O treinamento é uma adaptação do curso de guarda-parques, realizado pela ACT Brasil, ICMBio, UNIFAP e parceiros desde 2003 em Macapá, e que desde então capacitou cerca de 300 alunos indígenas e não indígenas. A estrutura curricular é composta por oito módulos, além de palestras e atividades complementares oferecidas dentro de uma carga horária de 180 horas. Entre os temas abordados estão: Papel do Agente na Área Protegida; Direito Ambiental; Direito Indígena; Cartografia; Uso do GPS; Educação e Interpretação Ambiental; Primeiros Socorros; Proteção de Terras Indígenas (monitoramento terrestre e aquático); Resgate Aquático; Combate e Manejo do Fogo; Radiocomunicação; Ecoturismo, entre outros. Por meio de um processo de construção de conhecimento, o curso se propõe a unir aspectos teóricos e práticos. “O treinamento vai permitir que os participantes protejam, monitorem e detectem atividades ilegais no meio ambiente e em seus territórios para que, dessa forma, colaborem com a preservação da natureza”, explica o coordenador do curso pela ACT Brasil, Wesley Pacheco. Além disso, os indígenas poderão ser multiplicadores de atitudes de proteção e conservação da diversidade biológica e cultural em seus territórios.
Desafios - O curso surgiu a partir da identificação de problemas de conservação em terras indígenas. De acordo com o líder Almir Surui e presidente da Associação Metareilá, apesar dos índios protegerem suas terras, falta-lhes conhecimento e mecanismos para uma gestão territorial adequada. “Os participantes terão a oportunidade de aprender direito ambiental e dos povos indígenas e com isso proteger suas terras a partir do entendimento da legislação. Isso certamente nos dará mais segurança para dialogar com a sociedade e para colaborar com a aplicação da política indigenista no País”, avalia.
Para a coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, Ivaneide Cardozo, a proposta do curso vai além da contribuição para a proteção do território indígena. “Servirá também para contribuir para a formação técnica dos povos ao desenvolvimento do Projeto Carbono, que vem sendo desenvolvido pelos Surui. A iniciativa pretende financiar atividades de proteção e melhoria da capacidade local, por meio de pagamentos por serviços ambientais”, afirma. Entre os principais parceiros da primeira edição do curso estão: Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, Secretaria de Desenvolvimento do Meio Ambiente (SEMA), Policia Militar Ambiental, Corpo de Bombeiros, Faculdade São Lucas (FSL), Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais e Renováveis (IBAMA), Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio), Ministério Publico Federal (MPF) e associações indígenas.
O treinamento tem o financiamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), por meio do consórcio Garah Itxa: corredores etnoambientais na Amazônia.
Sobre o Consórcio Garah Itxa (Unidos com a Floresta)
O Consórcio Garah Itxa é um programa que trata de desafios chaves para a conservação e gestão territorial de terras indígenas localizadas no Corredor Etnoambiental Mondé-Kwahiba, que engloba o leste de Rondônia, o oeste do Mato Grosso e o sul do Amazonas. O Consórcio pretende reformular o conceito de corredores biológicos e sua transformação em “corredores etnoambientais” que diretamente incorporam as ações de povos indígenas na conservação. O programa terá duração de três anos e estão previstos três resultados: colaborar com a estruturação da Gestão Territorial Indígena; fortalecer organizações indígenas; e criar atividades para geração sustentável de renda.
O Consórcio é liderado pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) e executado em parceria com a Associação Metareilá, Kanindé, Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Conservação Estratégica e ACT Brasil.
Fonte: http://www.rondoniaovivo.com/
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