O director executivo da BP, Tony Hayward, apresentou ontem as suas condolências aos familiares e amigos dos onze trabalhadores que morreram na sequência da explosão da plataforma petrolífera Deepwater Horizon, e pediu desculpas aos americanos pelo impacto devastador da tragédia no ecossistema e na economia da região do golfo do México. "Este desastre nunca deveria ter acontecido", desabafou.
Testemunhando perante um sub-comité de Comércio e Energia da Câmara de Representantes, o CEO da petrolífera britânica garantiu que a sua companhia fará públicas as conclusões do inquérito que está a ser conduzido a nível interno sobre as causas do acidente. "Até ao momento, não sabemos o que provocou este desastre, que lamentamos profundamente", declarou Hayward.
A maratona de perguntas e respostas começou com uma surpresa: o congressista republicano do Texas, Joe Barton, falando em nome pessoal e não do seu partido, pediu desculpas à BP pelo comportamento do Presidente Barack Obama e a sua exigência de que a petrolífera depositasse 20 mil milhões de dólares numa conta caucionada para reembolsar as vítimas da maré negra do golfo.
"Para mim, corresponde a extorsão", criticou Joe Barton. "É uma tragédia que uma empresa seja sujeita a este tipo de chantagem. Isto é inusitado e inédito, não tem validade legal e constitui um terrível precedente para o futuro", considerou.
Tony Hayward não conseguiu disfarçar o seu espanto e perplexidade - o CEO da BP estava, com certeza, preparado para ouvir duras críticas, não palavras de simpatia. Imediatamente o democrata da Pensilvânia Ed Markey falou para defender a iniciativa do Presidente. "Pudemos ver o Governo dos Estados Unidos a trabalhar para proteger os residentes do golfo, que são os cidadãos mais vulneráveis do país neste momento", contrariou.
A discussão rapidamente ultrapassou o combate partidário para se concentrar na actuação da BP antes do acidente, em particular as decisões tomadas durante a perfuração do poço do Deepwater Horizon, alegadamente "para poupar tempo e dinheiro" no processo.
Desde o início da crise, há precisamente 60 dias, Tony Hayward, o geólogo de 52 anos que dirige a petrolífera desde 2007, foi sucessivamente acusado de incompetência, irresponsabilidade, falta de integridade e insensibilidade, e ontem essas queixas foram repetidas pelos legisladores.
Assim que tomou a palavra, o director da BP foi interrompido por protestos da assistência. Alguns manifestantes, com as mãos pintadas de negro como se tivessem sido mergulhadas em petróleo, saltaram das cadeiras para acusar Tony Hayward de ser responsável por um crime - em minutos, foram subjugados e escoltados para fora da sala pela polícia do Capitólio.
O discurso preparado pelo CEO era rico em palavras de contrição mas parco em explicações, o que só contribuiu para aumentar o nível de frustração entre os legisladores. "Não me lembro", "não estive envolvido nessa decisão", "não é do meu conhecimento", "não tenho competência para comentar", insistiu Hayward a cada interpelação.
Com uma investigação criminal em curso, e uma série de processos civis interpostos contra a petrolífera, não era de esperar que o depoimento do CEO - que prosseguia à hora de fecho desta edição - viesse lançar alguma luz nos acontecimentos que levaram à explosão da Deepwater Horizon.
Fonte: Publico.pt
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