terça-feira, 29 de junho de 2010

Populações do Mali organizam brigadas de vigilância para proteger os “seus” elefantes


Os habitantes do Norte do Mali decidiram organizar brigadas de vigilância para proteger da caça ilegal os últimos elefantes que vivem na região. Além disso, os animais são seguidos por GPS.

No Gurma – que inclui as regiões de Mopti, Tombuctu e Gao – o número de elefantes não pára de diminuir. Eram 550 em 1974 e hoje são apenas 354. Só este mês morreram 21 animais por causa da seca.

Mas o maior perigo vem dos caçadores furtivos, à procura de marfim e de carne de elefante, muito apreciada nos países vizinhos.

“Assim que ouvimos o barulho de um veículo, vestimo-nos à pressa para evitar que caçadores se tentem instalar aqui para matar os nossos elefantes”, conta Ali Ag Rhissa, à entrada da sua tenda onde vive com a mulher e três filhos, em Banzena (região de Tombuctu).

“Tomamos as nossas medidas de precaução. Nesta reserva, os elefantes deixaram de ser vítimas da caça ilegal desde que nos organizámos em brigadas de vigilância. Mas nunca é demais sermos prudentes”, afirma o sub-chefe das Águas e Florestas, Bakary Kamé, de arma às costas.

De acordo com as estatísticas oficiais, a população de elefantes de Gurma é composta por 50 por cento de fêmeas adultas, 13 por cento de machos adultos, 26 por cento de juvenis e onze por cento de animais idosos. Estes elefantes são considerados os maiores de África e os únicos nómadas no mundo. Para sobreviver, procurando alimento e água, todos os anos percorrem um circuito de mil quilómetros do Norte do Mali à fronteira com o vizinho Burkina Faso.

“Para os proteger dos caçadores e para os seguir, colocámos em alguns elefantes GPS. Assim, sabemos sempre onde estão”, explica Biramou Sissoko, coordenador nacional do Projecto de Conservação e Valorização da Biodiversidade de Gurma e dos Elefantes. No âmbito deste projecto foi criado o cargo de “animador da biodiversidade”. “O nosso papel é educar, sensibilizar as populações sobre os malefícios da caça ilegal e da destruição do ambiente”, explica Amadou Boré, um dos animadores.

Para mobilizar e motivar as brigadas de vigilância, as autoridades do Mali garantem uma formação aos habitantes daquela região. Além disso, o Governo prepara-se para endurecer a legislação contra a caça ilegal.

Fonte: AFP

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