A restauração do Parque Nacional da Gorongosa é hoje um projecto emblemático para a conservação da natureza em África, depois de ter sido destruído durante a guerra civil em Moçambique.
As fronteiras deste parque foram recentemente modificadas, por forma a integrarem o monte adjacente da Gorongosa. Um alargamento fundamental, não apenas pela riqueza e singularidade da biodiversidade aqui presente, mas também pelo serviço de regulação dos fluxos hidrológicos que a montanha presta em toda a extensão do parque. Ainda assim, a pressão humana tem conduzido à sua rápida desflorestação, em especial nos últimos 15 anos. Está em curso um programa de reflorestação que é um notável trabalho de cooperação entre cientistas e populações locais e vai contar com investigadores portugueses.
A restauração do Parque Nacional da Gorongosa é hoje um projecto emblemático para a conservação da natureza em África, depois de ter sido quase completamente destruído durante a guerra civil em Moçambique. Há alguns anos que acompanho com entusiasmo este esforço de recuperação. Recordo-me, aliás, de ter invocado a importância deste projecto, quando o Governo português preparava a Cimeira da Terra, realizada em 2002, na África do Sul. Quando se discutiam as propostas que Portugal levaria a este evento, defendi então que deveríamos apresentar uma proposta de colaboração nacional no projecto de recuperação do Parque Nacional da Gorongosa.
Este é um claro exemplo de como a utopia de um homem se pode tornar realidade. Dirão alguns que a sua disponibilidade financeira facilitou, mas importa reconhecer que foi sobretudo a visão, o empenho, a dedicação e a persistência deste americano, para quem o português já é uma segunda língua. Com o esforço de mobilização das entidades e autoridades moçambicanas, das populações residentes, dos antigos funcionários do parque, de muitos conservacionistas atentos a este parque de excepção no continente africano foi possível construir um projecto que servirá de exemplo em África e no resto do mundo.
No domínio da conservação da natureza, é evidente que há muito trabalho a fazer em Portugal, mas África continua a ser uma colaboração inadiável.
Texto de Helena Freitas publicado no Jornal Público
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