Conclusões
XIX Encontro Nacional
de Vigilantes da Natureza
XIII Jornadas Técnicas
Dia Nacional do
Vigilante da Natureza - 2 de Fevereiro
O XIX Encontro Nacional de
Vigilantes da Natureza - XIII Jornadas Técnicas, subordinado ao tema
“Conservação da Natureza e Sociedade Civil” realizou-se no Parque Natural do
Douro Internacional (Mogadouro e Miranda do Douro).
O evento reuniu cento e vinte participantes
oriundos de Portugal e Espanha. Em termos de caraterização profissional, a
grande maioria dos participantes foi constituída por Vigilantes da Natureza, Agentes
Forestales y Medioambientales, Técnicos Superiores e Assistentes Técnicos do
ICNF, estando também representados outras grupos profissionais, como
professores, alunos, empresários e membros de associações culturais e de defesa
do ambiente.
O
ensejo da realização deste evento foi confirmado e mesmo superado, como todos
os que estiveram presentes puderam comprovar, não só pela qualidade das
apresentações e pelo debate gerado, mas também pelo clima consensual obtido em
volta do grande desígnio deste Encontro/Jornadas Técnicas - A Conservação da
Natureza.
Fazer conclusões de um Encontro/Jornadas
Técnicas tão singular é uma tarefa que se assume com humildade. Assim, adotamos
um formato de listagem de necessidades e de recomendações que acreditamos serem
o maior contributo deste evento para o debate sobre a Conservação da Natureza e
Sociedade Civil:
Com este evento a Associação
Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza pretendeu proporcionar um fórum
de discussão e de convívio para aqueles que se dedicam a Conservação da
Natureza.
O tema escolhido: “Conservação da
Natureza e Sociedade Civil” deve-se à convicção de que a mobilização da
sociedade civil pode impedir políticas desacertadas.
Este evento pretendeu assegurar a
informação, sensibilização e participação do público, bem como mobilizar e
incentivar a sociedade civil.
O papel da Sociedade Civil é
essencial para proteger e valorizar a conservação da natureza, para informar e
sensibilizar a população para a defesa dos valores naturais rumo a um futuro
mais sustentável.
Os desafios da Conservação da
Natureza e da Biodiversidade não têm certamente como único ator o Estado,
deve-se implementar o princípio da participação, promovendo a informação e a
intervenção dos cidadãos e das suas associações representativas na discussão da
política e na realização de ações para a conservação da natureza e para a
utilização sustentável dos recursos biológicos.
As matérias relacionadas com a
Conservação da Natureza devem fazer parte integrante de todos os currículos
educativos e não como elemento marginal ou externo ao sistema educativo. Deve
ser integrado como uma das áreas curriculares essenciais da Educação.
Constata-se o sucesso na escola virada
para os valores e uma educação cultural de qualidade, que se norteia por
modelos de educação/ensino-aprendizagem baseados no questionamento crítico e na
reconstrução do conhecimento. Daí a defesa de uma presença dominante de
práticas pedagógicas conducentes a uma receção crítica e transformadora.
Foi reconhecida e reafirmada a
necessidade da valorização das entidades estatais e civis que desempenham um
papel importante na Conservação da Natureza, salientando-se o seu potencial
para o desenvolvimento sustentável do nosso País. Ficou comprovada a
importância da partilha de conhecimentos, saberes, competências e domínios de
técnicas.
Comprovou-se a necessidade de
envolver toda a sociedade na Conservação da Natureza elevando-a a uma questão
de cidadania, apostando na educação e na comunicação.
É urgente promover a valorização
das áreas protegidas e assegurar a conservação do seu património natural,
cultural e social.
A gestão de territórios com
estatuto de áreas classificadas para a conservação da natureza deverão ter em
atenção o uso que o homem fez da terra, quer no passado, quer no presente e qual
o impacte atual ou previsível no futuro e quais os meios necessários para se
obter um bom uso do espaço.
Uma gestão eficaz garante uma boa
comunicação entre a administração de um sítio, a população que nele vive, e
todos os interesses económicos e tutelas políticas que nele ocorrem.
As entidades gestoras de áreas
classificadas deverão ter sempre presente de que sem a população do seu lado,
qualquer tentativa de propor, criar e implementar um plano de gestão será um
esforço inútil, os gestores terão de ter disponibilidade e abertura suficientes
para interagir constantemente com as populações abrangidas, porque sem Pessoas
não há Conservação da Natureza.
A conservação
da Fauna e Flora Silvestres deve assumir uma avaliação de critérios e
prioridades, não limitar-se ao simples objetivo de evitar as extinções.
A conservação de espécies deve ser uma prática horizontal, na generalidade
do território e não apenas nas Áreas Protegidos, e deve incluir, para avançar adequadamente,
a proteção e gestão das espécies prioritárias e a correção de fatores de
ameaça.
As regiões autónomas devem continuar a dedicar especial atenção à
proteção de espécies endémicas.
Destaca-se
o extraordinário esforço que vêm fazendo investigadores, técnicos e Vigilantes
da Natureza na busca de indicadores biológicos úteis tanto na gestão dos ecossistemas
e recursos naturais, como na avaliação do seu estado de conservação.
Reconhece-se
o trabalho das associações e grupos de defesa da natureza na proteção dos ecossistemas
e na recuperação de espécies ameaçadas.
Manter
as paisagens tradicionais resulta de grande importância para a conservação da
biodiversidade, os gestores do território devem procurar e aplicar medidas efetivas
para a manutenção das economias locais que mantenham os usos compatíveis com a conservação
do património natural e cultural.
É necessário
proteger as populações de espécies singulares, pelo seu interesse científico e
patrimonial, executando-se uma adequada gestão podem ser utilizadas como um
recurso ecoturístico e educativo.
As áreas como a do turismo de
natureza, da agricultura biológica e dos produtos agro-pecuários com
certificação de origem, podem contribuir para a valorização socioeconómica do
património natural nacional.
Os percursos pedestres
sinalizados constituem ferramentas úteis para a conservação do património, no
entanto para que assumam essa finalidade necessitam obrigatoriamente de
planeamento, ordenamento e de controlo. Se for considerada a capacidade de
carga do trajeto, e se o seu desenvolvimento se processar de uma forma ordenada
e equilibrada, os impactes ambientais serão minimizados.
O pedestrianismo pode constituir
um bom complemento no desenvolvimento das diversas modalidades de oferta de
turismo, tornando-a mais diversificada, o que permite a retenção dos turistas
por maiores períodos de tempo.
Os representantes dos partidos políticos e
sindicais consideram que os cidadãos têm o direito de exigir ao poder político
que proporcione aos Vigilantes da Natureza condições que lhes permitam proteger
de forma eficaz o meio ambiente.
Pretendeu-se aprofundar as
relações luso-espanholas em matéria de conservação da natureza e da
biodiversidade, de Vigilância, Fiscalização e Monitorização Ambiental.
Foram destacadas as insuficiências
estruturais, insuficiências organizacionais, défice de recursos humanos e
défice de equipamento que afetam o Corpo Nacional de Vigilantes da Natureza.
Não programar o futuro, em termos
de Vigilância, Fiscalização e Monitorização será sem dúvida considerado pelas
gerações vindouras como uma grande irresponsabilidade.
Enquanto se promovem iniciativas
que pretendem dinamizar uma economia mais verde, desinveste-se nos Vigilantes
da Natureza, profissionais que têm fortes responsabilidades na proteção dos
valores naturais.
A indefinição atual para a
profissão, a ausência de linhas orientadoras para o futuro, o número reduzido
de profissionais, com o risco real de vir a diminuir por não existir uma
reestruturação da carreira que permita a continuação de quem obteve um grau
académico superior, e as frágeis condições de trabalho, perturbam o nosso
desempenho.
O Dia Nacional do Vigilante da
Natureza é uma data que serve para reforçar a importância da missão destes
valorosos profissionais e alertar a população para a importância da defesa e
conservação da Natureza.
A nossa missão principal é
preservar a Natureza, mas não menos importante é transmitir às populações que
esta função só terá sucesso se estiverem do nosso lado.
Os Vigilantes da Natureza,
profissionais que têm uma função meritória no que respeita à protecção do
património natural, têm a obrigação de assegurar funções de vigilância,
fiscalização e monitorização relativas ao ambiente e recursos naturais, no
âmbito do domínio hídrico, património natural e conservação da natureza.
Para desempenhar as tarefas que nos
estão confiadas exige-se uma grande capacidade de concertação estratégica e de
identificação de objectivos.
A ambição de uma maior
valorização dos recursos naturais e uma maior preocupação pela proteção da
qualidade do meio ambiente motiva a necessidade de melhorar os níveis de
funcionamento da vigilância, da fiscalização e da monitorização.
Os Vigilantes da Natureza são sem
qualquer tipo de dúvida um pilar fundamental não só para a Conservação da
Natureza, mas também para o desenvolvimento sustentável das regiões,
principalmente no âmbito ecológico, económico e social.
Com o seu contributo rompeu-se
com o anterior paradigma de gestão das áreas protegidas onde se defendia a ideia
de isolamento dos locais a proteger e de interdição às atividades humanas.
Com a sua ação e cooperação com
as populações, estas sentem-se mais próximas do património natural e cultural,
sendo cada vez mais evidente o seu papel como agentes educadores da sociedade.
A Associação Monte Pico de São
Tomé e Príncipe convidou a Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes na
Natureza a estabelecer um Memorando de Parceria entre as duas Associações. A
Associação Monte Pico foi formalmente criada em 1996 como uma iniciativa de
alguns trabalhadores assalariados do Projeto ECOFAC, um Programa financiado
pela União Europeia, para apoio aos Ecossistemas Florestais da África Central,
e que abrange 8 países desta sub-região. É uma associação laica que foi
inicialmente constituída por dezassete Guardas e Vigilantes da Natureza
formados por esse projeto e que atualmente é já uma Organização Não
Governamental (ONG) formada por mais de cinco dezenas de membros efetivos. É
hoje uma reconhecida entidade ativa nas ilhas de São Tomé e Príncipe e num
futuro próximo, o trabalho de todos os nossos associados irá sem dúvida
traduzir o enriquecimento proporcionado por este intercâmbio.
Portugal e Espanha partilham o
território da Península Ibérica, que constitui uma unidade cultural e natural
de que muito nos orgulhamos e para a qual, no contexto do exercício das nossas
competências, temos especiais responsabilidades em matéria de ambiente.
O aproveitamento recíproco da
vantagem representada pelo facto de já não existir uma fronteira, dado que
deste modo é indubitável que uma única unidade territorial tem mais facilidades
para empreender acções conjuntas.
Estas ações poderão ser
potenciadas num cenário de integração de recursos, pelo que pretendemos que os
profissionais da Conservação da Natureza de Portugal e Espanha trabalhem numa
estratégia comum para a preservação da Natureza e da Biodiversidade.
É nosso desejo que a aproximação
ambiental e cultural das zonas transfronteiriças seja uma realidade, com a
criação de um espaço ambiental e cultural comum e com o aumento da cooperação
no âmbito da proteção do ambiente.
A biodiversidade é uma das
grandes preocupações das comunidades ibéricas estando a proteção e conservação
da sua fauna e flora salvaguardada por legislação nacional e internacional.
Para que essa prioridade
ambiental seja alcançada torna-se necessária a criação de um meio eficaz de
cooperação que permita a troca de informações entre os Vigilantes da Natureza e
os Agentes Forestales e Medioambientales.
A capacidade e interesse
demonstrados por Vigilantes da Natureza e Agentes Forestales e Medioambientales
na obtenção de dados biológicos e ecológicos de qualidade e o âmbito em que se
desenrola a sua atividade laboral diária tornam-nos elementos fundamentais a
ter em conta na concretização de planos de vigilância e seguimento das espécies
ameaçadas.
Na área da Conservação da
Natureza e da Biodiversidade, é urgente concretizar esforços e sinergias que
visem a conservação de espécies extremamente ameaçadas, tais como o Lince, o
Lobo, a Foca-monge, a Águia-real e muitas outras.
Para que tal objectivo seja
concretizado tem que existir um compromisso relativo à recuperação dos
Habitats, ao fomento das suas presas e a uma eficaz Vigilância e Fiscalização,
condições essenciais para o restabelecimento das espécies.
A profissão de Vigilante da
Natureza e de Agente Forestal y Medioambiental são carreiras de futuro, tendo
como meta a salvaguarda do nosso património natural, cabe aos Estados terem
essa noção.
Recomenda-se à Autoridade
Nacional da Conservação da Natureza e Biodiversidade uma maior intervenção e
que estabeleça um espaço de divulgação de boas práticas, de intercâmbio de
experiências, de conhecimento, de formação e de diálogo entre a administração
central e local, instituições de ensino e associações que desempenhem funções
na área da conservação da natureza.
Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza
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