Até 15 de Agosto, segundo a Autoridade Florestal Nacional, arderam 71.687 hectares de espaços florestais. Primeiros 15 dias deste mês contabilizaram média de 373 ignições por dia.
Guarda , Viana do Castelo, Viseu e Braga. Estes quatro distritos do Norte e Centro do país concentram dois terços da área ardida em Portugal continental entre 1 de Janeiro e 15 de Agosto, segundo os dados da Autoridade Florestal Nacional, divulgados ontem. A Guarda, com mais de 16 mil hectares ardidos, a maior parte dos quais em resultado de apenas nove incêndios, lidera o ranking dos distritos com maior área destruída, numa altura em que no continente ardeu um total de 71.687 hectares.
Este número representa um aumento significativo face à área ardida nos últimos três anos, mas está muito aquém da destruição ocorrida nos dois anos mais trágicos dos incêndios florestais, 2003 e 2005, em que arderam, no conjunto, cerca de 764 mil hectares, ou seja, perto de 14 por cento da área florestal nacional. A área ardida até 15 de Agosto significa aproximadamente 70 por cento da média dos últimos dez anos no mesmo período (102.649 hectares). Esta média inclui anos trágicos como 2003 e 2005, mas também anos benignos como 2007, com pouco mais de 17 mil hectares ardidos, o valor mais baixo desde que há registos.
Alguns dos distritos com maior área ardida são também os que contabilizam maior número de ignições. Viana do Castelo, o segundo a nível da área ardida, com 12 mil hectares destruídos pelas chamas, ocupa o quarto lugar na lista de distrito com mais ocorrências: 1552. Excepção é o caso da Guarda que, apesar de só registar 253 ignições, contabiliza a maior área ardida do país. O elevado número de ocorrências (até 15 de Agosto foram 14.661) continua a preocupar os especialistas. Apesar deste número estar abaixo da média 2000-2009, os primeiros 15 dias do mês registaram uma média de 373 ignições dia, com um recorde no dia 8 de Agosto: 501 fogos.
O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, atribuiu ao "eficaz dispositivo de combate" o valor da área ardida. Rui Pereira, que falava ontem no final do briefing diário da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), em Lisboa, destacou o facto de, este ano, a área ardida ser muito menor do que em 2003 e 2005. "A área já ardida em 2010 é, em período homólogo, menos de um quinto do que a registada em 2003 e pouco mais de um terço do que a que ardeu em 2005", afirmou. "Há uma melhor coordenação, mais cooperação e os meios disponíveis foram programados e reforçados", sustentou.
À margem do briefing da ANPC, o secretário de Estado da Protecção Civil, Vasco Franco, afirmou que as 95 viaturas para os bombeiros, que têm 13 milhões de euros reservados no Orçamento do Estado desde 2008, ainda não foram entregues devido à "burocracia". Vasco Franco reagia assim a uma notícia divulgada pelo jornal i, segundo a qual os bombeiros esperam há três anos por estas viaturas. Isto porque foi em 2007 que foi feito o levantamento das necessidades e uma candidatura ao Quadro de Referência Estratégico Nacional.
"Em 2008 foi feito um concurso para adjudicação das 95 viaturas, só que ficou deserto. Os concorrentes não cumpriram os requisitos, tendo sido feito outro em 2009", explicou. Vasco Franco diz que está a decorrer o prazo de adjudicação, esperando que o contrato esteja no Tribunal de Contas até ao final do ano. "Todos nós gostávamos de comprar viaturas para os bombeiros como quem compra outro produto no supermercado, mas isso não é possível", lamentou.
Mais dois detidos
A PJ deteve um ex-bombeiro, de 31 anos, e um um indivíduo sem profissão, de 35, que são suspeitos de atearem fogos e vão aguardar julgamento em prisão preventiva. O mais velho, que, segundo a PJ, "sofrerá de perturbação psicológica e será alcoólico", deverá ser entretanto sujeito a tratamento psiquiátrico, por ordem do juiz de instrução. A polícia imputa-lhe dois incêndios florestais ocorridos em 24 de Julho na zona de Ribeira de Pena, e admite que tenha ateado outros fogos. O outro detido é electricista e ex-bombeiro, sendo suspeito de ter ateado um incêndio florestal na tarde do dia 15, em Alvaiázere, Leiria. Este ano, a PJ já prendeu 22 suspeitos de incêndio florestal, dos quais 9 estão em prisão preventiva.
Norte voltou a ser a região mais fustigada
As chamas que lavraram durante a madrugada de ontem, no lugar de Trogal, concelho de Ponte de Lima, provocaram queimaduras de segundo grau no braço de uma bombeira. Num dia em que o Norte do país voltou a ser a região mais afectada pelos incêndios, os distritos de Braga, Vila Real e Viana do Castelo foram aqueles que registaram mais ocorrências. No Gerês, havia apenas um incêndio na freguesia de Cabril (Montalegre), à hora do fecho desta edição, depois de terem sido dominados os fogos de Fafião (Montalegre) e do Mezio (Arcos de Valdevez), que deflagrou há uma semana. Durante a madrugada de ontem, além dos ferimentos numa bombeira do Grupo de Reforço de Coimbra, as chamas em Trogal também destruíram uma viatura da mesma corporação e uma casa, que não era ocupada permanentemente pela proprietária . O incêndio em Castro Daire, que na segunda-feira tinha colocado algumas povoações em risco, chegou a ser dado como dominado de manhã, mas reactivou-se à tarde, requerendo a intervenção de mais de 200 bombeiros, apoiados por 52 viaturas e dois meios aéreos. À hora de fecho desta edição, a Autoridade Nacional de Protecção Civil registava 282 ocorrências, das quais 36 em curso, no dia de ontem.
Fonte: Publico.pt
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