As perspectivas não são muito animadoras para um estranho réptil de carapaça mole que em tempos estimulou a lenda de um Deus-Tartaruga no Vietname.
Em toda a face da Terra, restam apenas quatro indivíduos da espécie Rafetus swinhoei, uma tartaruga que pode chegar aos 120 quilos, com uma carapaça de até um metro. O último exemplar selvagem foi visto no lago Dong Mo, no Vietname, em 2007. E todas as tentativas de reprodução em cativeiro, no jardim zoológico de Suzhou, na China, têm falhado.
A tartaruga Rafetus swinhoei não está sozinha. É apenas uma das 100 espécies mais ameaçadas de desaparecer do planeta, segundo um relatório lançado nesta terça-feira pela União Internacional da Conservação da Natureza (UICN) e pela Sociedade Zoológica de Londres. É como um pelotão da frente da longa lista de espécies em risco de extinção. Se nada for feito, serão aquelas as primeiras a sumirem.
A selecção das espécies – que incluem vertebrados, insectos, plantas e fungos – foi feita por cerca de 8000 cientistas da Comissão de Sobrevivência das Espécies da UICN. A base de partida é a Lista Vermelha da UICN, uma avaliação anual das espécies em risco de extinção. Em 2012, havia 19.817 animais e plantas em perigo, dentre as quase 64 mil que foram avaliadas.
As que entraram para o topo da lista, segundo o relatório agora publicado, têm uma característica em comum: não têm, aparentemente, nenhum valor imediato para o ser humano. Ou seja, um dos principais argumentos para a preservação da biodiversidade – o de que as espécies são importantes para garantir os chamados “serviços dos ecossistemas” – não se aplica a esta centena de animais e plantas.
“A comunidade de doadores e o movimento conservacionista inclinam-se cada vez mais para a abordagem ‘o que a natureza pode fazer por nós’”, afirma Jonathan Baillie, director de conservação da Sociedade Zoológica de Londres, num comunicado. “Por isso, tem sido cada vez mais difícil para os conservacionistas proteger as espécies mais ameaçadas no planeta. Temos uma decisão moral e ética importante a tomar: estas espécies têm o direito de viver ou temos nós o direito de conduzi-las à extinção?”, indaga Baillie.
Há de tudo um pouco nesta nova lista da UICN. Algumas resistem à extinção em áreas cada vez mais diminutas. É o caso da preguiça-anã (Bradypus pigmaeus), cujos últimos 500 indivíduos vivem numa área de apenas 1,5 quilómetros quadrados – cerca de um sétimo da superfície do Parque Monsanto, em Lisboa. A libelinha Risiocnemis seidenschwarzisó se encontra em um quilómetro quadrado nas margens do rio Kawasan, nas Filipinas, enquanto o morcego Coleura seychellensi está restrito a apenas duas grutas das ilhas Seichelles.
As ameaças a todas espécies são recorrentes, sobretudo a destruição ou degradação dos seus habitats devido ao avanço da agricultura, ao abate ilegal de árvores, à expansão das cidades ou à construção de infra-estruturas, como estradas e hidroeléctricas.
“Todas as espécies nesta lista são únicas e insubstituíveis. Se desparecerem, não há dinheiro que as traga de volta”, afirma Ellen Butcher, da Sociedade Zoológica de Londres, co-autora do relatório.
O próprio documento levanta, no seu título – “Sem preço ou sem valor?” –o dilema moral sobre o futuro destas espécies. “Se acreditamos que não têm preço, então é tempo dos conservacionistas, governos e indústria elevar a sua ambição e mostrar às futuras gerações que valorizamos todas as formas de vida”, responde Jonathan Baillie.
Dentre as 100 espécies mais ameaçadas (ver aqui uma selecção de imagens), não há nenhuma que exista em Portugal. Nem o lince ibérico (Lynx pardinus) integra a lista, apesar de ser considerado o felino mais em risco de extinção em todo o planeta. “O lince já está a ser abordado por esforços de conservação”, afirma o biólogo Jorge Palmeirim, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. “Mais ainda é o mais ameaçado”, completa.
A tartaruga Rafetus swinhoei não está sozinha. É apenas uma das 100 espécies mais ameaçadas de desaparecer do planeta, segundo um relatório lançado nesta terça-feira pela União Internacional da Conservação da Natureza (UICN) e pela Sociedade Zoológica de Londres. É como um pelotão da frente da longa lista de espécies em risco de extinção. Se nada for feito, serão aquelas as primeiras a sumirem.
A selecção das espécies – que incluem vertebrados, insectos, plantas e fungos – foi feita por cerca de 8000 cientistas da Comissão de Sobrevivência das Espécies da UICN. A base de partida é a Lista Vermelha da UICN, uma avaliação anual das espécies em risco de extinção. Em 2012, havia 19.817 animais e plantas em perigo, dentre as quase 64 mil que foram avaliadas.
As que entraram para o topo da lista, segundo o relatório agora publicado, têm uma característica em comum: não têm, aparentemente, nenhum valor imediato para o ser humano. Ou seja, um dos principais argumentos para a preservação da biodiversidade – o de que as espécies são importantes para garantir os chamados “serviços dos ecossistemas” – não se aplica a esta centena de animais e plantas.
“A comunidade de doadores e o movimento conservacionista inclinam-se cada vez mais para a abordagem ‘o que a natureza pode fazer por nós’”, afirma Jonathan Baillie, director de conservação da Sociedade Zoológica de Londres, num comunicado. “Por isso, tem sido cada vez mais difícil para os conservacionistas proteger as espécies mais ameaçadas no planeta. Temos uma decisão moral e ética importante a tomar: estas espécies têm o direito de viver ou temos nós o direito de conduzi-las à extinção?”, indaga Baillie.
Há de tudo um pouco nesta nova lista da UICN. Algumas resistem à extinção em áreas cada vez mais diminutas. É o caso da preguiça-anã (Bradypus pigmaeus), cujos últimos 500 indivíduos vivem numa área de apenas 1,5 quilómetros quadrados – cerca de um sétimo da superfície do Parque Monsanto, em Lisboa. A libelinha Risiocnemis seidenschwarzisó se encontra em um quilómetro quadrado nas margens do rio Kawasan, nas Filipinas, enquanto o morcego Coleura seychellensi está restrito a apenas duas grutas das ilhas Seichelles.
As ameaças a todas espécies são recorrentes, sobretudo a destruição ou degradação dos seus habitats devido ao avanço da agricultura, ao abate ilegal de árvores, à expansão das cidades ou à construção de infra-estruturas, como estradas e hidroeléctricas.
“Todas as espécies nesta lista são únicas e insubstituíveis. Se desparecerem, não há dinheiro que as traga de volta”, afirma Ellen Butcher, da Sociedade Zoológica de Londres, co-autora do relatório.
O próprio documento levanta, no seu título – “Sem preço ou sem valor?” –o dilema moral sobre o futuro destas espécies. “Se acreditamos que não têm preço, então é tempo dos conservacionistas, governos e indústria elevar a sua ambição e mostrar às futuras gerações que valorizamos todas as formas de vida”, responde Jonathan Baillie.
Dentre as 100 espécies mais ameaçadas (ver aqui uma selecção de imagens), não há nenhuma que exista em Portugal. Nem o lince ibérico (Lynx pardinus) integra a lista, apesar de ser considerado o felino mais em risco de extinção em todo o planeta. “O lince já está a ser abordado por esforços de conservação”, afirma o biólogo Jorge Palmeirim, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. “Mais ainda é o mais ameaçado”, completa.
Foto: Frank Gaw
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