domingo, 31 de janeiro de 2010

Guerra na Peneda-Gerês para manter gente… e ter eólicas

De um lado, ambientalistas, que querem menos ocupação humana no Gerês, o que inclui o pastoreio, a circulação automóvel ou centrais de energia; do outro, populações e autarcas, que vêem no Plano de Ordenamento do Parque um atentado às suas tradições e um obstáculo ao desenvolvimento.

Peneda-Gerês com Gente. Mais que um chavão, é um desejo de quem reclama voz na gestão do único parque nacional português. Numa altura em que se aguarda a promulgação do novo plano de ordenamento daquela área, temas como eólicas ou exclusão de determinadas zonas ao contacto humano estão a acentuar o conflito.

"Se menos de 7,5% da área do parque é do Estado - e porque foi expropriada há um século - e o resto é privado ou baldio, porque é que querem impor taxas e proibições nos terrenos privados?", começa por questionar o movimento Peneda-Gerês com Gente, o mesmo que levou mil pessoas a protestar em Braga recentemente.

Manuel Dias Branco, dirigente do movimento e presidente da Junta de Freguesia de Cabana Maior, Arcos de Valdevez, apela à "suspensão" da aplicação das novas regras, que estiveram em consulta pública até 2 de Dezembro. "Vai contra coisas ancestrais, usos e costumes dos habitantes e direitos como os de explorar a pedra ou as energias eólicas", sublinhou.

Contra o que dizem ser propostas de "restrições inadmissíveis", lançaram mão de uma recolha de assinaturas para levar o caso à Assembleia da República e travar "a todo o custo" que o plano seja aprovado em Conselho de Ministros. Dizem ainda que a área do parque não é selvagem, conforme "quer fazer crer" o novo documento. "Não podemos permitir que isto possa acontecer! Estamos perante um retrocesso dos direitos que o pós-25 de Abril veio devolver às populações", afirmou, frisando que a proposta de plano "prejudica o próprio parque nacional, o que é um contra-senso".

A suspensão do novo plano - em fase de análise de queixas apresentadas durante a consulta pública - é a reivindicação, antes de um "quase obrigatório", de novo plano, "substancialmente alterado" e desde que as taxas sejam abolidas. "Há uma portaria que determina a cobrança de 200 euros para praticamente tudo, inclusive para que um pequeno agricultor corte mato e tojo na sua propriedade", criticam. Na opinião dos residentes, as taxas são "um absurdo que só vai levar ao desaparecimento da população, ferindo de morte a riqueza e biodiversidade" do PNPG.

Em terras em que o emprego rareia, as eólicas são tema obrigatório. O próprio município de Arcos de Valdevez enviou uma reclamação, durante a consulta pública, para "que se encontre uma solução relativamente ao aproveita- mento do potencial de produção de energia renovável que o Parque comporta". A autarquia, liderada por Francisco Araújo, vai ainda mais longe: "É mais grave quando se verifica que outras áreas protegidas têm essa oportunidade." Apesar do investimento que a instalação de aproveitamento eólico poderia gerar na economia local do parque, a hipótese continua, para já e no âmbito do plano, descartada pela tutela.

"Esta posição é clara e representa um não claro a parques eólicos no PNPG", sustenta Helena Freitas, da Liga da Protecção da Natureza (LPN) [ver entrevista]. Ou seja, segundo o novo plano, serão "interditadas" instalações "de novas infra-estruturas ou equipamentos de produção de energia eléctrica utilizando recursos hídricos ou eólicos". A única excepção são equipamentos de microgeração (cuja potência a entregar à rede pública não exceda os 150 kW). Apesar das críticas da população, Helena Freitas lembra que o PNPG " merecia sem dúvida mais atenção", acrescentando: "Basta ver a atitude e o êxito de políticas distintas no lado espanhol do Parque."

Helena Freitas, Liga para a Protecção da Natureza

População que reside no parque queixa-se de (ainda mais) limitações. Como compatibilizar ambiente e pessoas?

O plano de ordenamento tem exactamente este objectivo: assegurar a conservação dos valores naturais que justificam a consignação do Parque da Pe-neda-Gerês à Conservação e o estatuto de parque nacional que tem, ao mesmo tempo, de se procurar garantir os interesses legítimos das populações que aí vivem.

Mas como responder às preocupações das populações?

Neste caso, julgo que a insatisfação das populações se prende com a instituição de zonas de protecção total, que não permitem algumas actividades que são tidas como tradicionais e não susceptíveis de causar da-no à natureza. Mas não é bem assim, e a avaliação da situação actual do parque, do ponto de vista da sustentabilidade dos seus valores e serviços dos ecossistemas, parece obrigar à limitação de actividades humanas em zonas específicas.

Que propostas apresentaram na consulta pública do plano?

No geral, a LPN considerou positiva a actual proposta de revisão do Plano de Ordenamento do PNPG. Entre outras coisas, no seu parecer, a LPN valorizou a revegetação com espécies nativas, pelo seu valor mas também enquanto estratégia preventiva em relação aos fogos florestais, substituição de espécies exóticas por espécies autóctones, a interdição de algumas actividades como o próprio pastoreio e o trânsito motorizado nas zonas de protecção total.

Faz sentido um PNPG sem pessoas?

Não faz sentido um PNPG sem pessoas, mas pode fazer sentido que algumas áreas do PNPG, que hoje enfrentam maior vulnerabilidade e integram mais valores, sejam consideradas interditadas na sequência da presente avaliação. O êxodo de territórios de matriz rural é generalizado e não se circunscreve ao PNPG.

"Há cada vez menos pessoas por cá…"

Moram e "tentam" trabalhar no parque. São proprietários de terrenos, mas queixam-se de falta de voz nas decisões sobre o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG). Alguns defendem eólicas para justificar a presença de quem ainda ali reside, mas o parque rejeita. No entretanto, o povo vai partindo. As "limitações" e "imposições" são as justificações.


Em terras de que os mais velhos fogem à procura de emprego, a construção de habitação é uma das dificuldades que, segundo os autarcas da área do PNPG, serão agravadas pelo novo plano. Ou seja, o PNPG prevê colocar sob alçada das câmaras o licenciamento de construção, mas como é obrigatório que os projectos sejam da autoria de arquitectos e não de engenheiros, garantem que representará o dobro da despesa.

Problemas, muitos, com que José Alberto, morador no parque, parece pouco se importar. "Sabe, parti há 35 anos para ser emigrante e isto era uma miséria. Colhíamos 20 quilos para comprar umas sardinhas. Hoje isso mudou, mas não foi muito." Agarrado a uma das "tourinhas", José segue viagem até casa, após mais algumas horas no campo. No fundo, a única rotina por estas bandas. Olha para o topo da montanha e desabafa: "Então não podíamos ter ali umas ventoinhas, daquelas da electricidade, para dar algum dinheiro?" Não, não podem porque o parque não autoriza e assim continuará.

Em pleno centro do Soajo, o DN encontrou Custódia. Passeia ao colo o neto, Noé. "Para já os meus filhos estão por cá. Enquanto há trabalho por perto", diz, assumindo: "Crianças são tão poucas que sabemos quem são. Há uma menina de seis meses e depois é o meu neto." Numa terra em que os cafés e três restaurantes são os principais empregadores, Custódia percebe a realidade. "Não dá para os mais novos terem filhos e continuarem por cá."

Com um total de 5800 hectares de território, Soajo é uma das mais características freguesias do parque. Desta área, 4000 hectares integram o PNPG, mas quase não resta história dos milhares de animais de pastoreio. O último grande pastor tinha 350 cabeças, mas há pouco mais de um ano vendeu--as, devido aos prejuízos dos ataques dos lobos. Hoje, enquanto ainda aguarda por indemnizações do parque, dedica-se à construção civil. Revoltado por tudo o que ficou para trás, recusa mesmo entrevistas: "Ficou muito magoado", atira a esposa.

Fonte: Diário de Notícias

Tartaruga-de-couro perdeu-se ou ficou ferida

Biólogo Mário Diniz lembra que animais destes só dão à costa quando algo corre mal. Ou adoecem ou desorientam-se.

Ferida, desorientada ou doente. São estas as explicações avançadas pelo biólogo Mário Diniz para o aparecimento de uma tartaruga-de-couro na praia da Mina, em Alcobaça. O animal foi encontrado morto na quinta-feira ao final do dia por um pescador, mas as autoridades acreditam que tivesse dado à costa 48 horas antes. Pesa mais de 300 quilos e mede quase dois metros de comprimento.

"Estes aparecimentos no litoral acontecem sempre porque algo correu mal. Ou porque os animais ficam doentes, se magoam ou desorientam. São animais de alto mar, que passam por aqui e depois desviam-se das suas rotas habituais", explicou ao DN Mário Diniz.

À semelhança de golfinhos e baleias, as tartarugas também são, por vezes, apanhadas nas redes de pesca, acabando por morrer. Esta tartaruga-de-couro apresentava traumatismos, mas não tinha vestígios de redes nem de arpões, pelo que se torna mais difícil descobrir a origem da sua morte.

As autoridades locais tentaram apurar o interesse deste animal, acabando por enviá-lo para o Museu Nacional de História Natural, em Lisboa.

Apesar de este episódio ser raro, nos últimos anos (entre 2004 e 2009) foram detectados mais de 70 animais de oito espécies distintas na zona costeira de Alcobaça.

As tartarugas-de-couro têm tendência para se tornar mais raras. Frequentam uma área geográfica vasta, que se estende da Islândia à Nova Zelândia.

Os especialistas acreditam que esta espécie de tartarugas esteja já a sofrer com as alterações climáticas, porque, ao contrário do que seria natural, estão a surgir mais na zona do Atlântico Norte.

Fonte: Diário de Notícias

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Quercus critica prioridade dada às grandes obras públicas no Orçamento de Estado

A solução para salvar o país preconizada nesta proposta de Orçamento de Estado 2010 não agrada à Quercus. A associação critica um modelo de desenvolvimento que assenta nas grandes obras públicas. Apesar disso diz que o documento tem “novidades positivas” e “interessantes”.

“O que gostaria era que os erros cometidos em outros anos não se repetissem agora”, disse Francisco Ferreira, dirigente da associação ambientalista, ao PÚBLICO. “Gostava que fosse invertida a lógica de querer salvar o país através de grandes obras públicas, pagas por nós”. Francisco Ferreira enumerou o novo aeroporto, algumas das grandes barragens, algumas estradas e a travessia rodoviária da nova ponte sobre o rio Tejo. “Esta não é uma crítica partidária, já a fazemos há muito tempo em relação aos sucessivos Governos”, acrescentou.

O dirigente identificou uma “relação muito profunda” entre a dívida pública e o Ambiente. “Os custos das infra-estruturas que têm fortes impactos no Ambiente passam para as próximas gerações”, notou. “Esses investimentos públicos, com uma mais-valia reduzida para o desenvolvimento sustentável, poderiam ser aplicados em outras direcções”. Nomeadamente para as áreas protegidas. “Já vamos estando cansados de promessas quando continuamos a não ver meios humanos ou materiais para salvar a conservação da natureza”, desabafou. Neste capítulo, o documento prevê o início da revisão da Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade, a promoção da criação de novas áreas protegidas locais, regionais e privadas e o alargamento da rede de áreas marinhas protegidas. O Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) apresenta uma taxa de crescimento de 31,5 por cento face ao ano anterior.

Eficiência energética é uma "novidade positiva"

Mas o documento introduz “novidades positivas”, nomeadamente a introdução de preocupações com a eficiência energética e não apenas com as energias renováveis. “É novidade a requalificação da habitação com fins de eficiência energética, o que é positivo, mas introduz-se cláusula de não se poder usufruir de um determinado item mais do que uma vez em cada quatro anos, o que em nosso entender é limitativo no caso das obras de renovação”, entende a associação.

No capítulo da fiscalidade automóvel, Francisco Ferreira diz-se ainda “um pouco céptico em relação aos veículos eléctricos. Não sei se não estaremos a antecipar demasiado os incentivos sem ter uma clara indicação do mercado”.

A Quercus também considera positiva a “aplicação de critério de emissões de CO2 [dióxido de carbono] aos veículos ligeiros de mercadorias e mistos a partir de 2014”, assim como a “passagem do limite de emissões no carro novo de 140 para 130 g/km de CO2 para ter direito ao incentivo de abate”.

Face à estimativa da despesa consolidada do Ministério do Ambiente em 2009, a despesa total prevista para 2010 regista um crescimento de 51,5 por cento.

Fonte: Publico.pt

Autarcas pedem intervenção da ministra do Ambiente na Lagoa de Óbidos

O presidente da câmara das Caldas da Rainha alertou hoje para o perigo de ruptura do exutor submarino da Foz do Arelho e anunciou que vai solicitar a presença da ministra do Ambiente, Dulce Pássaro, na Lagoa de Óbidos.

Numa carta subscrita também por Fernando Horta, presidente da Junta de Freguesia da Foz do Arelho, o autarca Fernando Costa apela à ministra para se deslocar ao local o quanto antes. “Ou, se não puder vir, que nos receba no ministério, com urgência, para darmos conta da gravidade da situação da Lagoa de Óbidos”.

De acordo com Fernando Costa, “a situação está a agravar-se todos os dias”, já que “cada vez a erosão da margem norte é maior e cada vez a água está mais perto do exutor, da estrada e dos bares”.

A decisão anunciada por Dulce Pássaro, durante o Governo Presente no distrito de Leiria, de que as dragagens na Lagoa de Óbidos iriam arrancar ainda este ano, deixou, na altura, o autarca satisfeito, mas agora este pede ao Governo e ao Instituto da Água (que tutela as intervenções na Lagoa) “mais celeridade”.

“A deslocação da aberta [canal que liga a Lagoa ao mar] para norte tem sido tão galopante que o assunto deve ser resolvido ainda mais rápido do que o que estava programado”, alerta, considerando que “pode demorar 15 dias ou um mês, mas também pode demorar dois dias ou três” para que o mar chegue ao exutor que transporta os esgotos do concelho das Caldas da Rainha.

Se nada for feito, avisa, “está eminente a ruptura” e, dependendo da força das marés, “pode haver uma catástrofe ambiental mais cedo do que se espera”.

Fonte: LUSA

XI Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

O FAPAS - Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens organiza, nos dias 8 e 9 de Maio, as XI Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental/Educação para a Sustentabilidade, no Hotel Portas do Sol, em Caminha.

"As Jornadas destinam-se a professores, a técnicos de municípios e a todos os profissionais ligados ao Ambiente e à Educação para o Desenvolvimento Sustentável", explicam os organizadores.
Data limite de inscrição: 27 de Abril.

Dia 8 de Maio:

Políticas de apoio à conservação da biodiversidade:
09h30: O papel dos Instrumentos de Ordenamento do Território para Conservação da Natureza e Biodiversidade - Célia Ramos (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional - Norte)
10h15: A estratégia e plano de acção Nacionais para a biodiversidade - Perspectivas do ICNB - Tito Rosa (presidente do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade)
11h00: Intervalo para café
11h15: Ano Internacional da Biodiversidade - Isabel Sousa Pinto (CIIMAR-Universidade do Porto)

Investigação e estratégias de conservação da biodiversidade:
12h00: O papel da Investigação na Conservação da Natureza - Nuno Ferrand de Almeida (CIBIO-Universidade do Porto)
12h45: Debate
13h00: Almoço livre
15h00: Serviços dos ecossistemas: o estuário do rio Minho como caso de estudo - Leonor Fidalgo e Luzia Sousa (Faculdade de Ciências da Universidade do Porto/Museu de História Natural, Universidade do Porto)
15h45: Análise da compatibilidade entre exploração mineira e conservação da natureza – exemplos em Caminha - Carlos A. A. Leal Gomes (Centro de Investigação Geológica – Ordenamento e Valorização de Recursos, Universidade do Minho)
16h30: Intervalo para café
16h45: Centros de Biodiversidade: Micro-Reservas Biológicas - Paulo Lucas/José Paulo Martins (Quercus)
17h30: Plantas invasoras em Portugal; Impactes na Biodiversidade - Elizabete Marchante e Hélia Marchante (Centro de Ecologia Funcional Departamento de Ciências da Vida Universidade de Coimbra e Centro de Estudos de Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade Escola Superior Agrária de Coimbra)
18h15: A háquea, uma invasora lenhosa - Laura Lemos (Autoridade Florestal Nacional)
19h00: Debate

Dia 9 de Maio:

Educação, conservação e participação pública:
09h00: Os processos de participação pública em Portugal - Rosário Oliveira (TERCUD - Centro de Estudos do Território, Cultura e Desenvolvimento. Universidade Lusófona)
09h45: A co-responsabilização na gestão das populações piscícolas do rio Minho internacional - José Carlos Antunes (Aquamuseu do rio Minho)
10h30: Intervalo para café
10h45: A Educação Ambiental como ferramenta para a conservação das espécies e ecossistemas. Reflorestação dos Sistemas Dunares. Controlo de exóticas invasoras. Novo olhar sobre Caminha: observatório para aves, visitas guiadas e caminhadas - Clara Prior (Colégio da Nossa Srª da Apresentação, Vagos); Maria Cristina Paula e Ana Isabel Ramalhada (Escola E.B.2.3 de Caminha e Escolas do 1º ciclo de Caminha); Paula Ramos (Escola E.B.1 de Vilar, Aveiro); Ana Catarina Correia e Luciana Alves Simões (Escola E.B.2.3 de Caminha)
11h45: Educação Ambiental na Área de Paisagem Protegida - Lagoas de Bertiandos e S. Pedro de Arcos - Paulo Pimenta (Área de Paisagem Protegida – Lagoas de Bertiandos e S. Pedro de Arcos)
12h15: Debate
13h00: Almoço convívio com animação cultural (com inscrição)
15h00: Actividades em simultâneo:
Ateliers:
Construção de caixas-ninho e caixas-abrigo para fauna selvagem
Plantas aromáticas (história, identificação e utilizações)
Dunas à Lupa
Visitas guiadas/percursos interpretativos:
Geologia Mineira à volta da Serra d’Arga
Percurso pedestre guiado na Serra de Arga -Floresta Autóctone
Biodiversidade Aquática nas praias
Observação de aves.

Contactos:
Telef: 22.200.24.72

Fax: 22.208.74.55

Email: geral.fapas@sapo.pt

Morada: Fapas - Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens - Rua Alexandre Herculano, 371 4º dto - 4000-055 Porto

Fonte: Publico.pt

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Comemorações do Dia Nacional do Vigilante da Natureza na Madeira 2010

A Associação de Vigilantes da Natureza da Madeira
Tem a honra de convidar Vossa Excelência a estar presente nas comemorações do dia Nacional do Vigilante da Natureza, a realizar no dia 2 de Fevereiro pelas 9:30 no edifício Golden.
Numa pequena sessão com três oradores, vamos realçar a importância do corpo de Vigilantes da Natureza representa para a conservação e preservação do património natural e uma secção de perguntas e respostas com um grupo de alunos do terceiro cíclo. Vica também desde já conviado para o almoço comemorativo do dia nacional do Vigilante da Natureza.



Associação de Vigilantes da Natureza da Madeira

Dia Nacional do Vigilante da Natureza - 2 de Fevereiro de 2010


No dia 2 de Fevereiro comemora-se o "Dia Nacional do Vigilante da Natureza". A Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza (APGVN) irá assinalar esta data com o apoio ao projecto "Conservação da Gralha-de-bico-vermelho na Serra dos Candeeiros", desenvolvido pela QUERCUS em parceria com a COOPERATIVA TERRA CHÃ e a VODAFONE, enquadrado pela iniciativa da União Europeia “Business & Biodiversity”, que visa a conservação da Natureza e da Biodiversidade.

O objectivo do projecto consiste em conservar a gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax) na serra dos Candeeiros, com recurso à manutenção e incremento de áreas de pastagens extensivas para o pastoreio de gado caprino, com condicionamento do encabeçamento, que se traduzam na melhoria do habitat de alimentação da espécie, no incremento do número de casais nidificantes e na permanência da espécie na área fora do período de nidificação. Pretende-se igualmente fomentar actividades económicas que criem dinâmicas de desenvolvimento local ligadas aos produtos tradicionais e ao turismo de natureza. Este projecto tem a duração de cinco anos (2008-2012).

A APGVN irá apadrinhar uma Cabra Serrana do Rebanho Comunitário da “Terra Chã”, tornando-se parte activa neste projecto e contribuindo assim para a conservação da Natureza e da Biodiversidade, nomeadamente sobre uma espécie actualmente considerada “EM PERIGO” pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal e que consta do anexo I da Directiva Aves (79/409/CEE, alterada pela Directiva 85/411/CEE), a qual é destinada às espécies de aves de interesse comunitário cuja conservação requer a designação de zonas de protecção especial : A Gralha-de-bico-vermelho!!

A participação neste projecto será o nosso pequeno contributo para ajudar na conservação da gralha-de-bico-vermelho no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. O sucesso deste projecto deve-se também aos pequenos contributos de vários cidadãos, que como nós, se preocupam com o futuro da nossa biodiversidade.

Solicitamos o apoio de todos para a divulgação desta iniciativa.

Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza

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Ver síntese do projecto

Portugal já pode celebrar o Ano Internacional da Biodiversidade

O comité que vai coordenar em Portugal as celebrações do Ano Internacional da Biodiversidade foi constituído ontem e deverá lançar para a semana a primeira iniciativa: o site que reunirá tudo o que por cá se vai fazer para travar a perda de animais e plantas.

“Queremos mostrar o que em Portugal se está a fazer para reverter a perda de biodiversidade, quais são os nossos problemas e que soluções existem”, explicou Elisabeth Silva, da comissão nacional da Unesco, ao PÚBLICO.

O comité, debaixo da alçada da Unesco, ambiciona ainda “sensibilizar os decisores políticos e as populações locais, que são as pessoas que estão no terreno” e promover “a criação de redes de parcerias, numa troca de experiências e de boas práticas”, acrescentou.

Para o conseguir, o comité conta com uma comissão de honra, um núcleo executivo, que vai coordenar as actividades ao longo de 2010, e uma comissão das entidades representadas e que queiram aderir com as suas iniciativas, de forma gratuita e voluntária. “Gostaríamos que a adesão fosse a nível nacional, incluindo as ilhas, e que envolvesse escolas, municípios, museus, universidades e organizações não governamentais”. Até mesmo o cidadão anónimo que tenha uma actividade em benefício da biodiversidade pode juntar-se a esta comunidade.

O núcleo executivo do comité, que ainda não foi encerrado, conta, para já, com oito elementos: Gonçalo Calado, assessor do secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa; Anabela Isidoro, do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB); Margarida Santos Reis (Centro de Biologia Ambiental da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa); Nuno Ferrand de Almeida (CIBIO, Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos); Ana Noronha (Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica); Luís Chícharo (Centro de Eco-hidrologia e zonas costeiras da Unesco), Elizabeth Silva (Comissão Nacional da Unesco) e Fernando Andersen Guimarães (presidente da Comissão Nacional da Unesco).

O site, que funcionará como uma base de dados das actividades organizadas por todo o país, deverá manter-se, pelo menos, até 2014. Isto porque, como explicou Elizabeth Silva, “o ano 2011 foi proclamado o Ano Internacional das Florestas e estas questões estão profundamente ligadas”. Além disso, esta é a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014).

Elizabeth Silva adiantou que será dada especial importância às Reservas da Biosfera da Unesco, privilegiando-as enquanto “espaços de aprendizagem”, e procurar-se-á fazer um levantamento da biodiversidade em Portugal.

O Ano Internacional da Biodiversidade foi oficialmente lançado a 11 de Janeiro, em Berlim. 2010 marca ainda o final do prazo lançado para travar a perda da biodiversidade. Agora, a comunidade internacional estuda novas metas e, eventualmente, a definição de um acordo vinculativo para esse fim que estará em cima da mesa numa cimeira da Convenção para a Diversidade Biológica a realizar em Outubro no Japão.

Segundo a UICN (União Internacional para a Conservação), o planeta tem hoje mais de 17.200 espécies ameaçadas de extinção.

Fonte: Publico.pt

Alterações climáticas poderão triplicar risco de incêndios na Austrália

Até 2050, as alterações climáticas poderão triplicar o risco de incêndios no Sul da Austrália, advertiu hoje a Greenpeace, um ano depois dos fogos violentos que causaram 173 mortos.

A organização ecologista mostra-se preocupada com a dificuldade em encontrar um sucessor do Protocolo de Quioto, para limitar o aquecimento global. O documento expira em 2012.

“A frequência do risco de fogos catastróficos poderá mesmo ser multiplicada por dez em Melbourne e o número de dias em que é proibido fazer fogos poderá triplicar em Sidney, Adelaide e Camberra até 2050”, diz a Greenpeace no relatório “Risco Futuro”, elaborado em colaboração com o sindicato dos bombeiros.

“Se continuarmos passivos face às alterações climáticas estamos a pôr em perigo, de forma consciente, mais seres humanos”, comentou Linda Selvey, responsável pela organização na Austrália.

Segundo o relatório da Greenpeace, a temperatura na Austrália aumentou, em média, 0,9ºC desde 1950; o aumento mais significativo foi observado na região Este, com uma ligeira diminuição da precipitação.

Há cerca de um ano, a 7 de Fevereiro de 2009, a região de Melbourne foi atingida por incêndios particularmente devastadores e mortíferos. Morreram 173 pessoas, mais de 400 ficaram feridas e duas mil casas ficaram destruídas.

A Austrália está a viver a década mais quente da sua História, anunciou no início de Janeiro o Instituto de Meteorologia, apontando como culpados as ondas de calor, a seca, as tempestades de areias e os incêndios.

O ano de 2009 foi o segundo mais quente desde que existem dados meteorológicos, ou seja, desde 1910. A temperatura média anual foi um grau mais elevada em relação à média.

A Greenpeace e o sindicato australiano dos bombeiros apelam ao Governo para fazer a diferença ao apresentar as suas metas de redução de emissões de gases com efeito de estufa, até 31 de Dezembro, no âmbito das negociações de Copenhaga.

Fonte: Agência France Press

Ecolocação: Sonar aproxima baleias e morcegos

Golfinhos e baleias, no mar, e morcegos, em terra, têm afinal mais em comum do que se poderia pensar. Para caçar as suas presas e para se orientarem no espaço envolvente, estes mamíferos utilizam um sistema de sonar, mas a coincidência não se fica por aqui. De acordo com dois estudos hoje publicados na revista Current Biology, estas espécies tão diferentes partilham afinal o mesmo mecanismo molecular na base das suas capacidades de eco-locação. Esta coincidência, que os biólogos da evolução denominam convergência, vem mostrar que este fenómeno evolutivo não é afinal tão raro quanto se pensava.

Para chegar a este resultado, os investigadores estudaram nestas espécies a expressão de um gene que codifica uma determinada proteína num grupo de células do ouvido interno, e cuja função é amplificar o som.

A pesquisa realizada por investigadores da universidade norte- -americana do Michigan permitiu verificar a expressão daquele gene em cada uma das 25 espécies de morcegos e baleias estudadas. Depois, com base nessa informação, os cientistas construíram uma árvore evolutiva, considerando apenas aquele gene. Nestas "árvores", as espécies mais próximas são as que têm mais relação entre si, enquanto as mais afastadas partilham menos características. Na "árvore" para aquele gene específico, morcegos e baleias apareciam muito próximos. "Foi chocante", confessou o líder da equipa, Jianzhi Zhang, comentando a descoberta da sua equipa. Afastadas outras possibilidades de explicação, os investigadores concluíram pela partilha do mesmo mecanismo molecular.

Fonte: Diário de Notícias

Adoptar um tigre-de-samatra por 75 mil euros e salvá-lo da extinção


E se pudesse ter um tigre-de-samatra no quintal? Isto é algo que na Indonésia será possível, depois de o Governo estipular as regras para quem quiser adoptar um exemplar desta espécie ameaçada de extinção, nascido em cativeiro. A medida é polémica, mas o Governo diz que é nobre. Numa altura em que só já existem cerca de 200 tigres-de-samatra em liberdade, o programa quer promover a recuperação da espécie.

Para adoptar um casal de tigres--de-samatra, os candidatos devem dispor de uma área ao ar livre com cerca de cinco mil metros quadrados e pagar uma fiança de 75 mil euros, que servirá para criar uma "garantia de conservação". Além desta caução, os candidatos terão ainda de pagar um imposto anual.

Projecto já foi criticado pela Greenpeace Asia, que o considera desajustado. "A melhor solução seria salvar os bosques onde vivem", defende Bustar Maitar. "A destruição do seu habitat natural é a principal causa da extinção desta espécie", diz Maitar.

Fonte: Diário de Notícias
A medida surge numa altura em que as autoridades e defensores dos animais temem que os tigres fiquem mais ameaçados com o início do ano do tigre, que, na astrologia chinesa, começa a 14 de Fevereiro. O director da World Wild Foundation na Malásia, Dinoysius Sharma, adverte que "durante este ano a procura de peles ou ossos de tigre irá aumentar".

Fonte: Diário de Notícias

Resposta governamental à Pergunta do Senhor Deputado Miguel Tiago sobre a situação profissional dos vigilantes da natureza e a externalização de serviços no ICNB

Pede-me o Senhor Deputado Miguel Tiago que envie, para conhecimento de V. Exa. e fins considerados convenientes cópia de resposta governamental à Pergunta formulada sobre a situação profissional dos vigilantes da natureza e a externalização de serviços no ICNB.

Lisboa, 26 de Janeiro de 2010

Com os melhores cumprimentos,

Anabela Cunha
Secretária do Grupo Parlamentar do PCP

N/Ref. nº 31875-399AC/10

Anabela Teixeira da Costa e Cunha
Grupo Parlamentar do PCP
Assembleia da República
1249-068 Lisboa
Telef- 21.391.92.34 - Fax- 21.391.74.66
ac@pcp.parlamento.pt

Ver resposta da Presidência do Conselho de Ministros (pdf)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Descoberta nova espécie de verme marinho em Portugal

Adília Pires apanhou-o num dos braços principais da ria de Aveiro – o canal de Mira – e levou-o para o laboratório. Uma vez aí, esta bióloga e os seus orientadores de doutoramento, Ana Maria Rodrigues e Vítor Quintino, puseram-se a analisá-lo. Perceberam que tinham em mãos uma nova espécie de verme marinho, e agora esta equipa de biólogos da Universidade de Aveiro acaba de apresentá-lo ao mundo.

De cor acastanhada, o verme tem à volta de seis centímetros de comprimento. Cinco antenas, com umas riscas azuis, servem de órgãos sensoriais, que detectam substâncias químicas no ambiente e funcionam também como sensores tácteis.

Ao longo de parte do corpo, apresenta o que se assemelham a árvores e que, na realidade, são os órgãos de respiração (as brânquias). Ana Maria Rodrigues gosta de dizer que as brânquias parecem uns “pinheiros pequeninos”. “Pode haver quem o ache muito feio, mas para mim é um animal muito bonito”.

Até há pouco tempo, apenas se conhecia um primo deste verme marinho na Europa, o “Diopatra neapolitana”, identificado em meados do século XIX.

Na ria de Aveiro e noutras lagoas e estuários portugueses e europeus, o “Diopatra neapolitana” é conhecido pelo seu interesse económico, pois é vendido como isco na pesca. Também desempenha um papel ecológico importante: “Faz parte de uma cadeia alimentar. Aves, peixes e outros animais comem-no”, explica Ana Maria Rodrigues. Na zona da ria de Aveiro, chamam-lhe “casulo”, por uma simples razão: “Constrói um tubo e vive lá dentro. É a casinha dele”, diz Ana Maria Rodrigues.

Esse tubo é fabricado através de muco segregado pelo animal, ao qual aderem partículas de sedimentos, pedaços de conchas, algas, entre outras coisas. O tubo não se mexe, pois encontra-se preso ao chão. “O animal vem cá fora alimentar-se. Sai do tubo, mas não sai muito.”

O novo primo do “casulo” também constrói um tubo, só que é um pouco mais pequeno. Ainda antes da sua descoberta, os três biólogos já tinham encontrado uma outra espécie de verme marinho, também no canal de Mira – o “Diopatra marocensis”, até então apenas identificado na costa de Marrocos.

Quando se depararam com exemplares que se pareciam com o “Diopatra marocensis”, os cientistas portugueses entraram em contacto com uma investigadora especialista neste género de vermes. Hannelore Paxton, da Universidade de Macquarie (em Sydney), que tinha sido quem descobrira a espécie de Marrocos, confirmou a suspeita. No ano passado, esta descoberta era publicada num artigo científico.

Quando os biólogos portugueses voltaram a cruzar-se com outro verme que parecia ser de uma nova espécie, a investigadora australiana confirmou de novo as desconfianças iniciais. O artigo científico que contém esta novidade acaba de ser aceite para publicação na revista “Zootaxa”.

A nova espécie recebeu o nome de “Diopatra micrura”, e também aqui há uma explicação. Houve uma conversa entre a equipa à procura de um nome. Não quiseram escolher um que remetesse para as palavras “Aveiro” ou “Portugal”, afinal o animal poderia vir a ser encontrado noutros sítios. “Houve alguém que disse que parecia uma cobra-coral, por causa das riscas azuis nas antenas.” Como o género da cobra-coral é o “Micrurus”, assim a nova espécie ganhou a sua designação científica.

A equipa de Aveiro lembrou-se ainda de olhar para as colecções de animais recolhidas noutros pontos de Portugal, não fosse dar-se o caso de ter uma distribuição mais alargada. Tem mesmo. Também se encontra ao largo de Aveiro, da Nazaré, da baía de Cascais e de Vila Real de Santo António.

Fonte: Publico.pt

CDS/PP quer mais vigilantes e viaturas no Parque Natural do Douro Internacional

O CDS/PP exigiu hoje mais vigilantes e viaturas para o Parque Natural do Douro Internacional (PNDI), salientando que esta área, com 85 mil hectares, está sem vigilantes e nem tem um carro de primeira intervenção no combate a incêndios.

Num requerimento hoje enviado à ministra do Ambiente, Dulce Pássaro, um grupo de deputados do CDS/PP pretende saber quando vai o PNDI ter novos vigilantes e se vão ser reforçados os meios ao dispor dos seus funcionários, nomeadamente se vão ser "adquiridas novas viaturas e substituídas as actuais, por forma a que os técnicos e vigilantes do parque possam desempenhar efectivamente as suas funções".

No mesmo documento, o CDS realça que o PNDI, com 85 mil hectares, "está desde Outubro de 2009 sem qualquer tipo de vigilância".

No requerimento, este partido acrescenta que o próprio Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), entidade governamental responsável pela gestão e protecção dos parques naturais, "admite serem os actuais meios nesta área classificada 'francamente escassos', quer pela ausência de vigilantes da natureza, situação que dificulta a operacionalidade do ICNB no local, 'quer devido às dificuldades logísticas relacionadas com o parque automóvel necessário para a deslocação dos técnicos no âmbito das suas funções'".

Segundo os deputados democratas-cristãos, o PNDI tem apenas nos seus quadros quatro técnicos de conservação da natureza, sendo frequentes as instalações do PNDI, em Mogadouro, "estarem fechadas por falta de funcionários".

Por outro lado, segundo o documento, na época de incêndios estes técnicos "não dispõem de qualquer viatura de primeira intervenção para fazer face aos fogos, situação que leva muitas vezes ao alastrar dos incêndios".

Fonte: LUSA

Treze países asiáticos juntam-se para salvar os tigres

Treze países asiáticos que têm habitat de tigre estão reunidos de hoje até sábado em Hua Hin, Prachuap Khiri Khan, Tailândia, na primeira conferência ministerial dedicada à conservação da espécie ameaçada de extinção.

O objectivo da conferência, na qual participam 180 delegados, é actualizar os planos de acção dos vários países, identificar os instrumentos políticos e financeiros e a ajuda internacional necessária para acelerar a implementação dos planos nacionais de acção e estabelecer metas para aumentar as suas populações, informou Suwit Khunkitti, ministro tailandês do Ambiente e dos Recursos Naturais. Estas metas serão oficializadas pelos chefes de Estado em Setembro, numa conferência a realizar na Rússia.

A conferência – onde participam o Bangladesh, Butão, Camboja, China, Índia, Indonésia, Laos, Malásia, Birmânia, Nepal, Rússia, Tailândia e Vietname - é organizada pela Tailândia, pelo Save the Tiger Fund e pela coligação Global Tiger Initiative, formada em 2008 pelo Banco Mundial, Smithsonian Institute e cerca de 40 organizações de conservação. A meta é duplicar o número de tigres até 2022.

“Não vai haver espaço para os tigres e outros animais selvagens na Ásia sem um programa mais responsável e sustentável para o crescimento económico”, comentou o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, numa mensagem vídeo dirigida aos delegados, citou o “The Guardian”.

“O tigre pode ser apenas uma espécie mas a luta pelo tigre sublinha a crise da biodiversidade na Ásia”, acrescentou.

No início do século XX existiriam cerca de cem mil tigres; hoje serão apenas 3600. Entre as causas deste declínio estão a caça ilegal e a perda de mais de nove décimos do seu habitat.

John Sidensticker, responsável pela ecologia de conservação no Parque Zoológico nacional Smithsonian, lembrou ao jornal como assistiu ao desaparecimento do tigre de Java e do tigre de Bali, no século XX. “Perder um tigre é como perder um familiar muito querido. Ainda estou triste com essa experiência”.

Sidensticker sublinhou que o desafio de salvar o tigre já ultrapassou a luta apaixonada de ambientalistas e cientistas e já foi adoptada por Governos e doadores cruciais, como o Banco Mundial.

Fonte: Publico.pt

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Área protegida do Douro continua sem Vigilantes da Natureza

Há três meses que o Parque Natural do Douro Internacional (PNDI), está sem vigilantes da natureza. O único vigilante que fiscalizava os 85 mil hectares daquele espaço protegido, a meio termo, foi-se embora em Outubro e o Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) ainda não arranjou qualquer substituto.

A situação já foi denunciada pelo Bloco de Esquerda que, na Assembleia da República, apresentou um requerimento ao Ministério do Ambiente a pedir explicações, e também pelo ex-director daquela área protegida, Domingos Amaro, inconformado com a situação de "abandono" a que o PNDI foi votado. Esta situação de "abandono" resultou da reestruturação do ICNB, que ditou a concentração da gestão de todas as áreas protegidas do Norte numa única equipa, sedeada em Braga, a 250 quilómetros de distância.

A presidência do ICNB admite que os meios disponíveis actualmente nesta área classificada "são francamente escassos", quer pela ausência de vigilantes da natureza, situação que dificulta a operacionalidade do ICNB no local, "quer devido às dificuldades logísticas relacionadas com o parque automóvel necessário para a deslocação dos técnicos no âmbito das suas funções".

Na última época de incêndios florestais, os técnicos não dispunham de nenhuma viatura de primeira intervenção para poder acudir rapidamente aos fogos. O Parque Natural do Douro Internacional afiança que, nesta altura, já está em curso um processo de recrutamento externo para reforço do corpo de vigilantes da natureza e que espera fazer "um reforço da actual frota em 2010, suportado pelo orçamento do ICNB, e também através da cedência de viaturas no âmbito de projectos com financiamento europeu para a vigilância de incêndios".

O PNDI abrange os municípios de Miranda do Douro, Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e Figueira de Castelo Rodrigo e conta apenas com quatro técnicos de conservação da natureza. As portas das instalações do parque em Mogadouro estão a maior parte do tempo encerradas, porque também não há funcionários administrativos, "o que impede que, quando os técnicos saem ou estão de férias, haja quem abra a porta", explica o ICNB. O instituto acrescenta que foram iniciados procedimentos para colmatar esta lacuna, cuja resolução está prevista para este ano. A falta de meios estende-se ao Parque Natural de Montesinho (Bragança e Vinhais), onde os técnicos têm seis viaturas, "embora três com limitações", confirma aquele organismo. Para aumentar a consciencialização sobre a necessidade de conservação dos rios, cem alunos de Espanha e Portugal encontram-se, amanhã, na localidade fronteiriça de Trabanca (Salamanca). Os alunos têm entre os oito e os 12 anos.

Fonte: Publico.pt

III Fórum de Áreas Naturais Protegidas (Perú)

Vídeo do Resumo do III Fórum de Áreas Naturais Protegidas "Patrimonio vivo para hoy y mañana" - Perú :


Construção de Biotério motiva perguntas de “Os Verdes” na A. R.

O Deputado José Luís Ferreira, do Grupo Parlamentar “Os Verdes”, entregou na Assembleia da República duas perguntas em que pede esclarecimentos ao Governo, através dos Ministérios da Agricultura, Desenvolvimento Rural e das Pescas e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, sobre a construção de um dos maiores biotérios da Europa na Azambuja.

A construção deste biotério, um projecto da Fundação Champalimaud, ocorrerá em terrenos cedidos pelo município da Azambuja e terá capacidade para 25000 animais que serão utilizados em experiências científicas. Surge, ainda, numa altura em que, com a publicação da directiva comunitária 86/609/EEC, existe a obrigação legal de todos os Estados-Membros implementarem a política de outros 3 R’s (Replacement, Reduction, Refinement), que prevê uma redução na utilização de animais para fins experimentais.

PERGUNTA:

Está prevista a construção de um dos maiores biotérios da Europa, com capacidade para 25 mil animais, para serem usados em experiências científicas de laboratórios portugueses e estrangeiros, na Azambuja, com conclusão prevista para 2011. O projecto é da Fundação Champalimaud e conta com a parceria da Fundação Calouste Gulbenkian e da Universidade de Lisboa e terrenos cedidos pelo município da Azambuja.

A construção do biotério está estimada em cerca de 36 milhões de euros, mas apenas 9 milhões serão privados. Os restantes 27 resultam de fundos comunitários que o Governo canalizou para as regiões do Oeste e Lezíria como compensação pela deslocalização do novo aeroporto de Lisboa.

Este projecto surge numa altura em que, com a publicação da directiva comunitária 86/609/EEC, existe a obrigação legal de todos os Estados-Membros implementarem a política de outros 3 R’s (Replacement, Reduction, Refinement).
Efectivamente, a directiva comunitária 86/609/EEC, transposta para a lei portuguesa pelos Decretos-Lei nº 129/92 e nº 197/96 e reforçada pela revisão à directiva comunitária 86/609/EEC em Novembro de 2008, prevê uma redução na utilização de animais para fins experimentais, pelo que a construção de um novo biotério dedicado à criação de milhares de animais para serem vendidos a laboratórios de todo o mundo parece vir desrespeitar o princípio fundamental desta directiva.
A revisão à directiva comunitária 86/609/EEC de Novembro de 2008 declara expressamente que deve ser evitada a duplicação de testes já feitos com animais. Um biotério que pretende vender animais para fora do espaço europeu, nomeadamente para países africanos onde não existe qualquer legislação que regule a utilização de animais em experiências científicas nem tão pouco a sua contabilização, não vem de encontro ao princípio desta directiva.
A revisão à directiva comunitária 86/609/EEC de Novembro de 2008 postula ainda que as experiências levadas a cabo com animais devem ser feitas com recurso a anestesia e/ou analgésicos. Mais uma vez a venda de animais para países onde não existe legislação nem recursos logísticos e financeiros para garantir o cumprimento desta directiva, resulta em incoerência.

Assim, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, solicito a S. Exª O Presidente da Assembleia da República que remeta ao Governo a seguinte Pergunta, de forma a que o Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas me possa prestar os seguintes esclarecimentos:

1. Que investimento tem feito o Ministério da Agricultura e pretende fazer, no sentido de desenvolver e aferir as técnicas susceptíveis de fornecerem o mesmo nível de informação que as experiências com animais, mas que utilizem menos animais ou impliquem sofrimentos menores?
2. Tem o Ministério conhecimento dos animais que serão utilizados no biotério referido? Quais?
3. Tem o Ministério conhecimento dos países, para onde se destina a comercialização dos animais do biotério? Quais?
4. Que medidas está a tomar o Ministério para assegurar as orientações das directivas comunitárias, neste caso?
5. Que inspecção tem sido realizada aos laboratórios que realizam experimentação animal, desde 2000?
6. Quais os resultados dessa inspecção?

Ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o Deputado dirigiu a seguinte pergunta:

Que investimento tem feito o Ministério e pretende fazer no sentido de desenvolver e aferir as técnicas susceptíveis de fornecerem o mesmo nível de informação que as experiências com animais, mas que utilizem menos animais ou impliquem sofrimentos menores?


O Gabinete de Imprensa de “Os Verdes”
(T: 213 919 642 - F: 213 917 424 – TM: 917 462 769 - imprensa.verdes@pev.parlamento.pt)
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Lisboa, 25 de Janeiro de 2010

Negociações podem acalmar Peneda-Gerês

Cerca de dois milhares de habitantes das aldeias incluídas no território do Parque Nacional Peneda-Gerês manifestaram-se, ontem, em Braga, contra o plano de ordenamento. Receberam a promessa que o Governo vai ouvir as pretensões dos habitantes.

Munidos das mais diversas referências rurais, os habitantes das aldeias serranas desceram à cidade para demonstrar o desacordo com o plano que lhes querem impor. Lembraram aos políticos que estão a decidir sobre uma área que, em 92% é privada, ou pertença das comissões de baldios. Viriam a saber, no Governo Civil de Braga, da abertura do Governo para "ouvir o que se passa no território. Vamos todos construir um plano que respeite as pessoas. Temos a garantia que nos vão escutar", disse José Carlos Pires, do movimento Gerês Com Gente. Se tal não suceder, estão a ser reunidas assinaturas para levar o assunto à Assembleia da República.

Ricardo Gonçalves, eleito pelo PS, esteve na rua, e manifestou-se a favor do debate "e que o plano seja amigo das pessoas e não as prejudique", lembrando que o documento está na Comissão Mista, de onde sairá para o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade(ICNB), para acabar no Ministério do Ambiente. "A Comissão Mista tem 17 instituições e uma grande parte são ambientalistas", disse este eleito pelo PS que concordou nas críticas ao plano, nomeadamente por ser "muito restritivo em relação à população. As restrições são tantas que não é viável a criação de riqueza, pelo que as pessoas tendem a sair dali".

José Carlos Pires lembrou que o Estado é "apenas proprietário de 7,4% do território do PNPG e solicitou abertura ao diálogo, por parte do ICNB, "até porque as populações já foram suficientemente penalizadas". Esta tese era defendida, também, pelo antigo presidente da Câmara de Terras de Bouro, António Afonso: "as pessoas têm de ser ressarcidas pelos prejuízos que lhe são provocados por estas medidas".

Agostinho Lopes, deputado da CDU na AR destacava a união do povo da Peneda e Gerês e alega que o ICNB deve "abrir-se às propostas das populações", insurgindo-se, ainda com a nova tipologia que querem conferir ao parque. "Querem conferir um estatuto selvagem a este parque, mas os que existem por todo o Mundo com essa denominação não têm gente a viver lá".

Fonte: Jornal de Notícias

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Conservação: Genética para preservar crocodilos

As atividades humanas, quase sempre, estão em choque com a preservação da diversidade biológica. Por outro lado, nem sempre se conhece a diversidade genética de determinadas espécies para se desenvolver estratégias de manejo e sua manutenção.

É justamente, neste segundo ponto, que o Laboratório de Ecologia Animal e o Laboratório de Biotecnologia Animal da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq) da USP, em Piracicaba (SP), têm trabalhado. A intenção é contribuir com o estudo da biologia, manejo e conservação de crocodilianos brasileiros.

A pesquisa envolveu seis espécies de jacarés, de vários locais do Brasil. São eles o Paleosuchus palpebrosus (jacaré-paguá), o Paleosuchus trigonatus (jacaré-coroa), o Melanosuchus niger (jacaré-açu), o Caiman crocodilus (jacaré-tinga), o Caiman yacare (jacaré-do-pantanal) e o Caiman latirostris (jacaré-de-papo-amarelo).

De acordo com a bióloga Priscilla Villela, o sequenciamento de DNA, aliado à análise de seqüências microssatélite, geraram informações capazes de evidenciar a variação contida entre os animais.

Para exemplificar, em alguns casos, a identificação das peles pode ser feita pelo padrão de manchas e pelo seu relevo. Mas em situações como na comercialização da carne, isso não é tão simples. Nessas situações, marcadores moleculares podem ser de extrema valia, pois permite a identificação não ambígua mesmo de produtos industrializados.

Para isso, foi desenvolvida uma técnica com um banco de dados com fragmentos de DNA para a identificação molecular das seis espécies brasileiras de crocodilianos.

Esta técnica, além de importante na identificação das espécies, servirá para que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Policia Federal coloquem em prática uma técnica forense, coletando na natureza, ou em um restaurante, um pedaço de carne de jacaré e, a partir dela, identifique a espécie e a sua origem.

Isso pode ajudar a combater a comercialização fraudulenta, servindo como metodologia oficial de controle da comercialização e exportação de carne e couro de jacaré no Brasil.

Além disso, diz a pesquisadora, “era preciso avaliar a variabilidade genética das populações naturais e analisar a relação entre distância geográfica e diferenciação genética para direcionar um plano de manejo para espécies”.

Os resultados contribuem para o conhecimento da estrutura genética destas populações e estes dados serão utilizados na conservação da espécie. “Se for necessária a reintrodução, será possível selecionar animais com maior variabilidade, que apresentam, por conseqüência, maior probabilidade de se manter na natureza por mais tempo. Ou seja, têm maior poder de adaptação”, acrescenta.

Fonte: http://eptv.globo.com/

Suspensão do Plano de Ordenamento do Gerês poderá chegar ao Parlamento

Os habitantes do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) estão a recolher as assinaturas necessárias para levar um pedido de suspensão da revisão do Plano de Ordenamento (PO) a discussão na Assembleia da República.

A população manifestou-se no sábado em Braga, exigindo um novo processo de revisão do documento e fez também chegar as suas exigências ao Ministério do Ambiente.

No protesto organizado pela comissão de moradores Gerês com Gente, ao qual se associaram também a Federação Nacional de Baldios e a União de Associativas de Caça e Pesca, estiveram presentes cerca de mil e quinhentas pessoas, que marcharam entre a Avenida Central e o Governo Civil de Braga, pedindo a suspensão do processo de revisão do PO. Ao protesto juntou-se o deputado do PS eleito por Braga, Ricardo Gonçalves, bem como representantes do PCP e do PSD, que mostraram sintonia com as críticas da população.

Entre a população começaram já a ser recolhidas as assinaturas necessárias ao agendamento da questão na Assembleia da República. "Se o Ministério do Ambiente não levar em conta aquilo que defendemos não teremos outra solução", afirma o dirigente da comissão de moradores, José Carlos Pires. Os habitantes do parque nacional avançam também que o próximo passo do protesto contra o PO poderá passar por uma manifestação em Lisboa, para levar a contestação até ao Governo.

Uma carta subscrita por mais de dois mil habitantes do perímetro do PNPG foi entregue ao Ministério do Ambiente, através do governo civil. No documento, a população exige o início de um novo processo de revisão do PO, que consagre o estatuto das populações locais e as envolva na discussão. "O tempo de discussão pública foi limitado e feito de forma prepotente e desajustada", acusam os moradores, que queixam que a proposta de PO "retira direitos e impõe medidas altamente lesivas para a população residente".

Na missiva, a população mostra a sua oposição ao regulamento de taxas a ser pagas ao Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade, lembrando que o Estado cobrará a terceiros pelo uso de propriedades privadas sem o consentimento dos proprietários. "Apenas sete por cento do território do PNPG é propriedade do Estado, sendo a restante propriedade privada e baldios", lembram os moradores.

Pelo mesmo motivo, a comissão diz opor-se "a qualquer tentativa de imposição de taxas" sobre as actividades da população deste território. "As populações locais já estão suficientemente penalizadas pelas restrições que lhes são impostas pelos instrumentos de gestão territorial existentes", considera José Carlos Pires.

Fonte: Publico.pt

Brasil: Onça-pintada (Panthera onca) está ameaçada na Caatinga

A região da Chapada Diamantina, Bahia, pode ficar sem onças-pintadas em um prazo de nove anos e meio. Já para a área de Bom Jesus da Lapa, no mesmo Estado, o prognóstico é ainda pior: a extinção da espécie pode ocorrer em aproximadamente três anos. Para evitar um destino trágico, é preciso proteger mais áreas e tentar conectar, por meio de corredores ecológicos (ligação entre áreas de uso menos intensivo para garantir a sobrevivência da espécie), os grupos que hoje estão isolados.

Os dados são do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), órgão ligado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente. O Cenap avalia que a onça-pintada (Panthera onca) está criticamente ameaçada na Caatinga.

A estimativa, segundo o analista ambiental do Cenap Rogerio Cunha de Paula, é que existam no bioma 356 animais, divididos em cinco áreas. Desse total, apenas cerca da metade está em idade reprodutiva (descontam-se os animais mais jovens e os muito velhos). Dessa forma, o número restante, 178, deixa a espécie em situação crítica - um dos critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês) para a classificação é haver menos de 250 animais.

Outra analista ambiental do Cenap, Beatriz Beisiegel afirma que a situação na Mata Atlântica também é extremamente grave. De acordo com ela, uma estimativa preliminar, baseada em informações de diversos pesquisadores, indica a existência de "170 indivíduos maduros" no bioma.

Ela conta que é muito difícil encontrar vestígios do animal e mais raro ainda vê-lo.

Os estudos confirmam que a população de onças-pintadas vem caindo a cada ano. Entre as ameaças tanto na Caatinga quanto na Mata Atlântica estão a alteração e a perda de hábitat, provocadas pelo desmatamento, e a falta de alimento (as chamadas presas). Na Caatinga, diz de Paula, parte da população se alimenta de tatus e porcos-do-mato e acaba ocorrendo uma competição pelas presas. Também faltam matas contínuas para garantir a sobrevivência da onça-pintada. Outro conflito é que, ao matar rebanhos, elas podem incomodar fazendeiros e serem perseguidas.

Na lista vermelha da IUCN, a onça-pintada aparece como "quase ameaçada". Pelo Ibama, ela é considerada "vulnerável". Isso porque sua situação é melhor em outros biomas e regiões. Dentro do Brasil, o quadro está mais tranquilo no Pantanal e na Amazônia. É por isso que Leandro Silveira, presidente do Instituto Onça-Pintada, defende ações regionalizadas. "Cada bioma tem um problema diferente."

A onça, explica, é uma espécie guarda-chuva. Ao fazer um esforço para sua preservação, várias outras espécies que estão no mesmo ecossistema se beneficiam. Ele acredita que o melhor é investir na Amazônia, que tem grandes áreas intocadas, para garantir a sobrevivência do animal.

De acordo com ele, o custo de tentar reestruturar a população na Mata Atlântica é proibitivo. "É caro e há o risco de não funcionar. O melhor é investir em ações onde é mais viável manter os animais", afirma. Já a Caatinga, segundo ele, precisa de investimento imediato. "Ou se faz algo agora ou é melhor esquecer", diz.

Ele cita a Serra Vermelha, no Piauí, área onde uma empresa pretende produzir carvão a partir da floresta. Uma onça já foi fotografada na área. "É o último grande pedaço de Caatinga intacto e deve mantido."

METAS E AÇÕES

No fim do ano passado, o Cenap organizou um workshop em Atibaia, interior de São Paulo, sobre a conservação da onça-pintada, em parceria com o Instituto Pró-Carnívoros e a ONG americana Panthera.

Durante o encontro foram definidas metas e modo de atuação para o Plano de Ação Nacional da Onça-Pintada. Também foi produzido um mapa das áreas prioritárias para a conservação. O material deverá ser editado até o meio deste ano.

"Uma solução para proteger a onça-pintada é trabalhar na criação de novas unidades de conservação (como parques) e de corredores de conexão entre as já existentes para permitir a comunicação entre as populações isoladas", afirma de Paula.

O Cenap luta pela criação do Parque Nacional Boqueirão da Onça, na Bahia. A área é a segunda em maior número de animais na Caatinga. E os corredores entre os parques da região são importantes para facilitar o fluxo genético entre populações, aumentando assim a chance de sobrevivência da espécie no longo prazo.

Já o presidente do Instituto Onça-Pintada tem uma ideia alternativa: pagar uma compensação para fazendeiros que perdem gado para as onças. Assim, eles deixariam de matá-las. Silveira estima que pelo menos 200 onças sejam mortas ao ano por conta desse conflito. Já foi feito um projeto-piloto de compensação por dois anos, entre 2004 e 2006, e o resultado foi positivo. "Temos de ser realistas. É uma questão prática."

Fonte: http://www.estadao.com.br/

domingo, 24 de janeiro de 2010

Açores: Derrame de Óleos na Reserva do Pinhal da Paz

A Secretaria Regional do Ambiente e do Mar dos Açores encontra-se a efectuar uma intervenção de limpeza e descontaminação do solo no caminho de acesso a Norte da Reserva Florestal de Recreio do Pinhal da Paz, na ilha de São Miguel. Os trabalhos estão também a ser acompanhados no local por uma equipa de Vigilantes da Natureza de São Miguel.

Trata-se de uma contaminação provocada pelo derrame de hidrocarbonetos, detectada pelos Serviços de Protecção da Natureza e Ambiente (SEPNA) da GNR. Mais especificamente, esta contaminação resultou de uma descarga e abandono de um conjunto de bidões contendo óleos minerais. O referido derrame já se tinha entretanto alastrado do local da deposição dos bidões até à via de circulação adjacente, a Sul.

A pronta intervenção da SRAM, através da contratualização externa de um serviço ao Departamento de Ambiente da empresa Varela & C.ª, Lda., permitirá a resolução de um grave e crescente problema ambiental. Serão efectuados trabalhos de remoção, acondicionamento, transporte e de encaminhamento para destino final adequado dos resíduos em causa. De um modo geral, os resíduos, por não serem alvo de uma adequada gestão, bem como face à sua acumulação indiscriminada, contínua e não controlada, têm consequências danosas para o ambiente e saúde humana, provocando a poluição dos solos, das águas superficiais ou subterrâneas e da atmosfera, contribuindo para o desenvolvimento e propagação de doenças. Segundo o director regional do Ambiente, Frederico Cardigos, “este trata-se de um dos mais graves casos detectados nos tempos mais recentes nos Açores e é totalmente incompreensível, até porque há soluções que permitem a entrega gratuita destes resíduos. É um caso de evidente e grave dolo ambiental que será cuidadosamente investigado.”

Os custos com a operação de limpeza ascendem a € 6.000,00. O processo de contra-ordenação será enviado à Inspecção Regional do Ambiente para apuramento dos responsáveis e aplicação das coimas correspondentes, bem como das sanções acessórias previstas na legislação.

Fonte: Portal do Governo Regional dos Açores http://azores.gov.pt/

Braga: Manifestação contra taxas no Parque Nacional da Peneda-Gerês

Contra o processo de revisão do Plano de Ordenamento do Parque Nacional Peneda-Gerês (PNPG). Foi com este mote que ontem à tarde cerca de 300 cidadãos dos concelhos de Terras de Bouro, Arcos de Valdevez e Paredes de Coura se manifestaram em Braga. O plano de ordenamento, em vias de ser aprovado, implica "taxas de passagem" a quem visita o PNPG, mas também a restrição de acesso ao parque dos próprios residentes.


"Faltou diálogo com as populações", diz Maria Teresa Fernandes, deputada do PSD e residente em Terras de Bouro, "e todos nós vivemos do turismo da região." Os concelhos em que o parque está inserido investiram nos últimos anos em turismo ligado à natureza e vêem esse investimento ameaçado se o plano de ordenamento for aprovado. "Não queremos que paguem para visitar a nossa aldeia [Soajo]", diz Manuel Costa. Apenas 7,5% da área do PNPG pertence ao Estado. "Até que ponto é que o Estado tem direito de pôr e dispor da propriedade privada?" questiona António Afonso, vereador em Terras de Bouro. Para as populações, o problema é bem real. Anair Ferreira, de 78 anos, conta que houve pessoas multadas por irem buscar lenha à serra. "Para quê, se aquilo é de todos?" Se o plano for aprovado, muitas famílias ficarão sem acesso a terras que estão nas suas famílias há várias gerações.

PARQUE NATURAL DO DOURO INTERNACIONAL SEM VIGILÂNCIA

O Parque Natural do Douro Internacional (PNDI) não tem qualquer vigilante da natureza desde Outubro, nem funcionários ou administrativos na sede, em Mogadouro.

A denúncia é feita pelo ex-director da área protegida, Domingos Amaro, que fala em decadência total. O parque já contou com dez técnicos e sete vigilantes da natureza, mas restam apenas quatro para uma área 85 mil hectares. O PNDI está ainda sem director e, durante a última época de incêndios, esteve sem qualquer viatura. Também no Parque Natural de Montesinho, em Bragança, três das seis viaturas alegadamente não circulam por falta de inspecções periódicas e de pagamento na oficina.

Fonte: Correio da Manhã

sábado, 23 de janeiro de 2010

A sexta extinção - Hugo Evangelista, Bloco de Esquerda

As Nações Unidas declararam 2010 com o Ano Internacional da Biodiversidade.

Por essa razão, a Ministra do Ambiente Dulce Pássaro já se desdobrou em entrevistas e em artigos de opinião para nos transmitir a importância "material e imaterial" da conservação da biodiversidade e do seu papel na criação de "oportunidades".

Diz Pássaro "quando em concreto se trata de fazer as difíceis opções entre outros valores, outros projectos, e a biodiversidade, aí surge facilmente a rejeição da opção de conservar".

Mas Pássaro escusa-se a enumerar as políticas com que este Governo tem defendido desde as últimas eleições e que vai continuar a defender.

Façamo-lo então.

1 - Com o Plano Nacional de Barragens, o Governo prepara-se para construir 10 barragens que irão arrasar irreversivelmente toda a biodiversidade existente tanto a montante da barragem, por alagamento, como a jusante desta, por pioria na qualidade da água e não só. Tendo em conta que este Plano não considerava os reforços das barragens de Venda Nova, Salamonde e Paradela que atingem sozinhos a meta apontada pelo Plano, ainda mais despropositado este se torna.

2 - No Parque Natural do Douro Internacional, não existe um único vigilante da Natureza, quando são necessários oito (8). Até Outubro passado havia um, em part-time. Logo ao lado, em Espanha, o Parque Natural de Arribes del Duero tem nove. O presidente do ICNB já veio dizer que os recursos neste Parque são "fracamente escassos". Ao mesmo tempo, o Ministério do Ambiente ameaça, sem ter descaramento para concretizar, que vão começar a ser cobradas taxas a partir dos 200 e 1000 euros a quem pretende usufruir dos serviços do ICNB, incluindo usufruto de Parques Naturais para actividades lúdicas.

3 - Aconteceu recentemente na Ribeira dos Milagres e acontecerá novamente. A indústria pecuária continua ilegalmente a fazer descargas da parte menos interessante do seu negócio para os rios e lençóis de água, que pertencem a todos. Com isto ficamos com 40% dos rios e albufeiras com água de má qualidade e 70% das espécies de peixe de água doce ameaçadas. O Ministério informa que vai averiguar.

4 - Os apoios do PRODER para a promoção da gestão e conservação da biodiversidade dentro das áreas agrícolas e florestais da Rede Natura 2000 estão neste momento disponíveis apenas para 1,8% da área desta rede. Estes apoios surgiram em 2007 e terminam em 2015.

5 - Apesar de se reconhecer a prioridade do alargamento da rede de áreas protegidas marinhas, das quatro áreas prioritárias identificadas em Portugal Continental, apenas uma, no início de 2010, apresenta perspectivas de se poder vir a tornar numa Zona de Protecção Especial Marinha, não estando prevista qualquer intervenção nas restantes três. O Ministério não cumpre assim com os objectivos internacionais de Malahide para 2008, nem com o compromisso assumido pelo anterior Governo para 2009, nem com os objectivos estabelecidos na Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, a qual estabelece metas firmes para a diminuição da taxa de perda de biodiversidade até 2010.

6 - Os chamados projectos com Potencial Interesse Nacional (PIN) não têm sido mais do que uma ferramenta para legitimar a "ultrapassagem de certas condicionantes ambientais". Assim, é possível construir em Parques Naturais, Rede Natura 2000, Rede Ecológica Nacional, Rede Agrícola Nacional...

Pássaro ensina-nos importantes lições.

A primeira é que o capitalismo, a necessidade de criar novas situações que permitam a acumulação de lucro, é estruturalmente incompatível com a conservação dos recursos naturais e da biodiversidade.

À Ministra, que desiste de propor e aplicar políticas concretas, resta apenas o papel de sensibilização das massas. "As próximas gerações que façam o que nós não fizemos".

O cidadão comum, que está tão "desinformado e desatento" em relação à necessidade de conservação da biodiversidade, parece estar tão ou mais informado e atento sobre este tema como os nossos empresários e Governo. Talvez devesse começar por aí a sensibilização.

Com estas políticas aproximamo-nos daquilo que já é considerada a sexta extinção em massa de espécies no nosso planeta. A quinta foi a dos dinossauros, há 65 milhões de anos atrás, e consta que não correu bem.

Na área do ambiente o Bloco de Esquerda tem estado nas lutas que importam. Esteve com os movimentos sociais na Cimeira de Copenhaga, contra o desordenamento do território, ou contra a co-incineração. Na próxima quarta-feira, dia 27, vai ser discutido na Assembleia da República o Plano Nacional de Barragens onde o Bloco apresenta a sua proposta de suspensão e revisão deste Plano.

O Bloco, sem dogmatismos nem silêncios, continuará a afirmar-se nesta área, por políticas eco-socialistas de sustentabilidade e usufruto dos recursos naturais e defesa da biodiversidade.

Hugo Evangelista, 21 de Janeiro de 2010

Fonte: Esquerda.net

Divulgação: Semana de Voluntariado em CRAS - Ria Formosa

O Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens da Ria Formosa (RIAS) procura voluntários, para a semana de 13 a 21 de Fevereiro, para ajudar a remodelação das suas instalações.

"Apesar de todos os trabalhos de remodelação efectuados em campanhas de voluntariado ao longo do último semestre de 2009, o RIAS encontra-se ainda em fase de remodelação e arranjo de estruturas. Para tal, necessita da colaboração de todos os interessados para uma semana de trabalho e convívio onde serão realizadas tarefas variadas", explicam os organizadores. As tarefas são:

- Arranjo de redes das jaulas exteriores

- Pintura de instalações

- Construção de uma bancada na área de lavagem

- Construção e colocação de poleiros e caixas abrigo

- Limpeza de vegetação das jaulas


"Durante toda a semana haverá ainda algumas actividades lúdicas paralelas, destacando-se a Festa de Carnaval (dia 16 - 2ª feira) com a temática “Fauna Autóctone” onde todos os participantes terão de se fantasiar de acordo com o tema".

A cada voluntário do RIAS garantimos alimentação e será emitido um certificado de colaboração.

Material Recomendado: roupa confortável e resistente, chapéu, protector solar, luvas de jardinagem, material para acantonamento (caso seja essa a opção): colchão, saco-cama, etc.

Material Facultativo: Alicate, martelo, serrotes, pregos, parafusos, corda, ancinho, enxadas, tesouras de poda, baldes, pincéis, etc. Este material facultativo pode ser essencial para o trabalho de todos os voluntários em simultâneo pelo que pedimos o seu empréstimo para estes dias de trabalho.

"O RIAS é o Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens da Ria Formosa e está localizado em Olhão, na Quinta do Marim. A sua gestão está a cargo da associação ALDEIA desde Outubro de 2009. O RIAS tem como principais objectivos a recuperação de animais selvagens, a investigação dos factores de risco para a sua conservação e a educação ambiental da população em geral para a importância da Biodiversidade. Funcionando como um hospital de fauna selvagem, o trabalho do RIAS consiste na recepção e tratamento de animais que são encontrados feridos ou debilitados e posterior libertação, sempre que possível, no meio natural onde pertencem".

Contactos:

Email: rias.aldeia@gmail.com

Telem: 92.765.93.13

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Se algumas espécies desaparecessem, a Humanidade terminava em poucos meses

A perda de biodiversidade tornou-se um problema muito sério no mundo moderno e, por causa da actividade do Homem, deu-se uma quebra no habitat de muitas plantas e animais que, consequentemente, não sobreviveram. A ciência é crucial para salvar os seres em risco, mas não é suficiente sem uma intervenção política em tempo útil. Por isso, para lembrar a importância da Biodiversidade e mobilizar consciências mundiais, 2010 foi escolhido para ser o Ano Internacional da Biodiversidade – lançado hoje e amanhã em Paris.

A multiplicidade de seres, existentes hoje, resulta de quarto mil milhões de anos de evolução de várias espécies e a ligação que estes mantêm entre si assenta numa regra simples: todos são necessários – e este é o princípio básico para manter a vida na Terra. Cada animal ou planta desempenha um papel que torna o sistema de funcionamento da Natureza perfeito ou, pelo menos, mantinha até o ser humano começar a ‘fazer mudanças’.

Já o biólogo O. E. Wilson, da Universidade de Harvard (EUA), dissera que os insectos são tão importantes que se viessem a desaparecer, "a humanidade provavelmente não sobreviveria para além de uns poucos meses".

A afirmação é taxativa e a explicação é simples: tendo em conta que a Biodiversidade se refere à variedade de vida no planeta Terra e às funções ecológicas executadas pelos organismos nos ecossistemas – inclui a totalidade dos recursos vivos, biológicos, e genéticos e os seus componentes –, a espécie humana depende dela para a sua sobrevivência. E não se trata apenas de uma questão de cadeia alimentar.

Por exemplo, se as aranhas desaparecessem todas ou grande parte delas, o número de insectos aumentaria e gerariam pragas – que devastariam campos de cultivo, acabando com o sustento de várias famílias, espalhando doenças que se iam multiplicando e ficávamos sem meios para travar a maior parte dos vírus que daí adviessem, já que os insectos são os maiores transmissores de patologias.

«God Save the Queen»

Para a natureza, todos os seres são úteis e têm a sua razão de ser, fazendo parte de um contexto geral no qual o próprio homem tem o seu lugar. Ainda Albert Einstein alertou: "Quando as abelhas desaparecerem da face da Terra, o homem terá apenas quatro anos de vida". O processo seria lento, mas eficaz.

Este himenóptero tem um importante papel polinizador e todo o ecossistema seria alterado sem ele. A função ecológica das abelhas é fundamental na manutenção da diversidade de espécies vegetais e para a reprodução sexual das plantas.

Durante as suas visitas às flores, estes insectos transferem o pólen de uma para outra, promovendo a chamada polinização cruzada – os grãos de pólen caem e atingem o estigma, o elemento feminino da flor, provocando a sua fecundação – e é nesse momento que ocorre a troca de gâmetas entre as plantas. Uma boa polinização garante a variabilidade genética dos vegetais e a formação de bons frutos.

As células existentes no ovário da flor desenvolvem-se, geram frutos e sementes que, germinando, fazem nascer novas plantas, garantindo a continuidade da vida vegetal. No Entanto, a sua função não se esgota aqui, porque ainda as abelhas são responsáveis pelo fornecimento de cera, geleia real, mel, pólen, própolis e seu veneno, todos produtos amplamente aproveitados como alimento natural ou finalidade medicinais preventivas e curativas.

Os EUA são a segunda potência da apicultura, a seguir à China, e a extinção deste insecto iria mexer com o sistema económico a nível global. A própria secretária da Agricultura norte-americana lembrou que "sem abelhas deixa de existir Coca-Cola". Muitos especialistas chegam a evocar o hino do Reino Unido «God Save the Queen» (Deus Salve a Rainha), referindo-se à rainha-mãe das abelhas.

Outro animal, aparentemente isolado, como o urso polar, que habita as regiões do círculo polar Árctico e territórios envolventes, nomeadamente, Canadá, Alasca, Sibéria, Gronelândia e ilhas próximas, como Svalbard (Noruega) e Wrangel (Rússia), também tem o seu contributo e a sua falta pode chegar até nós de forma devastadora.

Se estes animais desaparecessem, haveria uma superabundância de peixes nessas zonas; logo, estes, em pouco tempo deixariam de ter alimentos – a flora marinha seria desde logo afectada. As algas, por exemplo, são componentes importantes dos ecossistemas marinhos, contribuindo para elevar a biodiversidade. São plantas avasculares (possuem vasos de transporte), fotossintéticas (consumem dióxido de carbono e produzem oxigénio) e estão na base da cadeia trófica servindo de alimento a peixes, moluscos, esponjas, etc.

Um relatório divulgado pela associação internacional World Wild Fund for Nature (WWF), no ano passado, já avisava sobre o impacto das alterações climáticas sobre as espécies mais emblemáticas do planeta, e traçou um quadro assustador: "Imaginam um mundo sem elefantes na savana africana, onde os orangotangos apenas existem em cativeiro ou em que as imagens de ursos polares em cima de icebergs só persistem em filmes?".

Este é um dos animais mais ameaçados pelas alterações climáticas e está condenado a extinguir-se dentro de uns meros 75 anos. Com o degelo das calotes polares, muitos ursos têm sido encontrado afogados longe dos seus territórios naturais, vítimas do deslocamento de imensas massas de gelo que se separam com os animais em cima e que acabam por derreter, deixando-os longe de um local firme e levando-os a morrer.

Análise em Portugal

Ao longo dos últimos seis anos, mais de 70 cientistas de dez universidades portuguesas participaram na análise das condições naturais do nosso país e traçaram cenários sobre o nosso relacionamento com o meio ambiente até 2050. Tiveram em mente o bem-estar humano ao fazerem a avaliação de Portugal à mesma luz com que as Nações Unidas tinham patrocinado a ideia do levantamento a nível global.

O resultado apurado foi que 40 por cento dos rios estão em mau estado, 70 por cento das espécies de água doce estão ameaçadas, os recursos pesqueiros no oceano estão sobreexplorados e os escassos bons solos já estão afectados por “más práticas agrícolas e impermeabilização urbana". O relatório da WWF compila dados de vários relatórios científicos e, segundo este, o cenário leva consequentemente à perda de biodiversidade.

No contexto da comemoração do Ano Internacional da Biodiversidade em 2010 proposta pela Organização das Nações Unidas, o governo português decidiu criar um Comité de apoio à iniciativa, cujo objectivo é criar um conjunto de actividades comemorativas em Portugal e nos países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). O Comité Português para o Ano Internacional da Biodiversidade irá funcionar com o apoio da Comissão Nacional da UNESCO, criando parcerias com o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade.

Haverá uma série de exposições e ainda um concurso a implementar nas escolas sobre «Alterações Climáticas e a Biodiversidade», um Encontro Internacional de Jovens Cientistas do Futuro e uma acção de formação destinada a professores de Cabo Verde, entre outras iniciativas.

Pegada Ecológica

Cada ser vivo necessita de uma quantidade mínima de espaço natural produtivo para sobreviver. A Pegada Ecológica permite calcular a área de terreno produtivo necessária para sustentar o nosso estilo de vida e quanto maior for, mais recursos são consumidos e assim consequentemente, desde o tipo de alimentação, lixo produzido, energia utilizada, etc.

Segundo o Relatório Brundtland, na Pegada Ecológica está implícita a ideia de que dividimos o espaço com outros seres vivos e um compromisso geracional, isto é, “capacidade de uma geração transmitir à outra um planeta com tantos recursos como os que encontrou”. Este documento foi elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, faz parte de uma série de iniciativas, que reafirmam uma visão crítica do modelo de desenvolvimento adoptado pelos países industrializados e reproduzido pelas nações em desenvolvimento, e que ressaltam os riscos do uso excessivo dos recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas.

Existem actividades diárias simples que podem contribuir para a diminuição da nossa Pegada Ecológica, como: reciclar, utilizar aparelhos eléctricos e electrónicos de baixo consumo, reduzir o uso de sistemas de climatização, investindo em bons isolamentos na habitação, preferir produtos produzidos localmente e especialmente ecológicos, pois consomem menos combustível no seu transporte, produzindo menos emissões e contribuem para a manutenção do emprego e para o desenvolvimento da economia regional, entre outros hábitos.

Se adoptarmos comportamentos mais amigos do ambiente que, directa ou indirectamente, permitem reduzir a quantidade de recursos necessários às nossas actividades diárias, reduzir emissões de dióxido de carbono, isso poderá implicar salvar a vida de algumas espécies, além da nossa "Humanidade".

Fonte: CiênciaHoje
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=38919&op=all