De Rio Caldo para a vila do Gerês, o trânsito não passa. Dada a proximidade das chamas, a GNR cortou os acessos. A ponte sobre o rio serve de varanda para um cenário pintado de negro que é comum a quase todo o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG). Este é um dos três incêndios que ontem atingiram aquela área protegida e que levaram a um reforço de meios de combate às chamas.
O fogo que começou na Calcedónia dirigiu-se ao final da tarde para a vila do Gerês e chegou a estar a centenas de metros de algumas habitações. O parque de campismo do Vidoeiro foi mesmo evacuado por precaução. Além deste incêndio, ao princípio da noite, mantinha-se activo o fogo que deflagrou, no sábado, em Vilarinho da Furna. E ontem foi registada mais uma ignição, na serra do Soajo.
O agravamento da situação no PNPG levou a uma intervenção do Governo, que prometeu um reforço dos meios de combate para breve. "Chegarão de madrugada três brigadas de bombeiros canarinhos e helicópteros de combate", garantiu o secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, que ao final do dia esteve reunido com responsáveis do PNPG, da Protecção Civil e da Câmara de Ponte da Barca.
A prioridade, naquele momento, era proteger as habitações em perigo e as zonas mais sensíveis do parque que continuavam ameaçadas, como a mata do Cabril, que estava quase totalmente cercada pelas chamas. Esta zona de protecção total do PNPG continuava, desde domingo, ameaçada pelo fogo que começou em Vilarinho da Furna e que se mantinha incontrolado. A frente activa estava ontem, ao final do dia, bem próxima da aldeia da Ermida, já no distrito de Viana do Castelo.
Na localidade, a população começou a temer pela proximidade das chamas e juntou-se ao combate. "O povo foi para lá tentar ajudar. Aqueles são terrenos onde o nosso gado come e houve malta que achou que era melhor ir", conta José. Metros abaixo, outro morador teme pela segurança das casas: "O fogo ainda vem longe, mas de um momento para o outro pode ficar agreste", alerta.
Lá no alto da serra, junto ao posto transmissor do Muro, os acessos são difíceis. O fogo consome matos em zonas escarpadas onde é impossível chegarem os veículos de combate e mesmo os 55 bombeiros destacados para este incêndio. Até para os meios aéreos, que fazem o grosso do combate nesta zona, há locais inacessíveis. Ontem, estiveram dois aviões Canadair a combater as chamas, um deles espanhol.
Cooperação luso-espanhola
Os fogos no PNPG foram um teste à cooperação transfronteiriça que a direcção do parque português e a da área protegida do Xurês se têm esforçado por reforçar. "Os espanhóis têm sido excelentes. Estiveram sempre connosco", afirma o director do PNPG, Lagido Domingues.
Vêem-se cabras, bois e garranos ao longo das estradas. Desceram das serras, fugindo do fogo que lhes consome as matas que lhes deviam servir de pasto. Ainda dentro do perímetro do parque nacional, foi detectado, ontem à tarde, um outro incêndio, na zona do Mezio, na serra do Soajo. Também aí, o povo das aldeias subiu a serra para tentar impedir a propagação das chamas. Ao final do dia, esse fogo dirigiu-se para a mata do Ramiscal, outra zona de protecção integral do PNPG que, em 2006, também ardeu.
Fonte: Publico.pt
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