segunda-feira, 7 de maio de 2012

Prémio BES Biodiversidade vai para o PNM, recuperação do Lobo-marinho


   O regresso do lobo-marinho

   

    É a única foca portuguesa e o sucesso da sua recuperação valeu ao Parque Natural da Madeira o Prémio BES Biodiversidade

    O lobo-marinho é a foca mais rara do mundo e encontra-se entre as espécies mais ameaçadas de extinção, sendo a única existente em Portugal. Quando os portugueses chegaram à Madeira há mais de 500 anos, começou a entrar em declínio devido à caça e à pesca, de tal modo que no século XX a população ficou reduzida a oito indivíduos nas Ilhas Desertas.
Foi um alerta para o Parque Natural da Madeira (PNM) que resolveu lançar um projeto de longo prazo para recuperar e conservar a espécie. "Demos os primeiros passos em 1988, quando percebemos que o lobo-marinho estava em declínio acelerado", conta o diretor do PNM, Paulo Oliveira. "Apostámos na proteção do habitat e na criação da Reserva Natural das Ilhas Desertas, com a construção de infraestruturas de apoio e um sistema de vigilância permanente, onde mantemos três vigilantes em turnos de 15 dias, com rendições asseguradas pela Marinha Portuguesa".
Os resultados estão à vista: a população de lobos-marinhos passou de oito para 40 indivíduos. Foi o sucesso deste projeto - denominado "Lobo-marinho - uma espécie em recuperação na Madeira" - que levou o PNM a ganhar a quinta edição do Prémio BES Biodiversidade, uma iniciativa do BES em parceria com o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) da Universidade do Porto e o Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB).
Apesar do sucesso, os biólogos são cautelosos e continuam a considerar a espécie ameaçada, porque existem apenas 300 indivíduos em todo o mundo e a população existente na Madeira é a única que está a crescer. Há fatores que explicam o que aconteceu, e outros ainda em análise, mas a diminuição das pressões da atividade piscatória deu certamente uma ajuda preciosa à recuperação da foca portuguesa.

Técnicas não intrusivas


Em todo o caso, há um conjunto de técnicas não intrusivas inovadoras utilizadas pelo PNM "que mais tarde serviram de base às metodologias usadas por instituições de países europeus e africanos na conservação do lobo-marinho no Mediterrâneo e no Atlântico", revela Paulo Oliveira. São técnicas baseadas na forte proteção do habitat, no seguimento da população à distância em postos de observação, na fotoidentificação à distância e no reconhecimento das grutas usadas pelo lobo-marinho para se reproduzir e descansar, de modo a definir o tipo de proteção.
Há também um fator-chave para o êxito do projeto: o envolvimento da população da Madeira - nomeadamente das comunidades piscatórias e das escolas - "que passou a adotar o lobo-marinho quase como a sua mascote", constata o diretor do Parque Natural.
Além disso, as empresas de turismo marítimo, as marinas e as praias com bandeira azul têm fichas de registo para a identificação da espécie sempre que é avistada, que depois são enviadas para o PNM. Os biólogos suspeitam que o lobo-marinho se esteja a expandir para a própria ilha da Madeira, precisamente devido aos avistamentos registados nos últimos anos.
Com os 75 mil euros do prémio, a equipa liderada por Paulo Oliveira pretende melhorar o sistema de monitorização da população de lobos-marinhos e aumentar a cooperação internacional, nomeadamente com o grupo de cientistas espanhóis que está a trabalhar na Mauritânia.

Fonte: Expresso

0 comentários:

Enviar um comentário