Desde que foram integrados na Guarda Nacional Republicana os antigos polícias florestais sentem que os seus conhecimentos estão a ser desperdiçados
Há 300 elementos em Portugal com elevado conhecimento cientifico e técnico sobre fogos florestais que continuam sem ser aproveitados: os antigos polícias florestais (PF), que viram as suas funções extintas ao serem integrados nos quadros da GNR. No terreno os incêndios estão a dar tréguas aos bombeiros e foi já extinto um dos fogos no Parque Nacional da Peneda Gerês. Mas a área ardida é já a pior dos últimos cinco anos: segundo o Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais arderam mais de 74 mil hectares desde o final de Julho.
A farda e as insígnias ainda são as mesmas da extinta PF, mas estes operacionais já não vão a todos os incêndios. Mestres e guardas-florestais, com décadas de experiência, viram ser-lhes retiradas as funções técnicas quando a PF foi extinta e os seus efectivos integrados na carreira civil da GNR.
No grande fogo de S. Pedro do Sul, onde os bombeiros se debateram com falta de acessos, um antigo polícia florestal conhecia todos os estradões, mas esse pormenor passou despercebido. Já esta semana, no fogo de Moledo, estes guardas "tiveram funções de reguladores de trânsito e pouco mais", referiu, sob anonimato, um destes elementos.
Um pormenor que "faz toda a diferença" sentencia um antigo secretário de Estado da Agricultura. "O Estado saiu da floresta, abandonou-a e hoje não há ninguém na floresta, para vigiar e cuidar", adianta Álvaro Amaro. Também a presidente da Liga para a Protecção da Natureza, Alexandra Cunha, lembra que estes operacionais "reuniam muito saber técnico e mantinham a floresta vigiada, em permanência".
A PF, que era um órgão de polícia criminal, detinha competências na investigação e determinação de causas dos incêndios florestais. Hoje estes operacionais foram "engolidos pela GNR" e "não vão a todos os fogos. Alguns nem sabemos que existem", declara um mestre florestal de Viseu hoje "convertido em orientador de tráfego e caça multas".
"Portugal deve ser dos poucos países que se deu ao luxo de extinguir a guarda-florestal, que exercia a sua autoridade em proximidade desde sempre", desabafa Álvaro Amaro. Serão agora menos de 300.
Os guardas florestais receberam em 1989 competências na determinação das causas dos fogos e metade do seu efectivo chegou a deter essa capacidade. Mas com a extinção da PF "perdeu-se ciência acumulada", conclui Álvaro Amaro.
O dia de ontem foi mais calmo no combate e permitiu mesmo extinguir os fogos de Travanca, no Parque da Peneda Gerês e em Castro Daire. Durante o dia houve registo de fogos em Viana do Castelo, Braga e Viseu. Às 19.00 estavam contabilizadas três centenas de incêndios dos quais oito permaneciam activos, entre os quais os de Montalegre, activo desde dia 12, e de Ponte da Barca. Já a PJ anunciou a detenção de dois indivíduos suspeitos da autoria de dois incêndios.
A activação do Plano de Emergência de Castro Daire, devido ao fogo de Moledo, não contou com a participação do INEM nem foi montado nenhum posto médico avançado, que nos termos da lei é obrigatório.
O fogo provocou cinco feridos, entre bombeiros e civis, e o vereador da Protecção Civil da autarquia garantiu que foi instalado um "posto médico avançado". Mas tal não aconteceu apesar de o comandante da Protecção Civil ter garantido que "o posto médico avançado foi accionado por precaução, já que várias povoações foram cercadas pelas chamas e muita gente inalou fumo".
César Fonseca adiantou que "todos os meios necessários para o hospital de campanha estiveram no terreno mas a tenda não chegou a ser montada". Um facto que não corresponde à verdade, já que nenhuma Viatura de Intervenção em Catástrofe, operadas pelo INEM e que não foi notificado para a sua montagem, esteve no local onde apenas compareceram quatro ambulâncias e uma viatura médica de emergência. O DN tentou, sem sucesso, ouvir a Protecção Civil e o INEM.
Fonte: Diário de Notícias
Said
O que admira é estarem a ser tomadas medidas ao arrepio do que seria normal, á críticas por paret das pessoas a denúnciar,a opinar tal como pedem dizem ser próprio do povo em democracia, por fim estes políticos respondem cagando-se literalmente para o povo, este o resultado da sua participação.