31 de Julho – Dia Internacional do Vigilante da Natureza
A manutenção da integridade das Áreas Protegidas é uma função chave de qualquer plano de ordenamento, resultando numa das diferenças principais entre os Parques no papel e as áreas que realizam uma verdadeira contribuição para a conservação da natureza a nível mundial.
A efectiva protecção destas áreas exige uma organização de serviços ambientais que satisfaçam as necessidades humanas e contribuam para a melhoria das condições de vida dos residentes, oferecendo oportunidades de trabalho e proporcionando o desenvolvimento sustentável.
Dentro deste contexto, encontra-se o Vigilante da Natureza, elo de ligação com as populações e eixo central da monitorização de espécies e protector por excelência das áreas protegidas.
No desenvolvimento do seu trabalho, o Vigilante da Natureza responsabiliza-se pela integridade da área protegida, recursos naturais e culturais. Actua como o ponto de contacto entre a sua área, a sua entidade de gestão, os planificadores, os concessionários, as comunidades e os visitantes.
Os Vigilantes da Natureza actuam na chamada “fina linha verde”, esta expressão tenta transmitir a ideia de que a actuação destes profissionais está entre a frágil e sensível linha que separa a destruição das áreas protegidas da sua integridade permanente.
Estes profissionais são conhecidos e designados de diferentes maneiras pelos diversos idiomas existentes, mas todos eles desempenham as funções de guardiães dos valores naturais e culturais.
Ao longo dos anos, o papel do Vigilante da Natureza, progrediu de tal modo que começou a ser identificado como o rosto do Ministério do Ambiente no terreno.
Como guardiães dos recursos naturais e culturais, frequentemente enfrentam interesses antagónicos aos da conservação da natureza. Combatem inúmeros ilícitos praticados, correndo sérios riscos pessoais.
A nível mundial, os conflitos regionais, as guerras civis, as crises económicas, prejudicam fortemente as áreas protegidas. Apesar destas circunstâncias adversas, os Vigilantes da Natureza mantêm-se firmes nos seus postos, pagando muitas das vezes com a vida, a sua dedicação e vocação.
Enfrentando constantemente e diariamente as pressões humanas, suportando os elementos naturais, os terrenos difíceis e condições climáticas extremas. Panorama que se agrava especialmente quando se envolvem em actividades de busca e resgate, controlo de incêndios e monitorização da vida silvestre. Recordando que a maioria vive e trabalha em áreas remotas e isoladas, que não contam com os meios básicos e adequado apoio logístico, económico, político e institucional.
A denominação de “Ranger” (Vigilante da Natureza na língua inglesa) foi empregue pela primeira vez por Guilherme o Conquistador (William The Conquerer), para se referir aos Guardiães dos bosques reais. No século XIX, nos Estados Unidos da América a designação “Ranger” foi utilizada para denominar o primeiro profissional a trabalhar na protecção de um Parque. No dia 21 de Maio de 1864, Gallen Clark iniciou o seu trabalho no Parque Estatal Yosemite, na Califórnia (EUA).
A primeira referência aos Vigilantes da Natureza em Portugal é feita no Decreto-Lei nº. 550/75, que cria a Secretaria de Estado do Ambiente, onde é referido como atribuição do Serviço Nacional de Parques, Reservas e Património Paisagístico, “Criar e manter um Corpo de Vigilantes da Natureza”, (alínea j), artº.20º.).
O papel dos Vigilantes da Natureza foi reconhecido na Actividade 1.4.6 do Programa de Trabalho das Áreas Protegidas da Comissão de Biodiversidade, que estipula que as partes “devem assegurar que as áreas protegidas sejam monitorizadas e supervisionadas por funcionários que se encontrem bem formados, apropriadamente equipados e apoiados, para que possam desempenhar as suas funções fundamentais de monitorização e conservação das áreas protegidas” à qual se deve juntar a segurança de uma forma efectiva.
Texto inspirado em longas conversas mantidas com o Presidente Honorário da International Ranger Federation - Rick Smith
31 de Julho – Dia Internacional do Vigilante da Natureza