As autoridades locais anunciaram hoje que começaram a dar às praias de areia branca da ilha Dauphin, no Alabama, bocados de petróleo do tamanho de bolas de golfe.
Hoje foi colocada ao longo das praias uma longa barreira de materiais que fazem lembrar pompons, para tentar conter a poluição. As autoridades recolheram amostras para tentar perceber se se trata de petróleo libertado do poço petrolífero da plataforma Deepwater Horizon.
No Luisiana, a paróquia de Lafourche declarou hoje estado de emergência e vedou o acesso do público à praia de Fourchon. “Decidimos que a nossa melhor opção é usar as praias como barreira natural para proteger as nossas zonas húmidas do petróleo”, disse a responsável daquela paróquia, Charlotte Randolph, citada pelo jornal local “Times-Picayune”. “É muito mais fácil limpar o petróleo das praias do que nos pauis”, acrescentou.
Hoje, vários camiões de areia foram descarregados no porto de Fourchon para que esta seja colocada em grandes sacos de areia. Depois, a Guarda Costeira vai lançá-los, de helicóptero, em cinco zonas ao longo da costa. Nos últimos anos, as tempestades tropicais e furacões ajudaram à erosão da zona litoral, deixando uma abertura directa para as zonas húmidas.
O Departamento de Pescas e Vida Selvagem do Luisiana informou hoje que vai alargar a zona onde a pesca está proibida, afectando a região a oeste do rio Mississípi, como medida de precaução, em resposta à maré negra.
Nas praias ao longo do Golfo do México, cidadãos estão a responder ao desafio de limparem os areais de lixo, para ajudar os esforços de limpeza.
Luisiana e ecologistas preocupados com utilização de dispersantes químicos
As autoridades do Luisiana e ecologistas dizem-se preocupadas com o impacto dos produtos químicos que a BP está a utilizar para dispersar a maré negra no Golfo do México.
Ontem, responsáveis dos serviços de saúde, qualidade do Ambiente e pescas do Luisiana pediram ao director-executivo da BP, Tony Hayward, informações sobre o uso dos químicos. “Estamos gravemente preocupados com a falta de informação sobre o uso dos dispersantes para lutar contra a maré negra no Golfo do México e qual o impacto desses produtos nas populações, qualidade das águas e do ar, bem como nas pescas e vegetação costeira”, escreveram numa carta comum.
O dispersante usado é o Corexist, fabricado pela NALCO Energy Servisses, empresa sediada no Texas. No seu site, a empresa explica que este produto contém um baixo nível de substâncias químicas nocivas, que apresentam riscos de irritação para os olhos e pele.
A BP e a Guarda Costeira têm vindo a usar estes químicos, à superfície e no fundo do mar, para tentar desesperadamente conter a maré negra. Segundo um estudo da organização não lucrativa de informação ProPublica, citado pela revista online Grist, a BP já terá comprado um terço do stock mundial daqueles químicos.
Associações ecologistas já têm vindo a alertar para esta chuva de químicos misteriosos sobre as águas do Golfo. Por exemplo, a National Wildlife Federation (NWF), a maior organização privada Americana de defesa da natureza, quer saber onde vão acabar aqueles químicos.
“Estes produtos são concebidos para reduzir o petróleo em pequenas partículas, sem o fazer desaparecer, mas tornando-o mais facilmente biodegradável”, explicou Bob Perciasepe, da Agência americana de Protecção do Ambiente (EPA).
O que é certo é que esta quinta-feira, a EPA suspendeu a utilização dos dispersantes em profundidade, junto à fuga, para dar tempo de obter os resultados de análises que determinem o impacto dos químicos no ecossistema.
A utilização de dispersantes é apenas uma das faces da luta contra a maré negra. Mas a maior esperança era uma cúpula colocada sobre a fuga, a 1500 metros de profundidade. Anteontem, a BP viu-se obrigada a retirar a estrutura do local devido à formação de cristais semelhantes ao gelo. A companhia deu uma margem de dois dias para tentar encontrar uma solução.
Congresso norte-americano prepara-se para série de audições sobre maré negra
A maré negra no Golfo do México está a inundar o Congresso norte-americano com perguntas. A instituição está a preparar uma série de audições para compreender as causas e avaliar responsabilidades pelo acidente.
Pela primeira vez desde a explosão, a 20 de Abril, da plataforma Deepwater Horizon, explorada pelo gigante petrolífero britânico, um responsável da BP América, Lamar McKay, vai responder terça-feira às perguntas dos senadores na comissão de Energia e Recursos Naturais do Senado.
No centro dos debates estará o dispositivo “anti-explosão” da plataforma que, manifestamente, não funcionou. O aparelho foi fabricado pela Cameron International, empresa sediada em Houston.
Os senadores vão levar as suas dúvidas sobre aquele dispositivo a uma outra audição, prevista para quarta-feira, na comissão de supervisão e inquérito da Câmara dos Representantes. Esta deverá analisar a “pertinência das medidas de segurança”.
“É preciso saber quem fabricou os dispositivos de segurança, quem fez a sua manutenção e de quem é a responsabilidade”, disse esta semana à CNN o senador Bill Nelson, da Florida, um dos estados que poderá sentir as consequências da maré negra.
Além das companhias privadas implicadas – entre as quais a BP e a Transocean, proprietária da plataforma – os senadores vão ater-se ainda sobre o papel da administração norte-americana na supervisão da segurança nas plataformas petrolíferas offshore. É aqui que entra uma pequena agência da secretaria dos Assuntos Internos, o Serviço de Gestão Mineral (MMS, sigla em inglês), responsável pela gestão dos recursos mineiros e petrolíferos norte-americanos.
Para a semana, Ken Salazar, secretário dos Assuntos Internos, - estrutura da qual depende a MMS - deveria prestar esclarecimentos aos senadores mas a sua audição foi adiada porque vai visitar a região do Golfo do México.
Esta quinta-feira, foi apresentado um projecto de lei a fim de criar uma comissão independente para investigar as causas e o impacto da explosão na plataforma, que fez onze mortos e causou a maré negra. Um outro documento foi apresentado esta semana ao Congresso para aumentar o limite das indemnizações a pagar pelas companhias petrolíferas dos 75 milhões actuais para dez mil milhões de dólares.
A empresa proprietária da plataforma, Transocean, informou que vai disponibilizar 200 milhões de dólares para fazer face aos custos previsíveis da catástrofe.
Fonte: Publico.pt
domingo, 9 de maio de 2010
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