segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A realidade dos que protegem a floresta Amazônica

      ...Dois homens denunciaram a quatro órgãos federais e dois estaduais uma milionária operação criminosa que rouba ipê de dentro de áreas de preservação da floresta amazônica, no Pará. Depois da denúncia, um foi assassinado – e o outro foge pelo Brasil com a família, sem nenhuma proteção do governo. A partir do relato desses dois homens, é possível unir a Amazônia dos bárbaros à floresta dos nobres..

Os dois denunciaram a operação criminosa de extração de madeira no mosaico de unidades de conservação da região da BR-163 e da Terra do Meio para os seguintes órgãos federais: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Polícia Federal e Secretaria Geral da Presidência da República. Também fizeram denúncias ao Ministério Público Federal e também ao Estadual, além da Polícia Civil do Pará. Pouco aconteceu, além da execução de Chupel.

ELIANE BRUM

João Chupel Primo é o morto. Junior José Guerra é o que luta para se manter vivo, depois de pedir e não receber proteção das autoridades. Eles denunciaram o que pode ser uma das maiores operações criminosas de roubo de madeira na Amazônia. Segundo testemunhas, as quadrilhas chegaram a transportar, em um único dia, cerca de 3.500 metros cúbicos – o equivalente a 140 caminhões carregados de toras e 3, 5 milhões de dólares brutos no destino final. A maior parte da produção é ipê, hoje a madeira mais valorizada pelo crime organizado pelo potencial de exportação para o mercado internacional. Toda a operação passa por uma única rua de terra de um projeto de assentamento do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra), controlado por madeireiros: o Areia, localizado entre os municípios de Trairão e Itaituba, no oeste do Pará. Pelo menos 15 assassinatos foram cometidos na região nos últimos dois anos por conflitos pela posse da terra e controle da madeira. Este é o começo da explicação de por que João Chupel Primo morreu – e Junior José Guerra precisa fugir para não ter o mesmo destino.

A Amazônia, segundo um morto e um fugitivo

Dois homens denunciaram a quatro órgãos federais e dois estaduais uma milionária operação criminosa que rouba ipê de dentro de áreas de preservação da floresta amazônica, no Pará. Depois da denúncia, um foi assassinado – e o outro foge pelo Brasil com a família, sem nenhuma proteção do governo. A partir do relato desses dois homens, é possível unir a Amazônia dos bárbaros à floresta dos nobres no mosaico de unidades de conservação da região da BR-163 e da Terra do Meio para os seguintes órgãos federais: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Polícia Federal e Secretaria Geral da Presidência da República. Também fizeram denúncias ao Ministério Público Federal e também ao Estadual, além da Polícia Civil do Pará. Pouco aconteceu, além da execução de Chupel.

Na tarde de 20 de outubro de 2011, João Chupel Primo detalhou o esquema em uma reunião com o procurador Cláudio Terre do Amaral, que durou 1 hora e 20 minutos, na sede do Ministério Público Federal em Altamira. Participaram dessa reunião várias pessoas, entre elas uma representante da Secretaria Geral da Presidência da República. Na reunião, Chupel afirmou que decidiu procurar o Ministério Público Federal de Altamira porque já denunciara a outros órgãos e nada havia acontecido. Nos dias 6 e 8 de setembro, por exemplo, ele e Junior haviam dado um depoimento, em Itaituba, à Polícia Federal e ao ICMBio, autarquia do governo federal responsável por fiscalizar e proteger as unidades de conservação. Depois de fazer mais uma vez a mesma denúncia, Chupel afirmou: “Daqui, eu só tenho um caminho”. Fez uma pausa antes de continuar: “Pro céu”.


Menos de dois dias depois, em 22 de outubro, João Chupel Primo foi executado com um tiro na cabeça, dentro de sua oficina mecânica, em Itaituba, à beira da Transamazônica. Junior trancou-se com a mulher e os dois filhos, de 12 e 14 anos, dentro da sua casa, no município de Trairão, nas proximidades da BR-163, e postou-se com uma espingarda na mão. Às 6h da manhã seguinte, uma viatura da Polícia Rodoviária Federal finalmente alcançou a porta de sua casa. Ao ouvir as portas do carro batendo, Junior empunhou a espingarda. Sua mulher chorava: “Você acha que vai conseguir nos defender com uma espingarda? Você nunca deveria ter denunciado”. Ao perceber que quem estava ali era a PRF, Junior jogou a espingarda embaixo da cama. Ele e a família foram levados a Santarém e, de lá, Junior foi a Brasília, para, mais uma vez, fazer as mesmas denúncias.

Ao voltar da capital federal, Junior viajou a Itaituba para recolher provas e documentos na casa de João Chupel Primo. Lá, foi perseguido por um pistoleiro conhecido como “Catarino”. Conseguiu escapar. Mesmo assim, Junior não foi aceito no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos. Neste programa, pessoas ameaçadas de morte vivem sob escolta, mas continuam atuando em suas comunidades. Para Junior foi oferecido ingressar no Provita – um programa em que testemunhas com risco de morte trocam de identidade, rompem todos os laços e passam a viver em outra região do país, sem contato com a vida anterior. Junior recusou. “Eu quero proteção para voltar lá no Areia e ajudar a criar uma estrutura em que a comunidade tenha condições de trabalhar na legalidade e viver em paz”, afirma. “Por que eu tenho de me esconder e perder tudo o que eu construí na minha vida, e os bandidos continuam lá? O governo quer me esconder para continuar não fazendo nada.”

É difícil compreender por que Junior José Guerra foi entregue à própria sorte. Se não fosse por razões humanitárias, pelo menos deveria contar o serviço que prestou ao Brasil. Segundo Ubiratan Cazetta, procurador-chefe do Ministério Público do Pará: “As denúncias são as mais detalhadas e concretas já feitas sobre aquela região”. Segundo Rômulo Mello, presidente do ICMBio: “Essa foi uma denúncia qualificada, que nos permitiu chegar a dados importantes”. A partir das informações de Chupel e Junior, o ICMBio fez duas operações na região. Na segunda, apreendeu 5 mil metros cúbicos de madeira – 90% deles ipê – e seis tratores, além de aplicar multas no total de R$ 6,4 milhões. Segundo André Villas-Bôas, secretário-executivo do Instituto Socioambiental, organização não governamental com maior atuação na Terra do Meio: “O ISA trabalha diretamente com a Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio e acompanha a agonia dos moradores em ver os recursos naturais serem saqueados, ano após ano, sem ter informações que explicitem esses esquemas. As denúncias permitiram que isso acontecesse. Junior Guerra apresentou informações muito qualificadas e seria absurdo não proteger essa testemunha, sujeitando-a ao assassinato”.

Dias antes do Natal, fui procurada por Junior José Guerra por meio de uma pessoa em comum. Ele pegaria o primeiro dos muitos ônibus de uma nova rota de fuga quando conversamos pela primeira vez. Ponderei que seria perigoso ele expor sua identidade em uma reportagem. Junior manteve-se irredutível. “Quem quer me matar conhece muito bem a minha cara e tem fotos minhas. Já fiz denúncias em todos os lugares e, mesmo assim, ninguém está preso. Minha única chance de permanecer vivo é fazendo com que o Brasil conheça a minha história”.

Antes de empreender uma viagem da qual não sabia se desembarcaria vivo, Junior me repassou os documentos que entregara a órgãos do governo e ao Ministério Público Federal, gravações feitas por João Chupel Primo e também suas fotos para publicar na reportagem. Tudo o que está dito aqui é de conhecimento das autoridades, há meses, desde o tempo em que Chupel ainda respirava. Neste exato momento, o que está em jogo é a vida de Junior José Guerra. E o que está em suspenso é a capacidade do governo de proteger a floresta e os brasileiros que vivem nela.  

O começo da história

A trajetória de João Chupel Primo, 55 anos, e de Junior José Guerra, 38, evoca duas perguntas intrigantes. Como o ipê é tirado, em grande volume, de dentro de unidades de conservação protegidas por decreto federal? Como Chupel e Junior denunciam uma operação criminosa a autoridades de diversas instâncias, e, mesmo assim, um é assassinado e o outro é obrigado a fugir?

No início de 2004, a situação no oeste do Pará era crítica. Grileiros dominavam a região pela força, ameaçando a sobrevivência da floresta e dos povos da floresta. Naquele momento, o interesse era botar a mata abaixo e transformá-la em pasto para boi como forma de garantir a posse da terra. Na área conhecida como Riozinho do Anfrísio, cerca de 200 pessoas, descendentes de soldados da borracha abandonados na selva depois que o preço do látex desandou, defendiam a floresta e o seu direito de permanecer nela à custa da própria vida. Viviam da extração da castanha, do óleo da copaíba e da pesca – e à margem do Estado, que ignorava sua existência. Para expulsá-los, pistoleiros começaram a incendiar suas casas e a ameaçá-los de morte. A resistência da população extrativista levou a então ministra do Meio Ambiente Marina Silva a intervir. E em 8 de novembro de 2004, o governo Lula criou a Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio. Essa história foi contada em duas reportagens:
“O Povo do Meio” e “Nasce o País dos Raimundos”.

A partir de 2004, o governo federal criou um mosaico de unidades de conservação na Terra do Meio. Parecia uma grande vitória da sociedade contra o crime. Teria sido, se o Estado tivesse continuado a fazer a sua parte. Antes da criação da reserva, o líder extrativista Raimundo Belmiro estava jurado de morte. Hoje, voltou a estar jurado de morte, como foi denunciado nesta coluna, em “Cabeça a prêmio: R$ 80 mil”. Desde então, Raimundo vive sob escolta da guarda nacional.

Por quê?

A resposta pode ser encontrada nas denúncias de João Chupel Primo e Junior José Guerra. O conjunto de áreas de preservação foi criado, mas a ocupação pelo Estado ainda está muito aquém do necessário. Em vez de abandonarem a região, os grileiros apenas mudaram de atividade. Em lugar de abater a floresta para fazer pasto, passaram a extrair árvores nobres de dentro das áreas de proteção. Saiu a pecuária, entrou a madeira. Na prática, como o governo federal, seja pelo motivo que for, não fiscaliza como deveria, a mudança do modelo de negócio tornou o crime mais eficaz.

Há lógica na mudança de atividade. O gado exige uma estrutura maior e mais permanente do que a madeira. Os bois têm marcas, as toras não. A floresta abatida aparece facilmente nas medições de desmatamento. A extração de madeiras escolhidas, como o ipê, exige trabalho de campo e tecnologias elaboradas para que se possa enxergar. A grosso modo, é a diferença entre implodir um edifício – algo que todo mundo vê – ou apenas saqueá-lo por dentro. Você olha por fora e acha que está tudo bem com ele. Mas, se entrar, percebe que é uma carcaça.

Na prática, os grileiros continuaram agindo como se fossem os legítimos donos da terra, com territórios delimitados e assegurados pela força. A estrutura das quadrilhas é semelhante: em geral, há um “dono da terra”, que recebe entre 25% e 30% para permitir a retirada da madeira de sua “propriedade”. É dele a obrigação de garantir a segurança, eliminando as resistências de ribeirinhos, indígenas e assentados para que o “trabalho” se desenvolva sem percalços. Para isso, o “dono da terra” mantém uma espécie de milícia e um comandante. Quem paga a comissão para o “dono da terra” e se responsabiliza pela extração da madeira é o “extrator” – ou “gato”. Para isso, ele comanda várias equipes de pessoas para o abate da madeira. Quem se opõe à operação e a denuncia, como o líder extrativista Raimundo Belmiro, passa a ser jurado de morte. Se nem assim a pessoa se cala, só há dois caminhos: ou será protegido pela guarda nacional, como Raimundo; ou passa de marcado para morrer a morto, como Chupel.

Junior José Guerra está numa espécie de limbo. Por um lado, botou todos os documentos e gravações nas mãos das autoridades, mas isso não lhe garantiu a proteção do Estado. Agora, ele não tem nenhum trunfo para trocar pela vida. E está sendo caçado. 

A trajetória de João Chupel Primo – o morto
Conhecido na região de Itaituba como “João da Gaita”, João Chupel Primo era um gaúcho que migrou por vários estados até chegar à Amazônia e ao Pará. Nas festas, sempre dava um jeito de arrancar algumas músicas gauchescas da sua gaita. Até transformar-se em denunciante, costumava ser visto com desconfiança pelas lideranças que combatiam a grilagem. Dono de uma oficina mecânica em Itaituba, Chupel havia “comprado” uma área de terra no Riozinho do Anfrísio. Para fazer o negócio, fez sociedade com um grupo de pessoas da cidade de Sorriso, no Mato Grosso. O chamado Grupo Sorriso é um dos quatro que loteiam as unidades de conservação, traçando um mapa próprio de registro de imóveis em área pública.

Duas fortes razões – e como ele está morto não é possível saber qual delas pesou mais – levaram Chupel a denunciar um esquema do qual chegou a participar:

1)      Em 2011, começou a rarear o ipê no território do grupo de Carlos Augusto da Silva, o Augustinho, que chegou a ser preso pela morte de Chupel, durante a operação do ICMBio e PF, e foi libertado logo depois. Não apenas conhecido, mas temido em toda a região como o mais violento chefe do crime organizado, Augustinho passou a invadir a área do Grupo Sorriso para roubar madeira. Chupel foi tomar satisfações. Acabou espancado. Mais tarde, ele apresentaria às autoridades uma caderneta com manchas do sangue deste dia. No papel, anotações dos pontos de GPS onde a madeira fora abatida em sua “propriedade”. Acuado, Chupel já sabia que não poderia contar com a polícia local. Então, em agosto, procurou o Ministério Público Estadual, em Itaituba. E, em setembro, deu um depoimento à Polícia Federal e ao ICMBio, também em Itaituba. Em uma gravação, que entregou às autoridades, há o seguinte diálogo:

Augustinho - A polícia tem me ajudado muito!

Chupel - É, se eles não viessem ontem aqui, ficava difícil... Foi bom eles terem vindo, né?

Augustinho – (...) O comandante tá junto com a gente direto!

Chupel - Pois é...

Augustinho - Eu tenho que dar um dinheiro pra eles, uns mil, dois mil real.
 

 2) No início de 2011, Chupel perdeu seu único filho, eletrocutado em um torno da oficina mecânica. Em seguida, a mulher o abandonou. Segundo amigos, Chupel concluiu, por um lado, que não tinha mais para quem deixar seu patrimônio; por outro, começou a pensar em sua situação com Deus. Chupel é descrito como um católico fervoroso, com “conhecimento profundo da Bíblia”. Depois da perda do filho, passou a enxergar estrelas nas fotos que costumava tirar do entardecer. Numa viagem de carro, achou que uma delas o acompanhava. Acreditava ser um sinal do filho morto. Nas gravações, ele intercala as denúncias com frases sobre Deus. Chupel estava em busca de sentido, como acontece com tanta gente depois de uma perda. E isso o fragilizou diante de homens como Augustinho. Não há tempo para luto em terras de pistolagem.
É assim que João Chupel Primo começa a gravar conversas comprometedoras e a juntar documentação. É assim que ele começa a denunciar a operação criminosa às autoridades. E é assim que ele morre com um tiro na cabeça, a quatro metros de onde o filho perdeu a vida.

A trajetória de Junior José Guerra – o fugitivo

Junior José Guerra comunga da história de tantos migrantes que ouviram a promessa de um pedaço de terra na Amazônia. Nascido no interior do Paraná, ele viveu uma vida de roça, trabalhando como empregado de fazenda e cultivando um pequeno lote próprio. No início dos anos 2000, teve a terceira intoxicação por agrotóxicos na lavoura de soja. O médico alertou que ele não sobreviveria a uma quarta. Junior migrou sozinho para a região do Trairão, na beira da BR-163. Meses depois, levou a mulher e os três filhos. Mais tarde, comprou um lote no PA (projeto de assentamento) Areia. E, por alguns anos, também foi extrator de madeira da Floresta Nacional do Trairão.

Quando ele e Chupel começaram a fazer as denúncias, foram recebidos com cautela pelas autoridades, por já terem cometido infrações. Quem vive na Amazônia – como em qualquer lugar de conflito, onde tudo ainda está sendo escrito – sabe que a realidade tem vários tons de cinza entre o preto e o branco. Junior e Chupel exemplificam bem a importância de compreender a complexidade da vida naquela geografia. Sem a presença do Estado, parte dos assentados do PA Areia e da comunidade do Trairão vivem à margem da lei. “Enquanto o governo não implantar um plano de manejo florestal, tudo vai continuar igual”, afirma Junior. “As pessoas precisam comer. E a única maneira de fazer isso lá, hoje, é derrubando madeira. É isso que precisa mudar.”

Junior logo se confrontou com a lógica local. Descobriu que, apesar de viver em um projeto do governo federal, seus passos eram controlados pelos chefes do crime. Para entrar e sair do assentamento, ele pagava “pedágio”. O sentimento de posse dos grileiros era tão grande, que chegavam ao requinte de dar recibo.

Em 2007, Junior começou a se confrontar com alguns expoentes do setor madeireiro da região. Naquele ano, a Associação da Comunidade do PA Areia fez uma parceria com a Amexport Indústria e Comércio de Madeiras Ltda., madeireira instalada em Itaituba, para um plano de manejo florestal comunitário – a única forma legal de extração de madeira dentro de um assentamento. Segundo Junior, que participou do acordo como um dos representantes da associação, a proposta foi apresentada por Luiz Carlos Tremonte, da Amexport, e por Marcos Sato, da Amazônia Florestal. O contrato foi lavrado no cartório do 2º ofício de Itaituba em 28 de julho de 2007. Mas, em dezembro, a relação entre as partes era crítica.

Conforme documento enviado a esta coluna pelo próprio Tremonte, Junior teria recebido uma notificação extrajudicial pelo “recebimento de um adiantamento de R$ 10 mil da Amexport” e “por não ter entregado a madeira à empresa”. Junior afirma ter se recusado a assinar a intimação, por ser “uma “armação dos madeireiros”, na tentativa de desacreditá-lo. “Nunca recebi dinheiro nenhum”, diz. Dois dias depois, numa reunião registrada em ata, a associação decidiu, por sugestão de Junior, contratar um advogado para esclarecer os meandros do contrato.

Luiz Carlos Tremonte afirma que Junior é “maluco, um débil mental, que fez uma confusão danada”. E o Chupel, depois que o filho morreu, “começou a ver o filho na lua”. “Outras empresas também participaram, fizeram contrato com o assentamento. A Amazônia Florestal, do Marcos Sato, foi uma delas. Anota aí, fala com ele”, sugeriu. Marcos Sato, por sua vez, disse que desistiu de comprar madeira da associação porque era “muito enrolado”. Também usou a mesma expressão que Tremonte para se referir a Junior: “um maluco”. E afirmou: “Esse camarada denunciou todo mundo aqui. Você imagina a maluquice desse cara, ele denunciou inclusive o Jader Barbalho, um senador!”.

No plano de manejo comunitário, a associação tinha obtido licença para tirar 11.546 metros cúbicos de madeira de dentro do assentamento. Para que se possa entender melhor, isso significa que a associação tinha 11.546 metros cúbicos de crédito. Quando a extração é feita, é necessário dar baixa nesses créditos pela internet, para que a madeira esteja legalizada e possa ser comercializada. O fato comprovado é que, em 2008, quase todos esses créditos tinham sido usados. O problema: segundo Junior, nenhum pé de árvore havia sido tirado de dentro do assentamento. A análise de imagens de satélite comprova a sua afirmação. O laboratório de geoprocessamento do Instituto Socioambiental verificou que, um ano depois, quase não havia alteração da densidade da floresta nos lotes previstos no plano de manejo comunitário.

Junior denunciou que os créditos foram usados para “esquentar” a madeira retirada de dentro das unidades de conservação. E, assim, legalizá-la, num processo conhecido como “tráfico de créditos”. Mas quem teria feito isso? Junior acusa Tremonte e Sato. Eles negam. “Eu sou o sonho de consumo do Ibama”, diz Tremonte. “Eu fui um grande produtor de mogno, antes de ele ser proibido. Hoje só uso madeira branca (a menos valorizada), que está em todo lugar.” Sato afirma: “Eu exporto madeiras duras (as mais nobres, como jatobá e ipê), mas jamais fiz nada ilegal. Cadê as provas? Não há nenhuma prova do que esse maluco afirma.”

Junior afirma que começou a sofrer ameaças ao reclamar da fraude. Sua filha, então com 12 anos, apareceu em casa chorando. A família achou que, “por já ser uma mocinha, poderiam ter mexido com ela”. Mas a menina se recusava a dizer o que havia acontecido. Depois de algum tempo, a menina contou a um amigo da família que Augustinho teria dito a ela que, se o pai dela não se calasse, mataria a ele e a toda a família. Junior então se mudou do assentamento para Trairão. Sua filha morreu algum tempo depois. Nas porções esquecidas da Amazônia, ou se morre de tiro ou de falta de assistência. No caso da filha de Junior, a menina estava com dengue e o farmacêutico, em vez de aplicar uma injeção de paracetamol, deu penicilina. A menina morreu de choque anafilático.

Nos anos seguintes, a tensão só aumentou. E com ela, a violência. Assentados descontentes começaram a ser executados. Em 2011, dois assassinatos aumentaram a certeza de Junior de que poderia ser o próximo. João Carlos Baú (o Cuca), dois filhos, foi morto quando dançava em uma festa no assentamento. O primeiro tiro atravessou das costas para o peito. Ele ainda cambaleou até cair metros adiante. Quando virou a cabeça para enxergar quem tinha atirado, foi atingido por dois tiros na orelha. Segundo testemunhas, o acusado é um pistoleiro conhecido por “Paulista”, do grupo de Netão, o chefe da pistolagem de Augustinho. Teria recebido R$ 25 mil pela morte.

Depois de Cuca, foi a vez de Edivaldo da Silva, o Divaldinho. No dia da inauguração da energia elétrica no assentamento, bateram na porta da sua casa por volta de três horas da madrugada. Divaldinho atendeu enrolado em uma toalha. Quatro homens o esfaquearam dezenas de vezes. O suspeito de ser o mandante é de novo “Netão”, ligado a Augustinho. Cada um dos assassinos teria recebido R$ 3 mil. Divaldinho ainda ficou vivo por muitas horas, com as tripas expostas. Primeiro, não encontravam carro para levá-lo ao hospital de Trairão. Depois, quando conseguiram chegar lá, não havia sangue para a transfusão. Ele morreu no hospital de Itaituba, depois de ter a barriga costurada. Tinha seis filhos.

Junior começou a registrar boletins de ocorrência e a protocolar denúncias. “A situação é muito parecida com o que a gente assiste nas favelas do Rio. É um crime financiando o outro. A madeira financiando os assassinatos. Em dois anos, foram 15 mortes”, afirma. “Quando comecei a denunciar, Augustinho mandou me avisar que eu já podia cavar um buraco porque ia morrer.”

Fugindo há três meses, Junior – ainda – não morreu.

Os homens da Amazônia – dos servos aos suseranos

A estrutura da grilagem lembra muito a do feudalismo. Entre o suserano e o servo mais humilde há uma teia intrincada de relações de vassalagem. Até hoje, poucas vezes – ou nenhuma – se alcançou os suseranos graúdos, aqueles que fazem política na corte, com mãos macias e palavras escolhidas. Tampouco os homens do comando, que atuam em campo. Em geral, quem é preso nas operações do governo – quando alguém é preso – são os servos ou vassalos de menor importância. João Chupel Primo denunciou a estrutura e a operação de alguns feudos que ocupam a região. E foi assassinado.

O mais violento grileiro do oeste do Pará é Augusto Carlos da Silva, o Augustinho. Ele chegou à região nos anos 90, como empregado de Osmar Ferreira, que ficou internacionalmente conhecido como o “Rei do Mogno”, e ocupou um vasto território na área do Tapajós e do Xingu. Desde 2004, essas terras federais viraram unidades de conservação, o que não o impediu de continuar mandando nelas como se dono fosse. Augustinho já foi acusado de ser o mandante de mais de um assassinato e chegou a passar dois anos foragido. Agora é suspeito de ser o mandante da morte de João Chupel Primo.

No grupo de Augustinho, as principais figuras seriam Ruberto Siqueira da Cunha, o “Nego Ruberto”, e o “Netão”. Ruberto chefia os “gatos” que extraem a madeira. Mantém uma central de rádio para monitorar e divulgar as operações de fiscalização e policiamento da região. Netão seria a outra figura estratégica da quadrilha, ao comandar a pistolagem. Ele alcançou a região no início dos anos 2000, vindo do Paraná. Trabalha com o filho, Alex, na liderança dos pistoleiros. É suspeito de ser o mandante imediato dos assassinatos de Cuca e Divaldinho. Augustinho, Ruberto e Netão não foram encontrados para dar sua versão.

Luiz Carlos Tremonte afirma que sente “grande admiração” por Augustinho. “Um homem que ficou 20 anos dentro dessa floresta e formou dois filhos médicos, eu tenho que admirar. Acho que, se um sujeito fosse mesmo acusado de tanta coisa, não andaria solto como ele anda por aqui. Por conta dessa confusão que aconteceu agora (foi preso pela morte de Chupel e depois solto), andou dizendo até que vai embora.” 

O paulistano Luiz Carlos Tremonte, dono da Amexport, tornou-se uma figura quase antológica no Pará. Nas últimas eleições, chegou ser candidato a governador do estado por alguns dias – e depois desistiu. Em 2005, ao depor na CPI da Biopirataria, em Brasília, criada para investigar o tráfico de animais e plantas silvestres e o comércio de madeira, Tremonte dificultou a vida dos deputados. Eles demoraram a entender que ele não era mais dono nem da Amex – que estava no nome da esposa dele. Nem tampouco da Lamex, embora ambas, segundo os deputados, seguissem com dívidas com o Ibama. Muitas idas e vindas mais tarde, os deputados conseguiram arrancar de Tremonte que sua empresa atual era a Amexport. “E esta está em seu nome?”, perguntou um deputado. “Não.”

Ao depor na CPI da Biopirataria, Tremonte teve momentos “iluminados”. Sobre sua defesa da legalidade na Amazônia: “Eu costumo dizer que a Irmã Dorothy (Stang) morreu, mas seu ideal não”. Ao ser confrontado com a suspeita de extração de madeira no Parque Nacional da Amazônia (primeira unidade de conservação criada na Amazônia, em 1974): “Nem conheço. Fiquei conhecendo ontem, no mapa!”. Ao ser questionado sobre um processo em São Paulo, no qual respondia por estelionato: “Não, eu tinha uma pessoa que tinha uma dívida comigo, do Rio Grande do Sul. E essa pessoa, para me pagar a dívida, me trouxe um apartamento... — um terreno, minto, um terreno em São Paulo. E a gente, quando tem dívida para receber, recebe qualquer coisa: cachorro, gato, o que der. E essa pessoa me deu um terreno em São Paulo. Eu fui ver o terreno. Me deu o documento, a gente assinou a escritura. E eu peguei essa escritura e, de forma legal, mandei que ela fosse lavrada num registro de imóveis. Lá chegando, nós descobrimos que a escritura era falsa”.

Durante a entrevista a esta coluna, Luiz Carlos Tremonte insistiu: “Puxa meu nome lá no Google, vai ver meus filminhos no YouTube. Você vai descobrir que eu sou a pessoa que mais defende a floresta em pé. As pessoas não compreendem, mas madeireiro é um benefício para a floresta. Quando tira a árvore frondosa, a gente faz um bem, porque dá espaço para uma mais jovem”. Depois, me enviou uma matéria da revista The Economist, publicada em 2006, em que o jornalista abre com uma frase apocalíptica de Tremonte: “Monstruous misery and hunger” (“Miséria monstruosa e fome”) – referindo-se à situação dos madeireiros por causa de limitações impostas pelo governo.

Outro exemplo de homem amazônico é Sílvio Torquato Junqueira, apesar de, segundo ele, não botar os sapatos em sua fazenda, dentro da Floresta Nacional do Trairão, desde 2006. Homem de fala mansa da região de Ribeirão Preto, criador de gado e admirador de gatos, também já viveu em Brasília, quando foi diretor de Operações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), nos anos 90. Tudo indica que não gostava muito dos finais de semana na capital federal, já que teve problemas com o Tribunal de Contas da União porque a maioria de suas viagens de trabalho coincidia com os finais de semana e tinham como destino sua querida Ribeirão Preto.

A Fazenda Santa Cecília é – e não é – de Sílvio Torquato Junqueira. Essa versão quase hamletiana é muito comum na Amazônia. São milhares de hectares em nome de mais de duas dezenas de “familiares e amigos” de Junqueira – mas nem mesmo um único hectare em seu próprio nome. Toda a área fica inteiramente dentro da Floresta Nacional do Trairão. Apesar de ter se tornado uma unidade de conservação, a Fazenda Santa Cecília continua lá, sem ser incomodada.

É complicado. O próprio Junqueira explica melhor: “Eu não sou proprietário, eu simplesmente estava tomando conta de lotes de pessoas que tinham se instalado por lá, em 1999, 2000. Fomos por causa da pecuária, aí descobrimos que a madeira podia ser algo bom. Tentamos fazer plano de manejo, mas o Ibama engavetou o projeto. Depois, disse que precisava do título da terra. Eu fui ao Incra pedir para me dar o título ou a certidão de posse, mas o Incra disse que não ia dar. Então não consegui licença e ficou tudo parado. Fiquei num limbo e, de repente, em 2006, veio o decreto do presidente declarando a área como Floresta Nacional do Trairão. Imediatamente paramos tudo e ficou lá uma pessoa, o seu Jordão, tomando conta destes lotes. Estamos aguardando os acontecimentos. Como eu tinha feito lá uma casa, alojamentos, nós recebemos as ONGs, o pessoal do Instituto Chico Mendes... Quem precisa fazer levantamentos de flora e fauna, fica lá. Damos apoio ao pessoal do Chico Mendes, tá certo? Tá tudo à vontade. Se forem fazer uma licitação na Floresta Nacional do Trairão para exploração de madeira, nossa ideia é nos associarmos a alguém para nos dar apoio, porque eu entendo de pecuária, não de madeira. Mas hoje tem umas empresas internacionais muito boas nessa área. Estamos lá, aguardando os acontecimentos. Se o governo mandar sair de lá, eu saio”..   
O funcionário de Sílvio Junqueira é Jordão Ferreira da Silva Sobrinho, mais conhecido como “Ticão”. Se o mundo da grilagem tem um diplomata, segundo todos que o conhecem, de ongueiros a extrativistas, este homem é o Ticão. Ele mantém excelentes relações com a quadrilha de Augustinho. E também mantém excelentes relações com os ribeirinhos da Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio, inclusive fornecendo-lhes transporte, quando necessário. É descrito como um homem educadíssimo. Não há conhecimento de qualquer relato de violência na Fazenda Santa Cecília.
O problema, além de a fazenda grilada estar em uma área de conservação, é a intensa extração de madeira em seu interior. Um madeireiro conhecido como “Django” é apontado como o “extrator” da Fazenda Santa Cecília. Ele venderia o ipê para a UTC Madeiras Ltda, exportadora localizada em Itaituba. Essa madeireira ficou conhecida quando o Ibama interceptou, em 2008, no porto de Santarém, a carga de um navio com bandeira do Chipre que levava para a Europa madeira serrada com documentação falsificada de várias empresas. Entre elas, a UTC. Procurada para dar sua versão, a UTC Madeiras não deu resposta.

A estrada usada para o transporte das toras corta a Fazenda Santa Cecília e passa a poucos metros da porta da sede. "Em relação à região da Fazenda Santa Cecília, no interior da Floresta Nacional do Trairão, as imagens de satélite identificaram uma intrincada rede de ramais, alguns deles verificados em campo, confirmando a existência de intensa atividade madeireira realizada nos últimos anos dentro e ao redor da fazenda", afirma André Villas-Bôas, secretário-executivo do Instituto Socioambiental. A fazenda é citada no relatório “Via de Direito, Via de Favor”, resultado de uma investigação conjunta do ISA e ICMBio.

Sílvio Junqueira declarou-se “totalmente surpreso” com a informação de que há roubo de madeira na área grilada que administra. Afirmou: “Não tenho conhecimento e não deve ser verdade. Tenho porteira, tenho controle, o Jordão sempre me telefona dizendo que está tudo preservado. Não é possível, duvido muito, deve ter algum engano nessa imagem. Se tem alguma coisa, eu não tenho nada a ver com isso. Nem os meus filhos, nem nenhuma das pessoas que estão lá tem qualquer coisa a ver com isso. Se estão fazendo coisa errada lá, meu Deus do céu”.  
 
O fato é que a Fazenda Santa Cecília tem status especial na grilagem da região. É a “citricultura” humana mais chique entre as bacias do Xingu e Tapajós – devido ao pedigree de seus “laranjas”. A maioria, senão todos, do estado de São Paulo, com ampla circulação em colunas sociais. Marcos de Oliveira Germano, por exemplo, é campeão pré-sênior scratch de golfe, do Ipê Golf Club, de Ribeirão Preto – nome que não deixa de ser irônico. “Desde que mataram a Dorothy Stang, eu não tenho mais nada a ver com isso”, diz. “A ideia era fazer uma posse. Desde Pedro Álvares Cabral, você demarcava, fazia uma casinha, plantava uma roça e cumpria as normas do Incra para regulamentar. Mas decretaram floresta e não fui mais lá.” No Incra, o processo em que Germano reivindica a posse da terra continua em tramitação.

Outra que chama atenção como laranja é Anna Cecília Junqueira. Filha de Sílvio Junqueira, ela é atriz e organizadora de uma festa “hypada” de São Paulo chamada “Gambiarra”. “Meu pai formou esse condomínio há um tempo e deu pra gente (ela e dois irmãos) de presente”, conta. “Ele disse que iria colocar em nosso nome para o caso de um dia falecer, porque seria nosso de qualquer jeito. Mas tá tudo certinho, dentro da lei.”

No laranjal dos Junqueira há gente com MBA pela London Business School, aficionados de Billie Holiday, Norah Jones e Melody Gardot. Há quem toque bateria e pratique windsurf. Outros fazem equitação. Parece difícil unir a fina flor da elite paulista com a fina flor da pistolagem, representada por Augustinho, Netão e Nego Ruberto. Gente que chama grilagem de “condomínio” e gente que semeia cadáveres no meio da rua. É quase irresistível imaginar um encontro. Mas, de fato, se encontram. E é só ligando os pontos que é possível compreender a Amazônia – e o Brasil.

E quem deu o estopim para unir os pontos foi um homem que está morto – e outro que foge.

E agora, Junior?

Nos primeiros dias de fuga, Junior paralisou. “Eu tinha de pensar para botar o pé no chão e me obrigar a andar”, conta. “Era muito estranho.” Depois, a revolta suplantou o medo. Na véspera de Natal, ele empreendeu uma nova rota dentro do Brasil. Passou o 25 de Dezembro sacolejando em um ônibus de linha, com sua pasta de documentos na mão – seu patrimônio e sua maldição. Alguns dias depois, a família o alcançou no esconderijo. Na sua casa, em Trairão, a gata de estimação partiu, as galinhas morreram, a plantação se perdeu. Longe, em algum lugar, a mulher se revolta, os filhos brigam, ninguém sabe o que fazer agora que a escola vai começar. Junior José Guerra está encurralado. Se voltar, morre. Ele denunciou – e está sozinho.

Fonte: ELIANE BRUM, Época, *colaborou Anna Carolina Lementy

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domingo, 29 de janeiro de 2012

Dia Nacional do Vigilante da Natureza, 2 de Fevereiro de 2012


    Lagoa de Albufeira - Sesimbra

    PROGRAMA


10:30 – Recepção aos participantes com um Moscatel de Honra

10:45 – Intervenção dos Exmos. Senhores: Director do DGAC-ZH, Presidente da CM Sesimbra, Presidente da APGVN, Presidente do ICNB, e do Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural.

11:30 – Visita à Lagoa Pequena

12:15 – Churrasco campestre

14:30 – Visita ao Cabo Espichel

16:30 – Encerramento

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Brasil: Guardaparques fazendo monitoreo na Mata Atlântica


Mamíferos ameaçados de extinção serão mais conhecidos na Mata Atlântica

    Projeto apoiado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza pretende conhecer para melhor preservar o habitat dos animais de médio e grande porte.
Curitiba – Os mamíferos terrestres de médio e grande porte que estão ameaçados de extinção no litoral paranaense – como onça-parda, cachorro-vinagre, cateto e jaguatirica – vão ser mais conhecidos. Essa é a grande proposta do projeto Status de mamíferos de médio e grande porte ameaçados de extinção em áreas protegidas de Floresta Atlântica costeira do litoral do Paraná, realizado na Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaraqueçaba pelo Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC), com o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
O estudo, que teve início em 2009, já com o apoio da Fundação Grupo Boticário, avalia a ocorrência e a distribuição dos mamíferos de médio e grande porte nos diferentes tipos de habitat na Floresta Atlântica costeira, dentro de quatro Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs): Salto Morato – mantida pela Fundação Grupo Boticário, Morro da Mina, Rio Cachoeira e Serra do Itaqui. “Em outras palavras, queremos saber quais deles estão presentes em cada RPPN e em que locais exatamente eles se localizam”, diz Roberto Fusco-Costa, responsável técnico pelo projeto, doutorando e coordenador de projetos científicos do Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC).
Ao final do projeto, o pesquisador repassará os resultados do estudo para cada reserva, junto com recomendações e orientações para que os gestores dessas unidades de conservação continuem o monitoramento dessas espécies a longo prazo. “Para os gestores das reservas, é importante saber onde as espécies estão localizadas, para que esses locais possam ser adequadamente protegidos. Por outro lado, a falta de animais em outras áreas pode indicar que estas regiões estejam sofrendo pressões, como a caça, e que por isso a fiscalização precisa ser intensificada ali”, explica Fusco.
Até o momento, foram detectadas mais de 20 espécies de mamíferos de médio e grande porte nas quatro reservas estudadas e praticamente 50% delas estão ameaçadas de extinção. Onze guarda-parques experientes na identificação de mamíferos estão sendo orientados para a prática do monitoramento por meio de rastros. Na Reserva Natural Salto Morato, foram 15 as espécies detectadas, sendo que sete estão ameaçadas de extinção: anta, onça-parda, jaguatirica, cateto, paca, gato-maracajá e gato-do-mato-pequeno.
“Até agora estamos muito satisfeitos com os resultados preliminares da pesquisa. Existe um incentivo e colaboração muito grandes por parte das reservas estudadas”, afirma Fusco.
A pesquisa terá conclusão em 2012 e também tem o apoio da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) e parceria com os Laboratórios de Dinâmicas Ecológicas e de Biologia e Ecologia de Vertebrados da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Sensíveis indicadores -O pesquisador Fusco explica que os mamíferos de médio e grande porte foram escolhidos para esta pesquisa porque eles têm grande importância ecológica, estão entre as espécies mais sensíveis às alterações de habitat, e, consequentemente, a presença ou não deles pode indicar o grau de qualidade de conservação de uma determinada área.
Para sobreviver, alguns animais necessitam de grandes áreas conservadas. “Uma única onça-parda, por exemplo, pode precisar até de 15 mil hectares de área”, diz Fusco. No entanto, a vida desses animais é comprometida pela degradação da floresta e atividades ilegais de caça, que ainda ocorrem no litoral Paraná, inclusive dentro de unidades de conservação públicas e privadas.
A ausência dos mamíferos também pode desequilibrar os ecossistemas onde vivem. Felinos como a onça-parda, a onça-pintada e a jaguatirica estão no topo da cadeia alimentar, sendo que a ausência ou diminuição desses predadores pode prejudicar o controle das populações de suas presas. Já com a perda de herbívoros, como as antas e queixadas, a floresta deixa de ter um importante dispersor de sementes para contribuir na manutenção de diversidade de árvores.
A procura de mamíferos na floresta -A maioria dos mamíferos possui hábitos discretos e costuma sair de seus abrigos durante as horas crepusculares (final da tarde e início da manhã) e noturnas. Mesmo nestes períodos, é difícil visualizar esses animais no meio da floresta. Por isso, a melhor forma de identificar a presença deles é por meio dos vestígios que deixam pelo caminho, como restos de alimentos, rastros, fezes e pegadas.
O estudo realizado por Fusco utiliza duas técnicas para registrá-los. Uma é a instalação de armadilhas fotográficas em vários pontos das Reservas, que fazem imagens dos animais durante o dia e a noite. Outra técnica é a de observação e identificação de pegadas que ficam marcadas nas trilhas
Para auxiliá-lo nos trabalhos de campo, Fusco selecionou funcionários das próprias reservas – os chamados guarda-parques – que são experientes na identificação de espécies de mamíferos por pegadas. Eles foram treinados e orientados para percorrer periodicamente algumas trilhas pré-definidas dentro das reservas e anotar em uma planilha os mamíferos cujas pegadas foram vistas. Os funcionários também receberam instruções para manusear as armadilhas fotográficas. “A intenção é fazer com que os próprios guarda-parques participem do monitoramento da fauna ao mesmo tempo em que praticam a fiscalização na unidade de conservação”, explica Fusco, que monitora os trabalhos mensalmente.
Pode acontecer de algumas espécies existirem numa determinada reserva, mas não serem detectadas ao longo do projeto. “A chance de um animal ser detectado, pode variar, além de outros fatores, com o ambiente, época do ano e até com as características biológicas de cada espécie, por exemplo, se existem poucos indivíduos de onça-parda na reserva, será bem mais difícil detectá-la. Da mesma forma, se o animal for muito esquivo, a probabilidade fica bastante reduzida”, explica Fusco.
Por isso, ele também realiza uma modelagem estatística. “Com base nas espécies detectadas, nós utilizamos a estatística para nos mostrar se existe uma maior probabilidade dela ocorrer na região. A estatística irá nos indicar se a espécie varia de acordo com o tempo, época do ano ou espaço. Esse modelo estatístico fornecerá uma estimativa mais confiável da riqueza e ocupação das espécies estudadas”, comenta o pesquisador.
Pesquisa na Reserva Natural Salto Morato -Uma das RPPNs alvo da pesquisa de Roberto Fusco-Costa é a Reserva Natural Salto Morato, de propriedade da Fundação Grupo Boticário. Em seus 2.253 hectares, a Reserva protege a rica biodiversidade e também tem um centro de pesquisas com alojamento e laboratório para oferecer suporte aos pesquisadores. Mais de 80 pesquisas já foram realizadas no local, incluindo teses de doutorado, dissertações de mestrado e monografias de especialização, em assuntos diversos como biologia e ecologia de espécies de fauna e flora, análise do manejo da Reserva, visitação, trilhas, ecoturismo, bem como os que diretamente embasam as ações de manejo do patrimônio natural da Reserva.
.[Os pesquisadores interessados em realizar trabalhos na Reserva Natural Salto Morato podem acessar os procedimentos necessários e as normas para pesquisa no site: www.fundacaogrupoboticario.org.br, no item: “O que Fazemos” > “Áreas Protegidas” > “Reserva Natural Salto Morato”].
Perfil-A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza é uma organização sem fins lucrativos cuja missão é promover e realizar ações de conservação da natureza. Criada em 1990 por iniciativa do fundador do Boticário, Miguel Krigsner, a atuação da Fundação Grupo Boticário é nacional e suas ações incluem proteção de áreas naturais, apoio a projetos de outras instituições e disseminação de conhecimento. Desde a sua criação, a Fundação Grupo Boticário já doou quase U$ 11,3 milhões para 1.282 projetos de cerca de 448 instituições em todo o Brasil. A instituição mantém duas reservas naturais, a Reserva Natural Salto Morato, na Mata Atlântica; e a Reserva Natural Serra do Tombador, no Cerrado, os dois biomas mais ameaçados do país. Outra iniciativa é um projeto pioneiro de pagamento por serviços ambientais em regiões de manancial, o Projeto Oásis. Na internet: www.fundacaogrupoboticario.org.br, www.twitter.com/fund_boticario e www.facebook.com/fundacaogrupoboticario.



Fonte: Marcelo Segalerba 
 http://www.revistafator.com.br/ver_noticia.php?not=188819

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Comemoração do Dia Nacional do Vigilante da Natureza


Companheiros!

    Coincidindo o dia Nacional do Vigilante da Natureza com o dia Mundial das Zonas Húmidas, a APGVN de forma a obviar custos, propôs à presidência do ICNB, a comemoração de ambos os eventos no mesmo local.

Assim o Dia Nacional do Vigilante da Natureza, dia 2 de Fevereiro, vai este ano ser comemorado no Sítio Classificado da Lagoa de Albufeira, (Sesimbra).

O Senhor Presidente do ICNB já autorizou a participação de todos os Vigilantes da Natureza interessados e a sua deslocação em viaturas de serviço, desde que fiquem assegurados os serviços nas Ap’s. Foi ainda autorizada a deslocação no dia 1 de Fevereiro para os colegas que tenham que pernoitar de véspera. O mesmo pedido foi endereçado às Presidências das CCDR’s e ARH’s do qual aguardamos resposta e daremos notícia brevemente.

Tendo em conta as restrições financeiras dos Serviços em geral e dos colegas em particular, a APGVN assegurará as dormidas enquadradas na situação acima referida e o almoço comemorativo do dia 2 de Fevereiro.

O programa está a ser elaborado e será oportunamente divulgado, o qual contará com:

§         Recepção com um Moscatel de Honra,
§         Intervenção do Director do DGAC-ZH, do Presidente da CM Sesimbra, do Presidente da APGVN, do Presidente do ICNB, e do senhor Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural.
§         Visita à Lagoa Pequena
§         Churrasco campestre
§         Visita ao Cabo Espichel


A tua presença nesta comemoração é importante, participa, envia a tua inscrição para vigilantesnatureza@gmail.com


A Direcção da APGVN

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Tragédia atinge os Vigilantes da Natureza. Corpo Nacional em choque!


    O nosso companheiro e amigo Carlos Silva, Vigilante da Natureza do Parque Natural da Madeira, desapareceu no mar.
    Carlos Silva é um dos mais experientes e respeitados Vigilante da Natureza do país.
    Pouco se sabe sobre o motivo que levou um experimentado mergulhador a desaparecer num mar que tanto amava e que sobejamente conhecia.
    A notícia começou a circular ontem pelos Vigilantes da Natureza apanhando todos de surpresa, a consternação e tristeza apoderou-se de todos os que com ele partilharam momentos inesquecíveis!

APGVN
Foto:  Élvio Pereira

Asesinada una Ranger en el P N Mount de EE.UU.

   Asesinada una Ranger en el Parque Nacional Mount de EE.UU.
    La Ranger (Agente Forestal en EEUU) Margaret Anderson, de tan solo 34 años, fue asesinada a tiros mientras se efectuaba un control el día de Año Nuevo cerca de la estación de Longmire en Parque Nacional Mount Rainier. El sospechoso del asesinato, un excombatiente de la Guerra de Irak con antecedentes, salió de su vehículo en el control donde se hallaba Margaret, abrió fuego y fatalmente alcanzó mortalmente a la Ranger Anderson.
Tras recibir el disparo, la Ranger Anderson todavía tuvo tiempo de pedir ayuda por radio. Oficiales compañeros de Margaret tratando de llegar hasta ella mientras eran mantenidos a raya por los disparos del sospechoso durante casia tres horas. Finalmente llegaron refuerzos y consiguieron detenerlo. En su vehículo se recuperaron varias más armas y chalecos antibala.
La Ranger Anderson había cumplido en el Servicio de Parques Nacionales cuatro años. Estaba casada con otro Ranger que también estaba de servicio en el Parque el día del suceso. Tenía dos hijos pequeños.
En la imagen, a la derecha, Margaret en una fotografía muy reciente.
Fonte: Guardabosques



Uma micro-reserva para proteger a borboleta azul


    Uma micro-reserva para proteger a borboleta azul que imita formigas

    A rara e ameaçada borboleta azul, que apenas sobrevive se for adoptada por formigas, ganhou esta semana uma micro-reserva na serra de Montemuro, no Norte do país, graças a um projecto da Quercus que teve o apoio da paróquia local.
A estratégia de sobrevivência da borboleta azul das turfeiras é, talvez, a mais surpreendente em todas as 135 espécies de borboletas diurnas conhecidas em Portugal.

Ao contrário do que acontece com as lagartas de outras espécies que, no Inverno, aguardam, escondidas na vegetação, pelo calor e Sol da Primavera para voar, a Phengaris alcon (anteriormente conhecida como Maculinea alcon) está debaixo da terra, dentro de um formigueiro. Aqui, a lagarta leva uma vida predatória, alimentando-se das larvas das formigas até estar pronta para surgir nos lameiros como uma das borboletas mais ameaçadas de Portugal. Actualmente apenas são conhecidas populações no Parque Natural do Alvão e na serra de Montemuro, esta última descoberta no Verão de 2011 pelo Tagis - Centro de Conservação das Borboletas de Portugal.

Na semana passada, a Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza comprou 3500 metros quadrados no município de Castro Daire, na Serra de Montemuro, para criar uma micro-reserva e ajudar à sobrevivência dessa população de borboleta azul. “É um terreno privado, rodeado de baldios e pequenas propriedades, que comprámos com donativos de privados”, disse Paulo Lucas, do Grupo de Trabalho de conservação da natureza daquela organização.”Esta era uma ambição antiga nossa e quisemos perseguir o sonho de ter um espaço para esta borboleta”, acrescentou, em declarações ao PÚBLICO.

Para Patrícia Garcia Pereira, bióloga do Tagis, esta é uma “grande notícia”. “Foi por acaso, durante uma visita ao campo guiada pelo botânico da região Tiago Monteiro Henrique, em meados de Junho, que soubemos que havia naquela zona a planta onde a borboleta põe os ovos”, contou a investigadora. “Mas ainda não era a época de voo da borboleta. Bom, tenho de voltar, pensei. Poucas semanas depois fizemos uma nova visita e aí sim, encontrámos as borboletas, confirmámos aquela população”. Hoje é a população mais a Sul que se conhece desta espécie, em Portugal.

Naquela região, marcada pelo despovoamento, “as pessoas estão receptivas. Na verdade, a paróquia local ajudou-nos muito, por exemplo, a encontrar terrenos e a contactar os proprietários”, contou Paulo Lucas.

Gado, formigas e flores: a equação perfeita

No Verão, centenas de borboletas azuis esvoaçam nos lameiros de altitude. Mas há milhares de ovos que não sobrevivem, comidos por predadores como os gafanhotos. “A mortalidade é muito grande”, disse ao PÚBLICO Paula Seixas, que estuda a espécie desde 2003 no Departamento de Protecção de Plantas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Mas o ciclo de vida desta borboleta está ele mesmo cheio de desafios, conta a investigadora. É na primeira semana de Julho que se podem ver os primeiros adultos a voar, normalmente machos. “As fêmeas surgem três a quatro dias depois”. Quando chega a altura, acasalam e fazem as posturas nas flores de uma única espécie de planta, também ela rara, a Genciana-das-turfeiras (Gentiana pneumonanthe). Cada borboleta põe entre 40 a 50 ovos, que distribui por várias plantas. Um dos maiores problemas é a alteração deste habitat através do abandono do gado que mantém estas espécies de plantas, impedindo a vegetação de crescer demasiado. Um dos objectivos da micro-reserva é, segundo a Quercus, garantir que o gado continua a alimentar-se naquelas zonas.

Depois de passarem várias semanas na flor, as lagartas – na altura já medindo três milímetros - abrem um orifício e atiram-se para o solo onde são colhidas por uma única espécie de formigas, do género Myrmica, que as capturam pelas mandíbulas e as levam para o seu formigueiro. Estas confundem a lagarta por crias de formigas perdidas, por causa de uma substância hormonal, que imita os odores tão seus conhecidos. “Mas se não houver um formigueiro a uma distância de, pelo menos, dois metros da planta, as formigas não irão buscar as lagartas e estas acabam por morrer”, acrescentou Paula Seixas. Depois de terminarem o seu desenvolvimento larvar, as borboletas têm à sua espera, em média, dez dias de voo.

Tendência de aumento

Agora, o futuro da Phengaris alcon parece estar mais seguro. “No Parque Natural do Alvão, há densidades populacionais bem estimadas. Na maior população foram contadas entre 4000 e 5000 borboletas numa zona com 2,5 hectares”, disse Paula Seixas, da UTAD. Todos os Verões, Paula e a sua equipa saem para os lameiros para monitorizar e chegam a ter várias borboletas azuis pousadas sobre si. “De manhã à noite fazemos contagens, nomeadamente do números de ovos, a altura das plantas, que plantas preferem, etc. Queremos conhecer todo o ecossistema”.

“Nesta altura a população está a registar um aumento, especialmente por causa da gestão especial das turfeiras, nos lameiros, que se faz há alguns anos”, acrescentou. Ainda assim, o trabalho não tem sido fácil. “Tentamos sempre conversar com as populações, envolver as pessoas e falar-lhes da necessidade de promover a qualidade ecológica”, disse. “Em 2011 conseguimos a aceitação para usar a turfeira para o gado mas com diminuição do pisoteio em determinadas quinzenas cruciais para as borboletas. Aí não foi fácil e compreende-se bem a razão”.

Neste momento, um grupo de trabalho na Suécia está a fazer a composição genética das borboletas azuis das turfeiras. “Somos a zona periférica da distribuição da espécie, que também ocorre em outros países na Europa, e queremos saber se há diferença genética”. Além disso, a Câmara de Vila Real está a promover um projecto para reintroduzir a borboleta na Campeã, zona onde a espécie foi encontrada pela primeira vez, em 1949, e de onde já desapareceu. “Os campos foram transformados em milheiral, batatal e os cursos de água naturais já não existem. Mas agora estão novamente disponíveis” e poderão ser uma oportunidade para as borboletas azuis, trazendo de volta um campo rico em vida selvagem.

Fonte: Helena Geraldes/Público
Foto: Dinis Cortes

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Governo - RJ autoriza a contratação temporária de 220 Guarda-parques


    Decreto nº. 43.208 de 26 de setembro de 2011:

    O Governador do Estado do Rio de Janeiro, decreta que o Instituto Estadual do Ambiente - INEA está autorizado a proceder à contratação temporária, em regime especial, de 220 profissionais de nível médio, para exercer a função de guarda-parques por 40 horas semanais, sendo 110 neste ano de 2011 e 110 em 2012.
Caberá ao INEA reservar, no mínimo, 20% das contratações de que trata o caput deste artigo para negros e índios e 5% aos candidatos com deficiência física.
A contratação de deficientes só será possível caso haja compatibilidade entre a deficiência apresentada e as funções a serem exercidas.
Caberá ao INEA a regulamentação do disposto neste decreto, notadamente no que tange aos critérios objetivos impessoais do processo seletivo, dando-se ampla divulgação a todas as fases do cadastramento e seleção, observados os princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade e eficiência.
As contratações de que trata o presente Decreto serão feitas por prazo determinado, pelo período de até 3 anos, podendo ser prorrogadas por um período máximo de 2 anos, até atingimento do prazo máximo total de 5 anos.
As contratações realizadas com base neste Decreto terão eficácia a partir da data de suas formalizações, sujeitas à condição resolutiva da existência de servidor efetivo admitido em virtude de aprovação em concurso público, apto a preencher a respectiva vaga.
A remuneração bruta mensal dos servidores contratados nos termos deste decreto será de R$ 1.500,00.
Os cadastrados selecionados no processo seletivo somente serão contratados após comprovarem aptidão física para o desempenho da função.
Aos contratados, na conformidade deste decreto, são assegurados:
I - licença-maternidade;
II - licença-paternidade;
III - férias, quando o período do contrato for superior a 12 meses;
IV - verba indenizatória por rescisão unilateral imotivada por parte da Administração, no valor correspondente a 1/12 da remuneração mensal, por mês e/ou período igual ou superior a 15 dias efetivamente trabalhados.
Mais informações no endereço eletrônico do Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, Parte I do Poder Executivo de terça-feira, 27 de setembro de 2011.


Guarda-parques: edital prorrogado para janeiro

Foi prorrogada para janeiro a publicação do edital do concurso para guarda-parques temporários do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Faltam apenas alguns detalhes a serem acertados entre o órgão e a organizadora, a Fundação Euclides da Cunha (FEC).
O governador Sergio Cabral autorizou a contratação de 220 novos funcionários, em um período de dois anos. Inicialmente seriam abertas duas seleções com oferta de 110 vagas cada. Porém, com o atraso da divulgação do edital, é possível que haja apenas um concurso para as 220.
Os candidatos serão avaliados em três fases: prova objetiva, capacitação física e análise de títulos. A primeira etapa será aplicada também no interior, além da capital. Os municípios contemplados são Campos dos Goyrtacazes, Nova Friburgo, Angra dos Reis, Cabo Frio e Rio de Janeiro. A convocação dos candidatos será imediata, e os contratos terão duração de três anos, podendo ser prorrogados por mais dois.
Poderão participar do concurso candidatos que possuem o ensino médio completo e que tenham, no máximo, 45 anos. O salário será de R$1.500, para carga de trabalho de 40 horas semanais.
Um total de 20% das vagas será destinado a negros e indígenas, conforme a recém-sancionada lei estadual. Os candidatos com deficiência física também serão contemplados e terão direito a 5% das vagas.

Fonte: Folha Dirigida

Espécie rara de tartaruga gigante que se julgava extinta reapareceu

 

    Uma espécie rara de tartaruga gigante das  ilhas Galápagos, no Equador, que se julgava extinta há mais de 150 anos,   reapareceu em muito pequeno número, revela uma investigação hoje publicada  nos Estados Unidos.  


    Segundo a agência AFP, cientistas norte-americanos chegaram a esta conclusão  depois de terem redescoberto a marca genética da tartaruga Chelonoidis elephantopus  no ADN dos seus descendentes híbridos. 
Um grupo de investigadores da Universidade de Yale detetou os traços  genéticos desta espécie no ADN de onze tartarugas de outra espécie, a Chelonoidis  becki, que habitam na ilha de Isabela, a maior do arquipélago das Galápagos.
Originalmente, a Chelonoidis elephantopus encontrava-se apenas numa  outra ilha das Galápagos, a Floreana, tendo sido dada como extinta pouco  depois da viagem do naturalista britânico Charles Darwin ao arquipélago,  em 1835. "Pelo que sabemos, é a primeira vez que se redescobre uma espécie animal  extinta", afirmou Ryan Garrick, da Universidade de Yale, e um dos coautores  do estudo publicado na revista "Current Biology".  
As tartarugas das Galápagos ficaram célebres por terem inspirado Charles  Darwin na teoria da evolução das espécies pela seleção natural. 
Os répteis podem pesar perto de 400 quilos, medir mais de 1,80 metros  de comprimento e viver mais de cem anos. Atualmente, alguns exemplares das  13 espécies de tartarugas das Galápagos estão em risco de extinção.  
De acordo com os investigadores norte-americanos, o transporte de tartarugas  de uma ilha para outra das Galápagos, por parte de piratas e baleeiros,  não era raro no século XIX. 

Fonte: SIC Noticias  

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Devolução à Natureza de uma águia-de-asa-redonda no Sabugal


    Esta águia-de-asa-redonda (Buteo buteo) tinha sido encontrada por um particular no dia 24 de Novembro amarrada a um chafariz em Aldeia da ponte, Sabugal. A ave foi encaminhada para o CERVAS através de Vigilantes da Natureza da Reserva Natural da Serra da Malcata e do Parque Natural da Serra da Estrela.
No momento do ingresso a ave não se conseguia manter de pé e apresentava vários sinais compatíveis com uma situação de trauma. Após tratamento e recuperação clínica a águia-de asa-redonda passou por um processo de treino e musculação em conjunto com outras aves da mesma espécie para poder novamente ser devolvida à Natureza num local próximo daquele onde tinha sido encontrada.
Fonte: CERVAS

Declaración de Guardaparques de Chile por incendio del P.N. Torres del Paine


     Comunicado sobre Incendio del Parque Nacional Torres del Paine
y las Areas Silvestres Protegidas del Estado de Chile



¿Cuántas tragedias más debemos sufrir, para enfrentar el desarrollo del país con responsabilidad y respeto, apuntando a la calidad total en la gestión?
Es la tercera vez que un gran incendio afecta al Parque Nacional Torres del Paine. ¿Cuántas veces más, se tendrá que quemar nuestro patrimonio natural, para que, como Estado de Chile, le demos la importancia que amerita a nuestras Áreas Silvestres Protegidas del Estado? (ASPE).
A modo de ejemplo, hoy en las 100 Áreas Silvestres Protegidas del Estado terrestres existe la siguiente realidad:
·         Sólo en 74 Áreas Silvestres Protegidas del Estado existe presencia de Guardaparques, es decir en 26 no hay personal protegiendo.
·         De las 74 Áreas Silvestres Protegidas del Estado con presencia, en 14 de ellas hay un solo Guardaparque, lo que en términos reales significa que durante el descanso de estos funcionarios, las áreas quedan absolutamente solas, y además, la capacidad de protección de un solo Guardaparque, para una superficie generalmente de miles de hectáreas, sin duda nos parece insuficiente y muy preocupante.
·         De lo anterior podemos concluir que de las 100 Áreas Silvestres Protegidas del Estado, el 40% no está realmente protegida.
·          De las 74 Áreas Silvestres Protegidas del Estado sólo 22 áreas protegidas cuentan con más de 5 Guardaparques  y 10 áreas con más de 10 Guardaparques.
·         El total de Guardaparques a nivel país es de 432, para alrededor de 14.569.895  millones de hectáreas de Áreas Silvestres Protegidas del Estado, es decir 1 guardaparque por cada 33.726,60 há.
·         De las 100 Áreas Silvestres Protegidas del Estado terrestres sólo 3 tienen derechos de agua.
·         El Parque Nacional Torres del Paine tiene 30 funcionarios de planta, de los cuales 22 son Guardaparques y 8 son personal de mantención, para una superficie de 181.414 hectareas, mas la superficie administrativa de 227.298 hectareas. 

Lo anterior es sólo un ejemplo, y ante lo cual necesitamos urgente un mejoramiento integral y sistémico de todo lo relacionado con la protección y desarrollo de las Áreas Silvestres Protegidas del Estado, como ya lo hemos mencionado desde hace años, necesitamos: una legislación específica, moderna y de rango Constitucional adecuado; resguardar los derechos de agua y material genético; una institución especialmente dedicada a la preservación, conservación, y a la administración de las Áreas Silvestres Protegidas del Estado; desarrollar y mejorar la infraestructura y servicios entregados a los visitantes; normar por ley el uso público y sancionar drásticamente el comportamiento imprudente, irresponsable y dañino; una estructura institucional adecuada a la realidad de la gestión; crear una carrera funcionaria adecuada, dinámica y transparente; un escalafón especial para el personal que trabaja en Áreas Silvestres Protegidas del Estado; una sistema de pensiones especialmente diseñado para la realidad y complejidad humana del trabajo en Áreas Silvestres Protegidas del Estado; desarrollar y mejorar la infraestructura institucional operativa y habitacional; una legislación laboral especialmente diseñada para el trabajo en Áreas Silvestres Protegidas del Estado, flexible y pertinente;  mejores remuneraciones para el personal; valoración de la experiencia empírica de los Guardaparques;  entregar a la figura del Guardaparque las potestades públicas, el estatus, el rol y las funciones que les corresponden para proteger eficazmente, entre muchos otros aspectos no menores.
Por otra parte, en términos de desarrollo, vemos con preocupación un excesivo interés por aumentar la visitación y el desarrollo turístico al interior de las Áreas Silvestres Protegidas del Estado, prueba de ello es el protagonismo del ministerio de economía liderando la reapertura de Torres del Paine, con una visión enfocada fundamentalmente hacia el fomento productivo ligado a la visitación. Nos inquieta la baja preocupación sobre lo más importante de las Áreas Silvestres Protegidas del Estado, la materia prima para el desarrollo del turismo, “la protección de sus recursos naturales”, y a partir de ello permitir la recreación, no esta última por sobre la razon fundamental de las Áreas Silvestres Protegidas del Estado. Da la impresión que si el ministerio de medio ambiente esta supeditado al de economía, el capital natural de chile corre serio peligro.
Así también, el año 2010 visitaron las áreas protegidas 1.816.916 personas y el incremento de visitantes entre el año 2000 y el 2010 fue del 68,5%. No obstante lo anterior el desarrollo de infraestructura y servicios de calidad, además del aumento: de la capacidad humana, de recursos institucionales o medidas eficientes de protección y la solución de todas las necesidades que hemos planteado, desde el año 1994 como Cuerpo de Guardaparques, no han sido suficientemente abordadas en los últimos 20 años.
Por todo lo anterior y en representación de los Guardaparques de las Áreas Silvestres Protegidas del Estado de Chile,  hacemos un llamado, a toda la ciudadanía y las autoridades nacionales, especialmente al poder Ejecutivo y el Parlamento, para hacer fuerza, para que de una vez por todas, se legisle a favor de la conservación, protección y desarrollo de nuestros parques, reservas y monumentos nacionales, que son el patrimonio fundamental que nos diferencia de un mundo cada vez más globalizado y que sin duda alguna a marcado nuestra identidad nacional, para lograr un mejoramiento real, integral, sistémico y con respaldo legal, de todas las necesidades que actualmente no son satisfechas, ante lo cual el Consejo Nacional de Guardaparques, ofrece toda su colaboración para transmitir su experiencia en el perfeccionamiento del actual cuerpo legal, que pretende crear el servicio nacional de áreas silvestres protegidas y biodiversidad.
Llego el momento de legislar y de mejorar la gestión institucional del Estado, para Chile y Los chilenos.


Cuerpo de Guardaparques
Areas Silvestres Protegidas del Estado de Chile