A Calantha, a Tartaruga e a Cat foram devolvidas à Natureza em Setembro passado, no Algarve, ao abrigo do projecto pioneiro Regresso adiado, que visa estudar o seu comportamento no meio selvagem e padrões migratórios.
Cada uma levou consigo um transmissor de satélite, que permite localizá-las e saber a que velocidade nadam, uma anilha e um microchip, revelou Élio Vicente, do Zoomarine, acrescentando que o sinal se deverá manter por mais um ano.
"O transmissor só funciona fora de água, altura em que localiza os satélites", explica o biólogo, sublinhando que os sinais são depois emitidos para um sistema internacional, o que permite criar mapas, disponíveis online.
Durante estes nove meses os percursos foram completamente distintos: a Calantha está no meio do oceano Atlântico na direcção do golfo do México, a Tartaruga na Mauritânia e a Cat foi directa para o Brasil.
As duas primeiras têm já cerca de 40 anos e viveram praticamente toda a vida em cativeiro: uma no Aquário Vasco da Gama, em Lisboa, e outra num aquário municipal no Funchal. A terceira foi confiscada no aeroporto.
Os seus destinos acabaram por se cruzar no Porto de Abrigo do Zoomarine, local onde Calantha e Tartaruga passaram quatro anos e onde Cat, que chegou a Portugal dentro de uma mochila, viveu durante nove anos.
A Cat, a mais jovem, amputada de uma das barbatanas devido à mordedura de um tubarão, foi a que acabou por surpreender mais a equipa de biólogos.
"Atravessou o Atlântico quase sem hesitar, em linha recta até ao Brasil", contou Élio Vicente, director de Ciência e Educação do Zoomarine, que diz que em 175 dias a Cat nadou 8000 quilómetros, quase o dobro das outras duas.
Há cerca de duas semanas que o transmissor de satélite que levou acoplado à carapaça deixou de dar sinal, o que está a intrigar os biólogos, que não sabem se o dispositivo caiu ou se a tartaruga morreu.
O certo é que, para Élio Vicente, está provado que é possível devolver animais que estiveram tanto tempo em cativeiro à natureza, meio onde aparentemente estão a comportar-se como se nunca de lá tivessem saído.
A Calantha, a tartaruga mais velha e também mais pesada, com 130 quilogramas, deverá alcançar as Caraíbas dentro de seis meses.
Quanto aos percursos seguidos por cada uma das tartarugas - animais que podem chegar aos 120 anos -, sabe-se apenas que supostamente as fêmeas acabam sempre por regressar às suas praias de origem, local que deverão escolher para desovar.
O Zoomarine quer fazer o mesmo com outros animais devolvidos ao meio selvagem, mas o que está a dificultar a operação são os elevados custos inerentes, já que o projecto representou um investimento de mais de 15 mil euros.
Fonte: Diário de Notícias
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