segunda-feira, 11 de junho de 2012

UICN: Aves da Amazónia estão cada vez mais ameaçadas


     Perto de 100 espécies de aves da Amazónia estão em maior risco de extinção do que se supunha, segundo a mais recente actualização da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
“Tínhamos subestimado o risco de extinção a que muitas espécies de aves da Amazónia estão sujeitas ", diz o Leon Bennun, director de Política, Ciência e Informação da BirdLife Internacional, a organização não-governamental responsável pelas projecções com base nas quais foi actualizada a Lista Vermelha no que toca às aves. "No entanto, dado o enfraquecimento recente da legislação florestal brasileira, a situação pode ser ainda pior do que estudos recentes têm previsto", acrescenta Bennun, referindo-se ao polémico Código Florestal, aprovado no mês passado e que tem sido criticado por ambientalistas.

Nas estatísticas da BirdLife em 2012, estão identificadas 10.064 espécies de aves, das quais 130 já se encontram extintas e 1313 estão em risco de extinção.

A actualização de 2012 resulta de uma revisão abrangente, realizada a cada quatro anos. Algumas espécies passaram de estatutos mais baixos de ameaça para o mais alto - “criticamente em perigo”.

Além dos trópicos, há notícias preocupantes também no Norte da Europa, onde um milhão de patos-rabilongos (Clangula hyemalis) desapareceram nos últimos 20 anos, elevando o seu estatuto de risco para a categoria de “vulnerável”.

"Esses números são assustadores. Temos certeza de que as aves não se moveram para outro local, sendo que os números representam uma quebra real da população", diz Andy Symes, Diretor do Programa Global de Espécies da BirdLife. "A natureza generalizada do declínio aponta para que esteja provavelmente relacionado com alterações ambientais em grande parte do Árctico e regiões sub-árcticas onde esta espécie nidifica ", completa Symes.

No entanto, nem tudo são más notícias, nas Ilhas Cook, no Pacífico, a sustentada recuperação de uma das aves mais raras do mundo – da espécie Pomarea dimidiata –, levou a que a sua população aumentasse dez vezes, embora seja de apenas 380 indivíduos.

"Tais sucessos mostram as recuperações notáveis que são possíveis quando o esforço e dedicação de ambientalistas e comunidades locais são apoiados por políticos e comunidades, com recursos adequados", diz Stuart Butchart, coordenador da BirdLife Global Research.

Em Portugal, o priolo (Pyrrhula murina), uma espécie limitada à floresta laurissilva do Nordeste da Ilha de S. Miguel, melhorou recentemente o seu estatuto de ameaça - de "criticamente em perigo" para “em perigo” – na actualização de 2010. Os trabalhos liderados pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves na conservação da espécie levaram a uma duplicação da população. Os mesmos resultados ainda não foram alcançados, porém, no que toca na pardela-do-mediterrâneo (Puffinus mauretanicus).

Fonte: Público/ Fábio Monteiro

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