quarta-feira, 2 de junho de 2010

Poluição sonora no mar causada pelos humanos afecta os peixes


Grupo de investigadores admite que algumas populações de bacalhau e atum do Atlântico já estão a mudar de casa para fugir ao nível crescente de ruído no meio marinho.

O mundo submerso é tudo menos silencioso e, ao contrário do mito, os peixes ouvem. Alguns deles ouvem até muito altas frequências. É por isso que o ruído crescente provocado pelas actividades humanas nos oceanos, que vão da navegação às actividades de pesca e das plataformas de exploração petrolífera às de gás natural, causam um forte impacto na vida marinha.

O alerta é de um grupo internacional de cientistas, coordenado por Hans Slabbekoorn, da universidade holandesa de Leiden. A sua equipa publicou um artigo na Trends in Ecology and Evolution, no qual explica que os níveis crescentes de ruído nos oceanos estão a afectar os peixes em várias frentes: na reprodução, na distribuição e na comunicação e defesa contra predadores.
"O nível e a distribuição do ruído submarino estão a aumentar à escala global, mas [o problema] recebe muito pouca atenção", afirmou Hans Slabbekoorn, citado pela BBC News, sublinhando que "as pessoas partem do princípio que o mundo dos peixes é um mundo silencioso".

Nada mais falso, como explica a equipa. Os peixes também têm o sentido da audição. Na verdade, até hoje, todos os peixes testados demonstraram ter um órgão auditivo. Em algumas espécies trata-se de um órgão interno, noutras é externo, localizado na zona lateral do corpo.

A amplitude das frequências que os peixes conseguem ouvir também varia consoante as espécies, mas a maioria consegue detectar sons entre 30 e 1000 Hz. Há outros que ouvem sons bem mais agudos, que andam entre 3000 e os 5000 Hz.

Além de ouvirem bem, os peixes têm vivências básicas associadas aos sons. A reprodução é uma delas, e a comunicação como defesa contra predadores é outra. Por isso a crescente poluição sonora que as actividades humanas estão a causar no mundo subaquático já poderão estar a afectar estas actividades básicas em inúmeras espécies.

Há sinais, nomeadamente, de que algumas espécies do Atlântico, como o arenque, o bacalhau ou o atum, poderão estar a mudar de "casa", para fugirem ao ruído causado pelas actividades humanas costeiras. E, se bem que o impacto das pescas nas populações de peixes "seja muito mais devastadora" do que o da poluição sonora, como admitem os investigadores, a verdade é que os dois factores associados poderão em conjunto potenciar-se mutuamente, causando danos maiores a algumas populações de peixes.

Fonte: Diário de Notícias

0 comentários:

Enviar um comentário