segunda-feira, 5 de julho de 2010

Proteger o tubarão-azul da ameaça dos barcos


Investigador português apresentou estudo sobre o comportamento desta espécie. O objectivo é descobrir que medidas devem ser tomadas para a sua protecção.

A preservação do tubarão-azul é o objectivo de um estudo que Nuno Queiroz iniciou em Maio e com o qual quer traçar um "mapa" virtual para identificar os locais onde os barcos de pesca se cruzam com este peixe. Os primeiros resultados foram apresentados no Encontro com a Ciência e Tecnologia em Portugal, que ontem começou no Centro de Congressos em Lisboa e que se prolonga até quarta-feira.

O investigador português, de 31 anos, do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, está a investigar as movimentações desta espécie, que nos últimos 15 anos perdeu 90% dos exemplares no Atlântico Norte. "Fala-se muito das baleias e dos golfinhos, mas pouco se diz sobre os tubarões", explicou ao DN, justificando assim uma das razões por que optou por estudar os tubarões-azuis.

Ao monitorizar o comportamento desta espécie e ao seguir os barcos de pesca por satélite, Nuno Queiroz pretende formar um "mapa" virtual das interacções entre os tubarões e os barcos. Ou seja, identificar zonas críticas onde estes encontros mais acontecem.

"O estudo ainda é recente. São precisos mais dados. No futuro, o que se pretende é perceber a eficácia de medidas de gestão. Isto é, reduzir a frota é suficiente? É necessário criar zonas marinhas de protecção?", questionou o investigador, que procura as respostas a estas questões.

Até ao momento, 40 tubarões foram monitorizados nas costas do Algarve e de Inglaterra. Foram colocados transmissores que têm a duração de quatro meses, disse Nuno Queiroz. E ao fim desse tempo soltam-se dos tubarões e regressam à superfície para depois serem analisados pelos especialistas.

As primeiras conclusões revelam que o comportamento do tubarão-azul "é mais variável do que o es".

Esta espécie tende a estar à superfície, realizando mergulhos dependendo do tipo de presa que procura. "Em alto mar, naturalmente que estes mergulhos são mais fundos", afirmou. Mas é precisamente em alto mar que a deslocação ainda se torna mais imprevista, o que pode ser explicado com o facto de o alimento ser mais raro.

No Ano Internacional da Biodiversidade, este tema foi um dos primeiros trabalhos a serem abordados neste encontro da Ciência 2010. Além do estudo sobre os tubarões-azuis, Maria Dornelas falou sobre a sua pesquisa nos recifes de corais na grande barreira na Austrália, Carlos Fonseca referiu o sucesso na reintrodução e gestão dos veados na serra da Lousã e James Harris a identificação e conservação da biodiversidade, dando como exemplo os répteis.

Fonte: Diário de Notícias

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