Bernardo Martins, deputado do grupo parlamentar socialista, considera que esta é uma “catástrofe ecológica” para a Madeira e lembrou que o fogo deixou as serras desprotegidas e aumentou o risco de aluviões.
O partido defende que, “dada a diversificação de opiniões” relacionadas com este problema, “é necessário fazer um amplo e sério debate sobre esta situação”.
O PS-M vai requerer que sejam ouvidos na 5ª comissão da especialidade do parlamento madeirense o secretário regional dos Assuntos Sociais, os responsáveis pelo serviço regional de Protecção Civil e Bombeiros e das estruturas dos bombeiros no arquipélago e o director das Florestas.
Avaliar a catástrofe provocada pelos incêndios florestais e os recursos humanos e materiais disponíveis e necessários para o seu combate e apreciar medidas preventivas a adoptar no futuro para evitar estes problemas foram os objectivos apontados por Bernardo Martins para a iniciativa parlamentar.
Hoje, apenas os concelhos do Funchal e de Santa Cruz mantém bombeiros a operar nas zonas florestais afectadas.
Os incêndios do fim-de-semana terão consumido cerca de seis mil hectares de mato e floresta, 950 dos quais eram do Parque Ecológico do Funchal (92 por cento da sua área).
Críticas à prevenção e pedido de plano de Ordenamento Florestal
O Bloco de Esquerda anunciou ontem que apresentará em Outubro, no reinício dos trabalhos do parlamento madeirense, a proposta de criação de um Plano de Ordenamento Florestal para combater o surgimento de incêndios nestas áreas.
A iniciativa foi apresentada pelo deputado Roberto Almada, após percorrer várias zonas ardidas pelos incêndios. “A realidade é negra e desoladora nas serras e perdeu-se uma parte da identidade da região”, comentou.
Roberto Almada mencionou que esta “catástrofe”, que acontece no Ano Internacional da Biodiversidade, deve contribuir para uma “reflexão sobre o futuro da floresta que constitui uma fonte de riqueza ambiental, económica e social” do arquipélago.
Defendeu ser importante encontrar novos modelos para a reflorestação e sustentação da floresta, pessoas e bens, dado o tipo de orografia da ilha e a ocorrência de catástrofes ser crescente.
“Mas reflorestar não é só plantar árvores, é preciso um plano regional de ordenamento florestal que dê primazia a espécies endémicas e de mais difícil combustão”, sustentou.
Construir caminhos “corta-fogo” e acessibilidades, envolver a sociedade neste projecto e apetrechar a Protecção Civil e bombeiros com meios terrestres e aéreos para lidarem com as situações serão aspectos incluídos na proposta de diploma.
O BE protagoniza ainda que deve ser feita uma aposta na limpeza das matas durante a primavera recorrendo a guardas florestais, Exército, presidiários e voluntários e incrementada a vigilância das áreas de maior valor ambiental nos meses de maior susceptibilidade à propagação de fogos.
Também a CDU, pela voz do líder do partido na Madeira, Edgar Silva, criticou a falta de prevenção. O responsável criticou esta semana o Governo Regional por ter “cancelado” um concurso público internacional para a vídeo-vigilância da floresta.
O também deputado à Assembleia Legislativa da Madeira, que falava em conferência de imprensa, lembrou que “em Agosto de 2006, foi publicado no Jornal Oficial da Região a abertura desse concurso público, que previa, entre outras medidas de prevenção de fogos, a vídeo vigilância das serras.
“Acontece que, em Dezembro desse ano, o referido concurso foi cancelado, sem razão aparente”, afirmou.
Edgar Silva disse ainda que as sete torres de vigia florestal, implantadas na década de 90, estão “hoje votadas ao abandono”.
Por seu lado, o vereador do CDS/PP/ da Madeira na Câmara Municipal do Funchal, Lino Abreu, considera “impossível” que a cidade do Funchal e o seu Parque Ecológico “não tenham plano de prevenção contra incêndios”. Em conferência de imprensa, o autarca disse que “há necessidade de mais prevenção, designadamente, com planos de prevenção específicos, mediante a formação de um grupo de trabalho que seja composto por elementos especialistas na matéria”. “Sabemos todos que a ‘Mãe Natureza’ teve um papel importante em tudo o que sucedeu, mas havia necessidade de mais rigor” na gestão da floresta, frisou.
Fonte: LUSA
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