segunda-feira, 21 de junho de 2010

Empresa parceira da BP alega que actuação da petrolífera foi "negligente"

Uma nova frente de batalha poderá estar prestes a começar para a BP, escreveu ontem o jornal Washington Post. Em luta para travar a fuga de crude no golfo do México, limpar as praias e pântanos da costa americana e enfrentar a fúria dos políticos em Washington, a petrolífera confronta-se agora com as críticas dos seus parceiros. A empresa que detém um quarto do poço onde funcionava a plataforma Deepwater Horizon acusou-a de "negligência grosseira".

Num comunicado emitido sexta-feira, o presidente da Anadarko Petroleum, Jim Hackett, diz existirem provas de que a BP "laborava sem segurança e falhou no acompanhamento e reacção aos vários sinais críticos de alerta" que antecederam a explosão na plataforma off-shore, a 20 de Abril.

Comentários que, notava ontem o jornal norte-americano, podem ter pesadas consequências financeiras para a petrolífera. Enquanto detentora de 25 por cento do poço, a Anadarko deveria contribuir com igual percentagem para os gastos com a limpeza das costas do golfo do México e as indemnizações aos afectados pela maré negra. Mas Hackett alega que a "negligência grosseira" da companhia "afecta as obrigações das partes".

O director executivo da BP, Tony Hayward, respondeu, dizendo que "discorda profundamente" destas declarações e espera que os parceiros "cumpram as suas obrigações".

A BP anunciou, entretanto, o reinício da drenagem do crude que continua a brotar do poço, depois de problemas técnicos terem obrigado à interrupção dos trabalhos durante dez horas. Na origem da suspensão esteve uma avaria no sistema anti-incêndio de um dos reservatórios do Discover Enterprise, o navio que está a recolher o crude captado pela cápsula de retenção instalada na conduta danificada.

Nos últimos dias, a empresa conseguiu retirar 25 mil barris diários de crude (de um total de 35 a 60 mil barris que continuam a ser derramados). Mas na véspera Hayward admitiu que o poço terá ainda 50 milhões de barris - uma reserva capaz de continuar a alimentar a maré negra ainda durante mais dois anos, se até lá não for encontrada uma solução definitiva.


Director da BP apanhado em corrida de veleiros

O director executivo da BP, Tony Hayward, talvez o homem mais odiado da América neste momento, tornou-se ainda mais odiado, se é que isso é possível, por ter sido visto, no sábado, a passar o dia numa corrida de veleiros na ilha de Wight, no sul de Inglaterra, em que participava o seu barco “Bob”.


Hayward, que tinha declarado que gostaria de ter “a sua vida de volta”, parecia tê-lo conseguido, depois de uma semana de audições no Congresso, encontros com Barack Obama na Casa Branca e a promessa da criação de um fundo no valor de 20 mil milhões de dólares para indemnizar o derrame de petróleo causado pela explosão da plataforma Deepwater Horizon, ao largo do Luisiana.

Mas, no Golfo do México, relatam os media norte-americanos, a indignação e a fúria foram as reacções dominantes. “Não é correcto. Nós nem sequer podemos ir à pesca, e ele vai para as corridas de iates”, dizia à agência AP Bobby Pitre, 33, que tem uma loja de tatuagens em Larose, na Luisiana. “Também gostava de poder passar um dia que fosse afastado deste petróleo”.

Rahm Emanuel, o chefe de gabinete do Presidente norte-americano, reagiu à notícia no programa da ABC “This Week” com uma ironia mordaz, dizendo que Hayward sempre tinha conseguido “recuperar a sua vida”. E acrescentou, igualmente viperino: “Penso que podemos concluir que Tony Hayward não vai ter uma segunda carreira como consultor de relações públicas.”

Os porta-vozes da BP, por seu lado, esforçaram-se por defender Hayward, que tem sido uma enorme fonte de “gaffes”. Esta folga é a primeira desde a explosão da Deepwater Horizon, a 20 de Abril, justificou Robert Wine. “Ele só vai passar umas horas com a família no fim-de-semana. Estou seguro que toda a gente pode compreender”, disse o relações públicas da BP.

Fonte: Publico.pt

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