A falta de ordenamento, o abate a espécies em vias de extinção e "erros" no calendário venatório são algumas das críticas ao sector da caça feitos por associações ambientalistas.
João Branco, da Quercus, diz que é "um contra-senso" que, no Ano Internacional da Biodiversidade, o Governo permita que se inclua a rola brava, "em vias de extinção", na lista de animais a abater.
Os exemplares desta espécie, que foi colocada na lista de perigo de extinção há cerca de um ano, têm vindo a diminuir "cerca de 30 por cento nos últimos dez anos", pelo que "devia ser retirada da lista de espécies cuja caça é permitida", defendeu João Branco.
Pela Liga de Proteção da Natureza, Ana Maria Costa disse que o calendário venatório "tem erros" e é um "mau exercício de gestão de espécies", quer na quantidade de abates permitidos quer nos períodos em que as espécies podem ser caçadas. Estas conclusões foram comunicadas à Secretaria de Estado das Florestas, que pediu pareceres aos ambientalistas para a elaboração do calendário.
João Branco acrescentou que um dos pontos negativos dos regulamentos é o facto de se poder caçar em áreas protegidas, como os parques nacionais e naturais. "Tanto se pode caçar no Gerês, como em Montesinho, como no Alvão. Em termos cinegéticos, as áreas protegidas são iguais às outras. Acabam por não proteger absolutamente nada", lamentou. "Isto é anacrónico. Numa área protegida, as pessoas esperam ao menos ver um coelho ou dois. No Alvão, não se vê um único, é tudo extinto em época de caça."
João Branco ressalvou que a Quercus "não tem nada contra a caça, mas sim contra algum tipo de caça feito a algumas espécies". Além da rola brava, também o galeirão, a galinha-de-água e o pato-trombeteiro, que "nem servem para comer", são outras espécies que a Quercus entende que não devem ser caçadas. "Povoam as zonas húmidas, onde hoje em dia tem mais importância o turismo comum do que a caça. Não é nada agradável passar férias nas dunas de Mira e andar lá pessoal aos tiros no dia 22 de Agosto." Quanto a vantagens da caça referidas por associações do sector no domínio ambiental, como a limpeza de matas e caminhos e a prevenção de fogos florestais, João Branco reconhece que "na prática não acontece nada".
Fonte: LUSA
domingo, 15 de agosto de 2010
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