terça-feira, 1 de julho de 2014

Pacto nacional pelo felino mais ameaçado do mundo


O Ministério do Ambiente assinou esta terça-feira um Pacto Nacional para a conservação do felino mais ameaçado do mundo. O próximo passo será reintroduzi-lo em habitat natural em Portugal. Ainda não é certo se tal será possível o outono.


Uma década após o início do plano para a conservação do lince ibérico em Portugal, o Ministério do Ambiente conseguiu finalmente chegar a acordo com vários parceiros no terreno para que seja possível, a médio prazo, a reintrodução do lince ibérico em território nacional.
O Secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Miguel de Castro Neto, congratula-se com este "pacto ambicioso" que "significa o empenho de todos nesta causa importante para o lince e para Portugal". Em entrevista ao Expresso, o governante lembra também que o acordo "pode ser subscrito por qualquer entidade ou cidadão", já que a partir de amanhã estará disponível no sítio online do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Para já, o Pacto Nacional conta com a assinatura de uma dúzia de entidades, entre as quais a Associação Iberlinx, a Associação Nacional de Proprietários e Produtores de Caça (ANPC), a  Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), o Centro de Biologia Ambiental da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) da Universidade do Porto, a WWF, a Fencaça e a Direção Geral de Alimentação e Veterinária.
O próximo passo será a assinatura de documentos entre o ICNF e cada um dos outros parceiros para que fiquem assentes os compromissos de boas práticas cinegéticas e os direitos e obrigações dos envolvidos no terreno.

Linces soltos no outono?
Miguel de Castro Neto gostaria de assistir à libertação de linces em Portugal "no próximo outono", mas a decisão ainda não está fechada. Para evitar precipitações - como o anúncio prematuro feito em março passado de que seriam soltos na primavera exemplares saídos da reprodução em cativeiro - o governante disse, em entrevista ao Expresso, que "uma decisão será tomada até ao final do verão". As áreas previstas de reintrodução localizam-se no Vale do Guadiana na região de Mértola e na de Moura-Barrancos. 
"Este pacto permite um clima de confiança e de cooperação com as pessoas locais e com os proprietários dos terrenos onde se prevê virem a soltar linces", aplaude João Carvalho, dirigente da Associação Nacional de Proprietários e Produtores de Caça (ANPC), um dos parceiros no terreno. E lembra que aquando do anúncio feito em  março, não existiam acordos com os proprietários nem coelho em abundância (devido a uma doença que afetou o principal alimento do lince ibérico).
Porém, João Carvalho diz já ter alertado o governante para o facto de o outono ser um mau timing para libertar animais no campo. "Não faz sentido libertar linces nessa altura porque coincide com a abertura da época geral de caça e com a época das sementeiras e da preparação dos terrenos agrícolas, e o lince precisa de tranquilidade. Segundo João Carvalho "a altura ideal é entre março e junho, já que o campo está mais tranquilo e é a época de maior nidificação e de abundância de coelho".
Contudo, em Espanha tem havido reintrodução de linces durante praticamente todo o ano. Só em 2014 já foram libertos 18 animais na Andaluzia e três na Extremadura espanholas, oriundos dos cinco centros ibéricos de reprodução em cativeiro, entre os quais o de Silves, no Algarve. E amanhã serão libertos mais cinco animais em Espanha, três dos quais pela primeira vez em Castilla la Mancha.

Fonte: Carla Tomás/Expresso

0 comentários:

Enviar um comentário