A administração Obama pediu ontem a um juiz federal para suspender a sua decisão de anular a moratória à exploração petrolífera a grande profundidade para que tenha tempo para recorrer e para que o Tribunal de Apelo se pronuncie.
Nos documentos dirigidos ontem à noite ao juiz Martin Feldman, de Nova Orleães, a administração Obama pede “uma suspensão temporária” da sua decisão.
“O Presidente (Obama) está profundamente convencido (...) de que continuar a explorar a essas profundidades sem saber o que aconteceu (durante a explosão da plataforma Deepwater Horizon, a 20 de Abril) não faz sentido nenhum”, afirmou o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs.
Explorar poços petrolíferos a mais de um quilómetro de profundidade “ameaça a segurança dos trabalhadores nas plataformas e o ambiente no golfo (do México) a níveis que não podemos permitir”, concluiu Gibbs.
Na terça-feira, o juiz Martin Feldman anulou a moratória de seis meses decretada pela Administração Obama a 27 de Maio, na sequência da explosão da plataforma Deepwater Horizon. A decisão tomada pelo Presidente Barack Obama, enquanto procede a investigação às causas do acidente no Deepwater Horizon, fez parar a produção em 33 plataformas do golfo do México.
O juiz Martin Feldman justificou a sua decisão dizendo que a administração Obama não justificou a moratória de forma adequada. Este considerou ainda que a moratória de seis meses era “arbitrária” e demasiado “vasta”.
Além de recorrer da decisão do juiz, o secretário do Interior Ken Salazar disse que está disponível para rever a sua ordem inicial de suspender as novas explorações abaixo dos 152 metros, a fim de a tornar mais flexível.
BP mantém planos para exploração petrolífera no Alasca
Ainda assim, a BP prepara-se para avançar com uma controversa exploração petrolífera a cerca de cinco quilómetros da costa do Alasca. A perfuração será realizada a três quilómetros de profundidade para tentar chegar a um reservatório de crude que se acredita ter o equivalente a cem milhões de barris, noticia hoje o “New York Times”.
Todos os outros novos projectos no Árctico estão suspensos por causa da moratória. Mas o projecto da BP, chamado “Liberty”, está isento dessa moratória porque recebeu o “estatuto” de projecto onshore, apesar de estar a cinco quilómetros da costa. Tudo porque assenta numa ilha artificial – um monte com mais de 12 hectares de cascalho – construída pela BP.
O projecto já recebeu as licenças ambientais necessárias e aguarda pela luz verde das autoridades federais para começar a funcionar, provavelmente este Outono.
“Não faz sentido”, diz Rebecca Noblin, directora do Centro do Alasca para a Diversidade Biológica. “A BP acaba por causar a moratória. E agora no Árctico, onde se preparam para usar uma tecnologia que ainda não foi testada, ficaram a ser os únicos que podem explorar”.
O projecto “Liberty” situa-se numa zona que, durante o Inverno, é povoada por focas e ursos polares, e durante o Verão recebe a visita das baleias que migram através dessa região.
A BP descobriu o campo petrolífero “Liberty” em 1997, começou a construir uma plataforma em 2008 e estava a terminar os trabalhos em Abril quando a plataforma Deepwater Horizon explodiu. Duas semanas depois da adminitração Obama ter declarado a moratória de seis meses, a BP anunciou que o projecto “Liberty” iria continuar. Se for aprovado, este será o poço mais extenso do seu tipo em todo o mundo.
Fonte: Publico.pt
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