A última vez que o nenúfar Nymphaea thermarum viveu na natureza foi há dois anos, no Ruanda, em África. A planta desapareceu do seu habitat natural devido à exploração humana, mas o especialista em cultivo de plantas Carlos Magdalena conseguiu que a minúscula espécie voltasse a nascer no jardim Kew Garden em Londres.
Existem 30 exemplares que nasceram desde Novembro, e já estão a dar flor e sementes. O esforço de Magdalena para reavivar a espécie roçou o trabalho de detective, já que o especialista teve que procurar pela pouca informação disponível para recriar o meio natural que permite à espécie proliferar.
A planta foi identificada há 25 anos, em 1985, no Sul do Ruanda, em Mashyuza, pelo botânico alemão Eberhard Fischer. O diâmetro do botão da flor tem um centímetro e a planta cresce entre os cinco e os 25 centímetros. As folhas da maior espécie podem alcançar um diâmetro de três metros.
No Ruanda, a planta vivia perto de uma nascente quente. Devido à sobre-exploração da nascente, as águas deixaram de alimentar os poucos metros quadrados onde a espécies existia e a planta desapareceu.
Fischer compreendeu na altura o perigo da extinção e levou algumas plantas para o jardim de Bona, na cidade alemã. Durante mais de uma década os botânicos conseguiram manter os exemplares mas não descobriram um modo de propagá-los.
Em 2009, o Kew Garden recebeu sementes e botões vegetativos do nenúfar. Desde o ano passado Carlos Magdalena tem tentado dar vida à espécie. “No início eles não pareciam responder a nenhuma das formas tradicionais com que tratamos os nenúfares, mantinham-se fracos, não se desenvolviam e acabavam por morrer”, disse o especialista em botânica, que tem uma vasta experiência em horticultura.
Carlos Magdalena tentou tudo: variações de temperatura, do pH, da profundidade na água onde colocava as sementes e nada. Até que verificou na descrição feita por Fischer que as plantas na natureza cresciam em zonas de lama no extremo da influência das águas termais, onde a temperatura já tinha descido dos 50 para os 25 graus célsius.
Recriou então este ambiente na estufa, colocando os botões vegetativos sobre uma superfície de terra barrenta rodeada por água a 25 graus e resultou. “Agora temos 30 plantas bebés saudáveis a crescer aqui no Kew e algumas já estão a produzir sementes tão cedo que podemos ter um exército destes pequenos nenúfares.”
O objectivo final será voltar a introduzir esta espécie no mundo natural quando a região for recuperada. Até lá, a planta está a salvo em Londres. A partir do dia 22 de Maio pode ser visitada no Kew Garden.
Fonte: Publico.pt
quinta-feira, 20 de maio de 2010
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