segunda-feira, 17 de maio de 2010

Gigantescos lençóis de petróleo agravam a catástrofe no Golfo do México

Os cientistas encontraram enormes lençóis de petróleo por baixo da superfície do Golfo do México, tornando a maré negra muito mais grave do que até agora se sabia.

As empresas petrolíferas ignoraram todos os avisos de perigo antes da explosão que se verificou a 20 de Abril numa plataforma da British Petroleum (BP); e agora só uma das camadas submarinas de crude tem mais de 16 quilómetros de comprimento e cinco quilómetros de largura.

As novas descobertas dos cientistas, hoje reveladas em jornais como o “The New York Times”, apresentam um panorama muito mais grave do que aquele que até agora estava a ser dado tanto pela Administração Obama como pela própria BP.

As investigações em curso têm levantado a possibilidade de uma forte negligência, que permitiu que debaixo de água existam agora lençóis de petróleo com uma espessura de 100 metros e com muitos quilómetros de extensão.

“Há uma quantidade chocante de petróleo em águas profundas, muito mais do que aquela que se vê à superfície”, disse Samantha Joye, investigadora na Universidade da Geórgia.

“Há uma quantidade tremenda de petróleo em camadas múltiplas, três, quatro ou cinco camadas, à medida que se desce em profundidade”, insistiu aquela participante nas missões científicas que estão em curso para apurar tudo o que na verdade está a acontecer no Golfo do México.

As empresas envolvidas na exploração petrolífera da plataforma Deepwater Horizon ignoraram os testes que identificaram falhas nos dispositivos de segurança, horas antes da explosão, segundo a investigação do Congresso norte-americano. E agora de dia para dia estão a surgir novos dados sobre toda a amplitude da tragédia.

Os lençóis submarinos de petróleo estão a acabar com o oxigénio dissolvido nas águas do Golfo, preocupando os cientistas, que temem que o nível de oxigénio desça tão baixo que acabe com toda a espécie de vida marítima nas proximidades da zona onde se deu o desastre.

Quando a explosão se verificou, o poço estava a ser selado porque a BP queria começar a explorar outra zona. Mas nem tudo correu bem; e agora o continente assiste a um dos maiores problemas ecológicos de que há memória.

Só a menos de duas horas da explosão na plataforma é que responsáveis da BP decidiram que se justificava a suspensão dos trabalhos, mas era já demasiado tarde.

As investigações estão a ser feitas por cientistas de uma série de universidades, que viajam no navio de pesquisas “Pelican”, que partiu dia 3 de Maio do porto de Cocodrie, no estado norte-americano da Luisiana.

Samantha Joye, citada pelo “The New York Times”, afirma que perto de alguns dos lençóis de petróleo o oxigénio já diminuiu 30 por cento em quase um mês decorrido desde a altura em que tudo começou.

A Casa Branca pediu ao Congresso dez milhões de dólares (oito milhões de euros) para despesas judiciais relativas à maré negra do golfo do México; e a BP anunciou há dias que este problema já lhe custou 450 milhões de euros. Os prejuízos de todas as partes poderão vir a ser muito mais elevados do que o previsto até aqui.

Fonte: Publico.pt

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