Os fogos que continuam a fustigar Portugal estão a atingir duramente as áreas de paisagem protegida e os parques naturais. Segundo o Sistema Europeu de Informação de Fogos (EFFIS), só este mês, já foram consumidos pelas chamas 18 784 hectares de área de parques naturais, quase tanto como em todo o pior ano de fogos: 2005.
A Liga da Protecção da Natureza (LPN) denuncia a falta de estratégia e alerta para o desaparecimento da mata mais protegida do País. No terreno, os fogos não dão tréguas e obrigaram à contratação de mais meios aéreos. A violência das chamas levou mesmo o ministro da Administração Interna a reforçar o dispositivo com a contratação de mais dois helicópteros pesados. Ontem à noite, 33 grandes fogos continuavam a queimar o Norte e Centro do País.
Na serra da Estrela continua sem controlo o incêndio que lavra no Parque Natural e que afecta Seia, São Romão, Senhora do Desterro, onde está uma valiosa mata de Sabugueiro. Os bombeiros do concelho de Seia não têm mãos a medir. As várias ocorrências, quase em simultâneo, as dificuldades do terreno, os ventos fortes, a falta de meios terrestres e aéreos e as várias frentes de fogo são factores que condicionam a eficácia dos bombeiros exaustos.
No Gerês, o panorama não é melhor. Os fogos obrigaram à evacuação de uma centena de pessoas na aldeia de Vilar de Soente, no concelho de Arcos de Valdevez (ver texto ao lado). O fogo constitui uma das três frentes que lavram na área do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Em Viana do Castelo, ardiam três incêndios e, no distrito de Braga, ainda havia chamas no concelho de Terras de Bouro.
Todos são incêndios em parques naturais, onde nos últimos dias as chamas consumiram 18 697 hectares, revelam os dados recolhidos pelo satélite EFFIS. Um número que quase atinge os 20 mil hectares registados no pior ano de fogos, 2005.
Mas, segundo o Instituto de Conservação da Natureza (ICN), tinham ardido, até ao final da primeira semana de Agosto 1140 hectares. O ICN não respondeu ao DN, mas à Lusa o vice-presidente, Carlos Figueiredo, sustentou que na maioria tratou-se de áreas de "matos e herbáceas, sem grande dano para as áreas prioritárias de conservação da natureza".
Uma afirmação que a LPN classifica de "desresponsabilizadora". A presidente da Liga, Alexandra Cunha, lembra que "têm ardido áreas fundamentais para a conservação e preservação da natureza". E aponta a mata do Cabril, no Gerês, que está a arder há vários dias, como exemplo da "falta de estratégia" do ICN. E critica a "maior frequência de fogos nas áreas protegidas, que estão a destruir um património único".
Em Agosto, a serra da Estrela, com 9036 hectares, é o parque mais fustigado. Segue-se a Peneda-Gerês com 5537, o Alvão com 3251 e o Douro Internacional com 960.
A PJ deteve ontem dois homens por suspeita de terem ateado fogos em Chaves e Estarreja, elevando para 12 o número de incendiários detidos desde o início do ano. E anunciou um reforço das equipas que investigam este crime.
Fonte: Diário de Notícias
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