O Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) conta ter, a curto prazo, duas ferramentas que há muito fazem falta ao país: um conjunto de indicadores para a diversidade biológica e um sistema de monitorização do património natural.
De acordo com o presidente do ICNB, Tito Rosa, está a ser adaptado à realidade nacional um conjunto de indicadores para a biodiversidade já utilizados a nível internacional. "Até ao final do ano, devemos estabilizar o conjunto de indicadores", afirma Tito Rosa.
Em princípio, serão em torno de uma dezena. Entre eles estarão indicadores sobre as aves comuns, o uso do solo, os fogos florestais, as áreas protegidas, as espécies ameaçadas e a diversidade genética das raças. Com eles, o ICNB espera apresentar, anualmente, uma espécie de retrato global do estado da biodiversidade do país, com base num conjunto restrito de parâmetros.
Projecto-piloto no Norte
Numa escala mais detalhada, também está a ser desenvolvido um sistema de monitorização das espécies e habitats, em si, que compõem a biodiversidade nacional. Desde 2008, uma equipa com 30 investigadores está a construir a estrutura onde irá assentar um sistema de monitorização para a Região Norte.
O trabalho, fruto de uma parceria do ICNB com o CIBIO (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos), deverá estar concluído no final deste ano. Se tudo correr bem, poderá ser alargado ao resto do país.
O projecto ainda está numa fase de testes. "Estamos a construir as bases de dados, as ferramentas e metodologias que depois serão utilizadas para monitorizar a biodiversidade", explicou ao PÚBLICO João Honrado, investigador do CIBIO e coordenador do projecto. Actualmente, apenas existem programas de monitorização relativos a espécies específicas, normalmente as mais emblemáticas, ou programas realizados no âmbito de estudos de impacto ambiental de estradas, barragens ou parques eólicos.
Agora, aquilo que se pretende é um olhar mais integrado. "Com este sistema, até poderemos relacionar tendências de evolução, como, por exemplo, se o declínio de uma espécie pode estar ligado à degradação de um habitat", afirma João Honrado.
Durante este ano, a equipa quer testar e aperfeiçoar o sistema, com a expectativa de transformar aquilo que é um projecto-piloto num sistema de abrangência nacional. Tito Rosa, presidente do ICNB, confirma que, se o sistema funcionar, poderá ser alargado a todo o país.
Segundo João Honrado, a ideia é conseguir fazer, de dois em dois anos, uma avaliação da condição das espécies e habitats. A informação obtida será utilizada também para acompanhar a evolução dos sítios nacionais da Rede Natura 2000 - o projecto da União Europeia para preservar a diversidade dos seus habitats - e também para possibilitar a integração dos dados nacionais de biodiversidade nos sistemas internacionais.
João Honrado acrescenta ainda a valência científica: "O projecto promove conhecimento científico relevante, a nível regional e nacional, para melhorar as estratégias de conservação e gestão das áreas protegidas".
A inexistência de informação disponível, coordenada e actualizada sobre a situação dos valores naturais em Portugal é uma das lacunas apontadas pelo relatório de avaliação concluído no ano passado sobre a Estratégia Nacional de Conservação da Natureza a Biodiversidade.
Fonte: Publico.pt
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