Durante dez anos, o Japão, a Noruega e a Islândia poderiam caçar baleias para fins comerciais, não obstante uma moratória global. Esta proposta foi apresentada ontem pela Comissão Baleeira Internacional para tentar um consenso entre os países.
A Comissão alega que a sua proposta iria salvar entre quatro mil e 18 mil baleias durante uma década. Isto porque as três nações teriam, assim, quotas de captura mais baixas do que aquelas que praticam actualmente.
“Pela primeira vez desde a adopção da moratória à caça comercial à baleia teremos limites rígidos para todas as operações” relacionadas, explicou Cristian Maquieira, o presidente chileno da Comissão.
A proposta prevê uma monitorização muito apertada da caça à baleia e que mais nenhum dos 88 países membros da Comissão seja autorizado a iniciar operações durante a vigência deste plano a dez anos.
Além disso, o Oceano Antárctico seria designado um santuário. No entanto, o Japão estaria autorizado a caçar um número limitado de baleias dos mares em redor da Antárctica.
Os Estados Unidos dizem que vão considerar o plano mas acrescentaram que vão opor-se a qualquer proposta que levante a moratória internacional à caça comercial, habitualmente desrespeitada pelo Japão, Noruega e Islândia.
A Comissão Europeia, que coordena a posição da União Europeia na Comissão, afirmou que vai estudar a proposta com os Estados membros e tentar chegar a uma posição comum antes das próximas negociações em Junho.
A culpa é das lacunas nas regras
“Quando a moratória à caça comercial começou, em 1986, teve um impacto imediato benéfico”, comentou Monica Medina, representante de Washington na Comissão Baleeira Internacional. Mas, com o passar do tempo, “as lacunas nas regras” permitiram que 35 mil baleias fossem capturadas desde 1986.
A proposta é um compromisso elaborado por Maquieira e o vice-presidente da Comissão, Anthony Liverpool, depois de dois anos de negociações que terminaram na semana passada em Washington sem acordo.
Os 88 Estados membros terão 60 dias para analisar a proposta antes de debatê-la na conferência anual da Comissão em Marrocos, em Junho.
Organizações ambientalistas e muitos países, incluindo a Austrália e Nova Zelândia, são a favor de uma proibição total da caça comercial à baleia.
“Esta proposta iria anular a moratória e legitimar a caça comercial. As consequências seriam catastróficas”, comentou Mark Simmonds, da Whale and Dolphin Conservation Society.
“Mas esta não é uma proposta da Comissão Baleeira Internacional, é uma proposta do seu presidente e vice-presidente. Não faço ideia daquilo que os outros países vão fazer”, acrescentou.
“É muito decepcionante”, lamentou Susan Lieberman, do Pew Environment Group. “Permite ao Japão caçar ao largo da costa da Antárctica e isso não é aceitável”, garantiu. O impacto das alterações climáticas é mais acentuado nas regiões polares e as águas em redor da Antárctica já estão a sofrer muita pressão, lembrou Lieberman.
Fonte: Agência Reuters
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