sábado, 17 de julho de 2010

Obama pede cautela apesar de fuga de crude ter sido travada

Não é claro se a operação de contenção continuará após o teste. A solução definitiva só virá com a perfuração de um novo poço.

Quase se ouvia o barulho de rolhas de champanhe a saltar após o anúncio de que a BP tinha conseguido, pela primeira vez desde há quase três meses, estancar a fuga de petróleo no golfo do México. As acções da empresa subiram, o Presidente Obama falou de uma "boa notícia", uma das primeiras depois da explosão da plataforma que a 20 de Abril deixou o poço a atirar petróleo para o mar à razão de milhares de barris por dia.

Mas os festejos deram lugar à cautela: as acções da empresa, que tinham subido em Londres, desceram em Nova Iorque. O próprio Presidente norte-americano avisou que a medida é apenas temporária e que não é definitivo que os resultados se mantenham: "Não nos vamos entusiasmar", avisou Barack Obama.

A BP continuava ontem um teste à pressão do poço para ver se a medida tinha tido afinal conseguido selar mesmo o poço ou se havia fugas depois de, finalmente, após todos os esforços anteriores, uma tentativa de estancar a fuga tinha tido sucesso. As câmaras não detectaram fugas, mas era essencial ver se a pressão no interior do poço se mantinha alta - se baixasse, seria sinal de que o crude estava a sair por alguma fuga. Ao fim do dia de ontem estavam-se a cumprir 17 horas de um teste que poderia demorar 48 horas.

Mas, mesmo que resulte plenamente, esta medida é temporária. "Quando o petróleo pára de sair, toda a gente pensa que acabou. Mas não acabou", disse o Presidente Obama. "Só acaba quando tivermos uma solução permanente e formos capazes de matar o poço."

A estação de televisão britânica BBC explica que não é claro o que vai acontecer se o teste que agora decorre tiver sucesso. A BP já sugeriu que poderia manter o poço selado, enquanto os navios que têm recolhido o petróleo ficam em stand-by, esperando se for necessária a sua intervenção.

Mas o almirante Thad Allen, que comanda a resposta da Administração norte-americana, diz que o mais provável é que se recomece a recolha de petróleo do poço. A eficácia da recolha aumentaria para que pudessem ser recolhidos 80 mil barris de petróleo por dia, quando o poço está a deitar entre 35 mil e 70 mil, diz a agência Reuters.

A solução definitiva chegará depois, com o fim da perfuração de um novo poço, chamado "de intersecção". Quando chegar ao poço original, lama e cimento serão depois usados para fechar a fuga de modo permanente.

O incidente na plataforma Deepwater Horizon matou 11 pessoas e provocou um derrame de petróleo que se arrastou por 87 dias e que foi classificado como o maior na História dos EUA. A fuga poderá custar à BP entre 30 e 100 mil milhões de dólares, conforme as estimativas. A petrolífera britânica pagou já 200 milhões a 32 mil queixosos, e há outros 17 mil a ser avaliados para elegibilidade para pagamento, e ainda 61 mil em fase de recolha de dados.

O desastre levou à falência de um terço da indústria da pesca na costa local. Deixou mortos 1387 aves, 444 tartarugas marinhas e 53 mamíferos, segundo a associação Friends of the Earth - apenas a ponta do icebergue dos efeitos num ecossistema frágil no qual populações de golfinhos, peixe e camarão poderão não recuperar tão cedo, diz o diário britânico "The Guardian".

Fonte: Publico.pt

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