Cerca de 4500 animais selvagens vertebrados morreram num ano em 37 quilómetros de estradas entre Montemor e Évora, segundo um investigador da Universidade de Évora, que admite que a nível nacional o número atinja vários milhões.
À Lusa, António Mira, da Unidade de Biologia e Conservação da Universidade de Évora, explicou que o projecto MOVE estuda os impactes das estradas, como os efeitos de barreira e repulsa e as consequências da mortalidade nos vertebrados terrestres, como anfíbios (sapos e salamandras), répteis, aves e mamíferos.
Em 2005, em 365 dias de recolha, os investigadores detectaram 4499 animais mortos num percurso de 37 quilómetros, metade dos quais corresponde a vias secundárias, com um movimento inferior a 3500 veículos por dia.
“Se neste contexto morrem 4500 indivíduos num ano, imagine-se se quisermos extrapolar para todo o país, considerando todas as estradas. Têm de morrer vários milhões de indivíduos por ano e isto, na minha opinião, é significativo”, argumentou.
No entanto, o investigador lembrou que a área estudada, entretanto alargada, corresponde ao principal eixo terrestre entre Lisboa e o resto da Europa (que é atravessado pela A6, N4, com a N114 em paralelo) e num corredor que vai receber o comboio de alta velocidade”.
Já foi possível concluir que os anfíbios, por exemplo, desaparecem do alcatrão porque a sua pele fina se deteriora rapidamente. Muitos cadáveres servem de “alimento fácil” para predadores, cujo risco de atropelamento aumenta.
Porém, António Mira notou que aves como gralhas, pegas rabudas ou milhafres, que habitualmente se alimentam dos animais atropelados, parecem ter a capacidade de se defender, com excepção das aves juvenis. “Adoptam comportamentos que minimizam o risco de atropelamento”.
Quanto aos animais domésticos, as informações do MOVE mostram que os gatos “morrem muito”, sobretudo devido ao seu comportamento de caça a ratos e coelhos nas bermas.
Nesta altura de início do ano, devido ao cio, António Mira está convencido de que há mais mortes entre os machos dos gatos, por se movimentarem mais.
Quanto aos cães, o pico de atropelamentos, “mas sem nada de exagerado” é após o início da época da caça generalizada ao coelho e perdiz. As vítimas serão os que fogem ou que “infelizmente são abandonados por não cumprirem a função”.
Na totalidade do projecto, cujas contagens se foram espaçando, foram contabilizadas pelo menos 10 mil mortes, mas o investigador acredita que os valores cheguem aos 12 ou 13 mil animais.
O MOVE tem como um objectivo recolher informação para “minimizar os efeitos adversos na biodeversidade”.
Em Portugal, já foram tomadas medidas, principalmente em novas-autoestradas, como a A24 e a A7, utilizando vedações de malha muito estreita e passagens seguras para animais.
NO IC27 existe uma passagem inferior sobretudo dirigida a veados e javalis.
Outro objectivo é avaliar, para algumas espécies, a proporção da população que morre para determinar o impacte real dos atropelamentos na população dos animais.
Fonte: LUSA
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
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