terça-feira, 10 de agosto de 2010

Técnicos espanhóis garantem ter controlado doença nos linces-ibéricos


Os técnicos espanhóis do programa de criação em cativeiro do lince-ibérico (Lynx pardinus), espécie de felino ameaçada de extinção, garantem que está controlada a insuficiência renal crónica que afecta 25 dos 72 animais.

Segundo a agência EFE, citada hoje pelo “El Mundo” online, os primeiros sintomas desta doença, que danifica os rins de forma irreversível, começaram a evidenciar-se no início de 2009. Até hoje, a insuficiência renal crónica atingiu 25 animais, três dos quais – Cromo, Garfio e Ecológico - acabaram por morrer nos últimos meses.

Em Portugal, o Centro Nacional de Reprodução em Cativeiro para o Lince-Ibérico (CNRLI), na Herdade das Santinhas, em Silves, está a acompanhar a situação junto dos seus 16 linces. Em Janeiro foi detectada a doença na fêmea Espiga mas Rodrigo Serra, responsável pelo centro, disse ao PÚBLICO em Junho que o animal já estava tratado. Até então já tinham sido testados onze animais, através da recolha de urina para análise. Os restantes serão testados até ao final do ano.

O grupo de 24 especialistas que estudou o problema dos animais do centro de criação em cativeiro de El Acebuche, no Parque de Doñana, no Sul de Espanha, concluiu que a insuficiência renal crónica estava associada aos efeitos nocivos de suplementos alimentares disponibilizados aos felinos. Não se sabe ao certo se devido à intensidade da dose ou ao efeito patogénico de algum dos seus componentes.

Os técnicos eliminaram este suplemento da alimentação dos linces o que terá permitido a melhoria da maioria dos animais doentes, excepto aqueles em que a doença está mais avançada.

Três fêmeas foram devolvidas à natureza em Guadalmellato

O objectivo final da recuperação das populações de lince-ibérico, ou seja, a libertação de indivíduos criados em cativeiro para reforçar as populações em estado selvagem, está agora mais perto. Em Espanha, três fêmeas de lince-ibérico - Diana, Eclipse e Charqueña, esta última com as suas duas crias - foram libertadas definitivamente no meio natural, depois de terem passado um período num cercado de média dimensão, revelaram a 3 de Agosto os responsáveis pelo programa Life Lince em Espanha.

"De momento, as fêmeas continuam com os seus movimentos exploratórios na zona de soltura, onde os machos Cascabel e Caberú parecem ter assentado", contam os responsáveis, em comunicado publicado no site do programa. A zona parece ter já uma "estrutura social própria das áreas com presença estável [de lince], com latrinas de marcação e interacções entre indivíduos".

Estima-se que existam actualmente apenas cerca de 150 linces-ibéricos; em meados do século XIX seriam cem mil espalhados por toda a Península Ibérica. Hoje a espécie vive em Portugal numa situação de "pré-extinção". O colapso das populações de coelhos, a sua principal presa, a caça indiscriminada e a perda de habitat explicam o cenário.

A 26 de Outubro do ano passado, o quadro em Portugal mudou, com a vinda do primeiro lince para o centro de Silves. Hoje vivem naqueles cercados 16 animais. Da primeira tentativa de reprodução em Silves, já este ano, e dos quatro casais escolhidos – Azahar e Drago, Erica e Enebro, Era e Calabacín e Espiga e Daman – nasceram duas crias, a 4 de Abril. No entanto, os animais acabaram por morrer a 11 e a 18 de Abril. De acordo com os resultados das autópsias realizadas no Centro de Análises e Diagnóstico de Málaga, em Espanha, as crias estavam bem formadas e com as proporções correctas mas nasceram com problemas congénitos incompatíveis com a vida.

Fonte: Publico.pt

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