As zonas húmidas são ecossistemas altamente ameaçados em todo o mundo. Para inverter esta situação, o dia 2 de Fevereiro foi designado como o Dia Mundial das Zonas Húmidas pelo Comité Permanente da Convenção de Ramsar, em comemoração da assinatura da Convenção sobre Zonas Húmidas em Ramsar (Irão), a 2 de Fevereiro de 1971. Este dia tem vindo a ser comemorado anualmente desde 1996 em diversos países inscritos na Convenção, e em Portugal, desde 1998. A convenção entrou em vigor em 1975 e conta actualmente com 150 países contratantes em todos os continentes.
No entanto, 12 anos depois da assinatura da convenção, ainda existe um longo caminho para preservar as 28 zonas húmidas nacionais (17 no continente e 11 nos Açores).
«Temos sempre trabalho a fazer nesta área. De qualquer modo, as pessoas já estão mais despertas para a necessidade de investir na recuperação das zonas húmidas. Mas este é um trabalho que não tem fim», reconhece Maria João Burnay, directora do Departamento de Gestão de Áreas Classificadas – Zonas Húmidas, do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB), ao AmbienteOnline.
Actualmente, avança a responsável, já todas as zonas húmidas estão dotadas de planos de ordenamento, uma das obrigações decorrentes da ratificação da "Convenção de Ramsar" por Portugal. O mesmo já não sucede em relação aos planos de gestão. Segundo a responsável do ICNB, estão em elaboração os planos de gestão do Sado, Tejo, Sapais de Castro Marim e Vila Real de Santo António. Concluído está já o plano do Paul de Arzila.
«Os planos de gestão são fundamentais para se gerir no terreno, e com os diferentes parceiros, os objectivos de conservação e desenvolvimento dessas áreas», frisa Maria João Burnay.
Estado das zonas húmidas longe do ideal
Não obstante o trabalho que tem vindo a ser feito, a situação das zonas húmidas nacionais ainda está longe de agradar. António Antunes Dias, ex-director da Reserva Natural do Estuário do Tejo, aponta mesmo, pela negativa, o estado dos estuários do Tejo e do Sado, que continuam «fortemente poluídos». As indústrias pesadas são, segundo o especialista, uma das principais responsáveis por esta situação.
E deixa o alerta: «As zonas húmidas têm de ser geridas de forma anrangente e integrada. As várias entidades que interferem nas mesmas têm de saber o que está em jogo».
ICNB assinala data
As alterações climáticas são, actualmente, outro dos maiores perigos que afectam estas áreas. Talvez por essa razão, o programa de actividades previsto pelo ICNB para celebrar o Dia Mundial das Zonas Húmidas foca a relação entre a biodiversidade nas zonas húmidas e as alterações climáticas.
Este ano as comemorações irão estender-se de 1 a 7 de Fevereiro, realizando-se um evento em cada uma das sete reservas naturais integradas no Departamento de Gestão de Áreas Classificadas Zonas Húmidas.
“Cuidemos das nossas zonas húmidas... uma resposta às alterações climáticas” é o mote escolhido em 2010 para o Dia Mundial das Zonas Húmidas pelo Comité Permanente da Convenção de Ramsar, a entidade responsável pela classificação internacional de zonas húmidas como Sítios Ramsar.
Com as várias iniciativas previstas, o ICNB pretende chamar a atenção para a importância das zonas húmidas e da sua biodiversidade para travar as alterações climáticas. Recorde-se que as zonas húmidas prestam serviços essenciais para os seres humanos, graças à sua função essencial na garantia da qualidade das águas e fonte de alimentos. Mas são ecossistemas vulneráveis às alterações climáticas, em grande parte induzidas pela actividade humana. «A utilização correcta e cuidada das zonas húmidas, conservando os seus ecossistemas e a sua biodiversidade, contribui para que estas desempenhem a suas funções tão importantes para a mitigação das alterações climáticas», salienta fonte daquele organismo.
O programa desenvolvido pelo departamento do ICNB de gestão de áreas classificadas zonas húmidas inclui visitas guiadas para observar fauna e flora e conhecer os ecossistemas das diversas zonas húmidas.
Fonte: Ambiente Online
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