De animais a plantas, passando por fósseis e espécies extintas, comunicar um objeto científico através das imagens é o propósito primordial da ilustração científica, um campo ainda pouco explorado em Portugal.
A Universidade de Aveiro (UA) tem dado cartas nesta área de especialização. No mês passado, inaugurou o Laboratório de Ilustração Científica, desde o início do ano letivo tem uma pós-graduação sobre o assunto e em breve vai ter um mestrado.Além de promover o que de melhor de se faz no campo a nível mundial, através de exposições organizadas pelo laboratório, a formação de novos profissionais é um dos objetivos da instituição.
“Temos poucos ilustradores, mas os poucos que temos são bons”, diz ao SAPO Fernando Correia, docente da UA, biólogo e ilustrador científico.
“As pessoas que trabalham nisso a tempo inteiro em Portugal conseguem ir lá fora, em países com mais tradição, e conseguem arrebatar prémios”, refere o biólogo que faz ilustrações para a revista National Geographic.
A ilustração científica está a ganhar “cada vez mais projeção no nosso país” mas não é um fenómeno novo, muito pelo contrário. “É algo que já existe desde a época dos Descobrimentos”, lembra Fernando Correia, afirmando que os portugueses foram responsáveis por “trazer a ilustração científica ao mundo” através dos desenhos sobre os novos territórios descobertos pelos navegadores.
“Até há bem pouco as pessoas pensavam que a ilustração científica só vivia nos manuais” mas “hoje em dia conseguimos observá-la nos mais variados suportes”, por exemplo, na internet, em folhetos de divulgação e revistas, diz o biólogo.
Da zoologia à tinta-da-china
Para ser um ilustrador científico é preciso saber desenhar mas não só; afinal, trata-se de uma “ciência com arte e uma arte com ciência também”, sublinha Fernando Correia.
É preciso conhecer áreas científicas como a botânica, a zoologia, a arqueologia e a paleontologia. Além de dominar técnicas de desenho com os mais diversos materiais e suportes, das aguarelas à tinta-da-china, passando pelo tradicional lápis.
E são estas linguagens que os alunos aprendem na pós-graduação em ilustração científica da UA para no fim, “com alguma sorte”, até “conseguir viver disso”. É o que diz ao SAPO Cláudia Barrocas, uma licenciada em genética que decidiu especializar-se em ilustração científica movida pela paixão pelo desenho.
"Não há outra maneira de representar certas coisas da ciência que não seja através da arte, é uma forma de expressão muito bonita", conclui a estudante.
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