocupadas por floresta ombrófila em estágio avançado de regeneração e formações geológicas singulares. A fauna é bastante diversificada, incluindo espécies ameaçadas. Entre as aves destacam-se a Suia, o Papagaio-chauá, a Anambé-de-asa-branca e um Beija-flor criticamente ameaçado: o Balança-rabo-canela. O Gavião-real foi recentemente avistado.

Entre os mamíferos, foi descoberta uma espécie nova de roedor, que ainda está sendo descrita (Trinomys sp.). Também ocorrem a Suçuarana, Jaguatirica e o Guigó.

A flora possui espécies endêmicas e ameaçadas de extinção tais como: Braúna, Paraju, Maçaranduba, Bicuíba, Juerana-vermelha e Arapati, esta última só encontrada na Bahia. Nas áreas mais arenosas, perto da praia, ocorrem muitas plantas raras, entre elas o Óleo-comumbá, Mucujê, Pau-de-jangada e Imbirema, além de muitas orquídeas e bromélias.

A vegetação da área proposta para ampliação do Parque do Pau Brasil protege inúmeros mananciais e as nascentes das bacias dos rios Trancoso, da Barra e Taípe, garantindo a conservação e a qualidade desses recursos hídricos, beneficiando toda a população do município localizado no entorno da unidade.

Para os próximos dias está prevista a finalização do processo e assinatura do decreto de criação do Parque Nacional do Descobrimento, também na Bahia, localizado no município de Prado, que será ampliado em 1.548 hectares, totalizando 22.693 hectares.

A área de ampliação está localizado em uma região de grande importância ecológica no bioma Mata Atlântica, com ocorrência de floresta ombrófila densa e mussunungas, abrigando diversidade biológica ímpar.

A fauna é bastante diversificada, incluindo espécies ameaçadas. Entre as aves destacam-se a Suia, o Papagaio-chauá, a Anambé-de-asa-branca, o gavião real (Harpia harpyja) e os criticamente ameaçados mutum-do-sudeste (Crax blumenbachii) e balança-rabo-canela (Glaucis dohrnii).

Abrangem nascentes das bacias dos rios Cahy, Imbaçuaba, Peixe e Jucuruçu, garantindo a conservação e a qualidade desses recursos hídricos, beneficiando toda a população do município localizado no entorno da unidade.

por Thiago de Mello Bezerra

ASCOM/MMA

2 comentários:

  • Este comentário foi removido pelo autor.

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  • mto bom saber disso....mas o que de fato está sendo feito para a proteção intensiva de todas essas áreas protegidas que o Brasil vem criando ao longo dos anos? Sou da opinião que a iniciativa do governo é sempre muito boa quando cria áreas protegidas, contudo, o que mais precisamos hoje é que eles invistam também na manutenção e proteção constante dessas áreas, o que na prática não acontece de fato.... há poucos profissionais trabalhando nas Unidades de Conservação e eles não dão conta de percorrer tantos hectares de terras... e por isso batemos sempre na tecla do reconhecimento, valorização e contratação de guarda-parques nessas áreas.

    22 de junho de 2010 às 16:44

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