quarta-feira, 12 de maio de 2010

Líderes das três empresas envolvidas na maré negra trocam acusações

Os líderes das três empresas envolvidas na maré negra do Golfo do México – BP, Transocean e Halliburton – estão a ser ouvidos no Senado norte-americano, em Washington. Até agora têm trocado acusações e ainda não há causas para o acidente de 20 de Abril.

A BP, proprietária do poço e entidade que explorava o projecto, aponta o dedo à Transocean, empresa que tinha um contrato para perfurar o poço para a BP, através da sua plataforma petrolífera Deepwater Horizon.

“A Transocean, enquanto proprietária e exploradora da plataforma, tinha a responsabilidade pelas operações de segurança”, disse ontem Lamar McKay, presidente da BP para a América, citado pela CNN. McKay chamou a atenção para a válvula que deveria ter isolado o poço em caso de acidente. Este dispositivo – concebido para proteger os trabalhadores ao cortar o fluxo de crude em caso de uma súbita alteração de pressão - era propriedade da Transocean.

A Transocean respondeu, dizendo que a válvula funcionou bem nos testes realizados uma semana antes do acidente. Mas não a 20 de Abril. E ainda não se sabe o que falhou. Para Steven Newman, director-executivo da Transocean, cabe ao proprietário do poço definir todas as especificações no processo de perfuração. “Todos os projectos de produção de gás e petróleo offshore começam e acabam no operador... neste caso, a BP”, disse Newman, citado pela televisão. Este procurou desviar a atenção da válvula, sublinhando que algo correu mal com a injecção de cimento no poço – processo destinado a estabilizar as paredes do poço e a tapá-lo -, da responsabilidade da Halliburton. Mas o responsável pela segurança desta empresa, Tim Probert, afirmou que a responsabilidade só pode ser ou da Transocean ou da BP, uma vez que a injecção de cimento aconteceu 20 horas antes do acidente. “Se a válvula tivesse funcionado, esta catástrofe não teria acontecido”. Além disso, acrescentou, durante a operação, a Halliburton limitou-se a seguir as instruções da BP.

Esta troca de acusações não deixou os senadores satisfeitos. “Só ouço uma mensagem e essa mensagem é: ‘não me culpem a mim’. Pois, apontar as culpas para os outros não nos levará muito longe”, advertiu o senador republicano John Barrasso, representante do Wyoming.

O senador democrata Ron Wyden, a certa altura interrompeu McKay, dizendo: “a cultura desta companhia tem sido um acidente atrás do outro”.

De acordo com a legislação federal, a BP é responsável por todos os custos com as operações de limpeza da maré negra. Na segunda-feira, a empresa admitiu que já gastou 350 milhões de dólares (cerca de 275 milhões de euros). Mas os prejuízos causados pela suspensão da pesca e ao turismo podem exceder aquilo que a BP é obrigada a pagar e ainda não se sabe quem vai pagar esses custos. Actualmente, a BP apenas pode ser responsabilizada por 75 milhões (59 milhões de euros) dos pedidos de indemnizações.

Petróleo deu à costa do Luisiana e Obama está “profundamente frustrado”

Enquanto decorriam ontem as audições aos líderes das três empresas – que deverão continuar hoje -, militares e reclusos rumavam às praias do Luisiana para remover a areia contaminada e combater a chegada da maré negra.

Robert Gibbs, porta-voz da Casa Branca, disse que o Presidente Barack Obama, está “profundamente frustrado” porque a maré negra no Golfo do México ainda não foi contida, três semanas depois da explosão. Receia-se que esta seja a pior da história dos Estados Unidos, com impactos nas pescas, praias, vida selvagem e turismo em, pelo menos, quatro estados.

Segundo Daren Beaudo, porta-voz da BP, a poluição deu à costa do Luisiana em três locais: ilha Dauphin (Alabama), ilhas Chandeleur (ao largo do Luisiana) e a zona South Pass-Port Eads.

Ontem, a secretária para a Segurança Interna, Janet Napolitano, deu conta que o Governo federal está preocupado com o facto não haver barreiras suficientes para defender a costa do Golfo do México.

O poço a 1500 metros de profundidade e a 80 quilómetros da costa continua a libertar, pelo menos, cinco mil barris de petróleo por dia.

Fonte: Publico.pt

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