A Liga para a Protecção da Natureza (LPN) manifestou hoje uma “profunda preocupação” com a situação actual dos incêndios no país. As “lições não aprendidas de 2003” estão a ser repetidas, lamenta.
“Após três anos de relativa acalmia, as condições meteorológicas põem de novo a descoberto as muitas fragilidades que continuam na prevenção e no combate aos incêndios”, refere a associação, em comunicado, sublinhando que estas fragilidades foram identificadas no livro “Incêndios Florestais - 5 anos após 2003”, produzido pela LPN em 2008.
“Deste então muito pouco mudou e quase nenhuma das críticas feitas na altura foi tida em conta”, acrescenta a LPN, criticando as acções de vigilância, detecção e fiscalização de ignições, bem como as acções de prevenção e de combate a incêndios.
“Continua a não haver uma actuação eficaz e dissuasora das autoridades”, sublinha, apontando como exemplos o “lançamento de foguetes durante as festas de Verão (apesar de estritamente proibidos por lei), as fogueiras e fogareiros em zonas lúdicas sem condições legais e as queimadas”.
Quando à prevenção, a associação lamenta os “fortes constrangimentos” que impedem que os proprietários sejam responsabilizados pelos “problemas que causam ao bem comum devido à má gestão ou à falta de gestão das suas propriedades”.
A associação critica ainda a gestão do Fundo Florestal Permanente, “originalmente criado para ser aplicado na floresta”, mas que “está hoje completamente desvirtuado, sendo em grande parte utilizado para pagamento de técnicos dos gabinetes técnicos municipais”.
A LPN alerta para os perigos da “política assumida de encorajamento à produção de matéria-prima para pasta para papel”, que conduziu ao predomínio do eucalipto, “uma espécie com grande inflamabilidade e capacidade para causar focos secundários, dificultando assim o combate”.
No que se refere ao combate a incêndios, a LPN reconhece a existência de “mais meios humanos e materiais, maior coordenação e maior qualificação das forças no terreno” desde 2003, mas aponta “problemas de coordenação” e lamenta que a acção no terreno se mantenha “dependente de uma esmagadora maioria de voluntários, sendo urgente apostar na profissionalização”.
A LPN saúda ainda o “esforço e abnegação das pessoas que se encontram no terreno a combater as chamas, em particular aos que perderam a vida em cumprimento dessa missão” e espera que “as lições deste Verão sejam devidamente aprendidas, de modo a introduzir as melhorias necessárias num sistema que evoluiu positivamente desde 2003 mas que está ainda muito longe dos padrões que encontramos noutros países”.
Fonte: LUSA
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
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