O Lobo-ibérico é a única espécie da fauna portuguesa protegida por uma lei específica desde 1988, mas nem por isso está a salvo. O último censo realizado em Portugal revela a existência de apenas 300 indivíduos em duas sub populações, uma delas extremamente ameaçada.
A lei de protecção do Lobo-ibérico fez 20 anos, mas a espécie continua em regressão no nosso país. O último censo, feito em 2003 numa parceria entre o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) e o Grupo Lobo, aponta para a existência de apenas 300 lobos.
A subespécie que habita a Península Ibérica designa-se por Canis lupus signatus e era numerosa durante o século XIX. Actualmente, estima-se que a população ibérica contabilize 2000 a 2500 animais, distribuídos pelas regiões do Centro e Norte da península ibérica. Em Portugal, a caça ilegal, a perseguição humana, a destruição e fragmentação dos habitats provocaram uma regressão até aos actuais 20% da área ocupada.
Em Portugal, actualmente, existem duas populações, uma a norte e outra a sul do rio Douro. Nas zonas montanhosas entre a serra da Arada e a região de Trancoso não existirão mais de 25 lobos. Embora esta população aparente estabilidade, parece ter-se verificado um agravamento da sua situação junto à zona de fronteira. A norte, está mais estável, porque se encontra numa área de continuidade com a grande população de lobos espanhola, sobretudo no Gerês e em Montesinho.
A legislação de 1988, que classificou a espécie como protegida e estabeleceu o pagamento de indemnizações, permitiu o abrandamento da grande redução da população que se verificou até ao final dos anos 80.
Passou a existir protecção legal, mas surgiram novas ameaças, como a fragmentação do habitat, devido à construção de estradas, à proliferação de pedreiras e recentemente ao aparecimento em grande quantidade dos parques eólicos.
Uma grande ameaça à subsistência do lobo é a escassez de alimento. Devido à redução de espécies como o corço, o javali e o veado, as suas presas naturais, o lobo começou a atacar os rebanhos, passando a ser abominado. O resultado é a perseguição, em muitos casos através da caça ilegal e da colocação de veneno.
Para estudar e minimizar o conflito com a produção pecuária, um grupo de 18 instituições europeias lançou em 2004 o Projecto Life Coex, que envolve cinco países do Sul da Europa. A área de intervenção portuguesa coincide com as áreas de distribuição do lobo a sul do rio Douro e a área central da região norte.
Um dos objectivos do projecto é o trabalho com os pastores e os caçadores. Através do Life Coex, foi possível comprar cães para dar aos pastores e instalar cercas eléctricas, outra forma de ajudar a diminuir os prejuízos, um trabalho semelhante ao que o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) realiza no Parque Natural de Montesinho.
Segundo o ICNB, são pagos anualmente cerca de 700 mil euros de prejuízos, correspondentes a cerca de 2500 ataques atribuídos ao lobo.
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