A “mancha gigante de pontos” que ocupa o radar todos os dias ao anoitecer quando os cagarros regressam ao Corvo demonstra o sucesso da técnica inovadora que está a ser testada nesta ilha dos Açores para monitorizar aves marinhas.
“É impressionante o que se vê ao final da tarde, quando começa a anoitecer. É uma mancha gigante de pontos no radar”, afirmou hoje Pedro Geraldes, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), em declarações à Lusa.
O projeto teve início na semana passada, quando um grupo de especialistas nacionais e estrangeiros chegou ao Corvo para testar um sistema de monitorização de aves marinhas que está a ser usado pela primeira vez em Portugal.
“Estamos a utilizar um radar idêntico ao dos aeroportos, mas com as definições reguladas para apanhar aves”, salientou Pedro Geraldes, que coordena o projeto, frisando que, inicialmente, a maior dúvida dos especialistas era saber se conseguiam distinguir as aves no radar.
Nos primeiros dias, os trabalhos decorreram em terra, em vários locais da ilha mais pequena dos Açores, tendo as experiências passado para o mar no domingo, com recurso a um barco alugado a pescadores locais para analisar as falésias do Corvo.
“As primeiras conclusões indicam que as falésias são muito mais utilizadas do que o topo da ilha”, adiantou Pedro Geraldes, frisando, no entanto, que as conclusões finais deste projeto apenas devem ser conhecidas dentro de alguns meses.
Este sistema de radar pode ser a solução para monitorizar aves marinhas mais difíceis de observar, seja porque voam muito alto ou porque apenas aparecem à noite, esperando Pedro Geraldes que esta experiência permita que se consiga determinar o número de aves que utilizam as falésias do Corvo e quais os locais que preferem.
O projeto que está a decorrer na mais pequena ilha açoriana está dirigido aos cagarros - a ave marinha mais abundante dos Açores -, mas segundo este especialista, pode vir a ser utilizado “para outras espécies, noutras alturas do ano”.
“Estamos a ter resultados muito positivos”, afirmou Pedro Geraldes, admitindo que esta parece ser “uma técnica viável” para a monitorização de aves marinhas.
Fonte: LUSA
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