A Reserva da Biosfera do Paul do Boquilobo passou a ter uma gestão tripartida, que junta a Câmara Municipal da Golegã, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e a organização não-governamental ambiental Ongatejo.
Rui Medinas, presidente da Câmara da Golegã, disse à agência Lusa que a gestão da Reserva da Biosfera do Paul do Boquilobo deixa de ficar exclusivamente na esfera do ICNF, que mantém a responsabilidade pela conservação da avifauna, para passar a ser partilhada, assumindo o município um papel “mais interveniente”. O município procurará “dinamizar de uma forma sustentável um recurso único no sector do turismo de natureza”, disse o autarca.
O novo modelo de gestão da Reserva da Biosfera do Paul do Boquilobo, a primeira das sete criadas em Portugal no âmbito do programa O Homem e a Biosfera (MaB), da UNESCO, ficou definido no protocolo assinado no final de um seminário que assinalou os 34 anos da reserva e que decorreu ao longo de segunda-feira, 23 de Junho, no Equuspolis, na Golegã.
Mário Antunes, da Ongatejo, disse à Lusa que o objectivo é aliar o esforço de conservação da biodiversidade à investigação e conhecimento e a actividades conexas, como o turismo da natureza, sendo as entidades agora envolvidas responsáveis pela elaboração do plano de gestão e do plano de actividades.
Até aqui, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) era responsável pela gestão da Reserva Natural e da Reserva da Biosfera, esta “sob a chancela da UNESCO, obrigando a regras que não se sobrepõem às regras nacionais”, afirmou.
Rui Medinas adiantou que é também criado um órgão consultivo, que funcionará como “fórum de acompanhamento, reflexão e fiscalização do órgão de gestão” e que integrará outros parceiros, como o Instituto Politécnico de Tomar (IPT), enquanto representante da academia, juntas de freguesia, outras organizações não-governamentais e empresas, nomeadamente dos sectores do alojamento e da restauração.
Situado junto do rio Almonda, nas imediações da Golegã, o Paul do Boquilobo possui dois maciços de salgueiros, num dos quais está instalada a maior colónia de garças da Península Ibérica, constituindo o outro habitat potencial de expansão ou recurso para aquela colónia.
Da reserva faz ainda parte uma zona permanentemente alagada na margem direita do rio com grande densidade de vegetação aquática, constituindo importantíssimo local de nidificação da fauna aquática, e uma extensa zona de caniçal de grande valor para a fauna paleártica invernante em Portugal, com especial referência para os patos, realça o ICNF.
Fonte: O Mirante
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